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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural


No início dos anos 1970 a ditadura militar estava a pleno vapor. Sob o pretexto da manutenção da ordem e do progresso o poder autoritário limitava os direitos políticos, amordaçava a opinião pública e reprimia a liberdade de expressão. Campanhas nacionalistas ufanistas varriam o território nacional exaltando uma política desenvolvimentista (milagre econômico).

O Brasil deixava de ser um país de economia preponderantemente ruralista para ingressar irreversivelmente numa economia  de cunho industrial. Para sustentar o acelerado crescimento havia um preço a pagar: a degradação do ambiente natural.

Neste sentido a política desenvolvimentista foi impiedosa como o meio ambiente. Em poucos anos os rios foram envenenados por agrotóxicos, resíduos domésticos e industriais. A poluição do ar se tornou constante nos grandes centros urbanos. O desatino era tanto, que a poluição era vista como um mal necessário, sem o qual não era possível o desenvolvimento.

Diante deste quadro caótico, os problemas ambientais ficaram cada vez mais visíveis, a ponto de um grupo de naturistas de Porto Alegre unir forças para sair em defesa da natureza ameaçada. Nascia assim, no dia 27 de abril de 1971, a AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. Entre os fundadores da entidade estavam Augusto Carneiro, Hilda Zimermann, Flávio Lewgoi e José Lutzenberger.
poavive.wordpress.com
Apesar das nobres intenções o grupo foi taxado pelos militares como subversivo. Uma denominação perigosa naqueles anos de chumbo. Mas, isso não esmoreceu os pioneiros da AGAPAN. Nos anos seguintes eles enfrentaram o poder constituído empreendendo importantes lutas na defesa do meio ambiente.

Devido ao combate ao corte de árvores nas zonas urbanas, políticas públicas ambientais foram adotadas e, Porto Alegre se tornou numa das capitais mais arborizadas no país. O parque/reserva de Itapuã não seria uma realidade sem os esforços do bravo José Lutzemberger, que lutou contra as pedreiras clandestinas, que transfiguravam aquele belíssimo cenário natural. Sem falar nas ações contra a devastação das florestas, queimadas, uso indiscriminado do solo, poluição do ar e cursos d’água.

Parque de Itapuã - portoimagem.com

Outra luta importante para a cidade, nos primeiros tempos, foi àquela desenvolvida contra a fábrica de celulose Borregard, que empesteava a cidade com um fétido odor, pois havia sido instalada sem filtros.

poavive.wordpress.com

Em 1973, um membro da entidade, o estudante Carlos Dayrell, conseguiria barrar o corte de árvores na Avenida João Pessoa, subindo num tipuana e impedindo o corte de uma série de árvores.
Dayrell em ação - Correio do Povo

Em 17 de agosto de 1988, os membros da associação, Guilherme Dornelles, Gert Schinke, Gerson Buss e Sydnai Sommer, escalaram os124 metros da chaminé da Usina do Gasômetro, para colocar uma faixa de 25 metros de comprimento em protesto contra a execução de um projeto que colocaria a Usina do Gasômetro no chão. Hoje em dia é impossível pensar em Porto Alegre sem a Usina do Gasômetro. A cidade deve isto à AGAPAN, que soube mobilizar a sociedade.
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ultimosegundo.ig.com.br
Este blogueiro é amigo pessoal de dois dos quatro que subiram na chaminé da Usina. Guilherme Dornelles foi meu vizinho e companheiro de atividades sociais etílicas; Gert Schinke, trabalhou com Vitor, meu irmão, na tesouraria do PT  em 1989 e deu de presente para Vitor o capacete usado naquele momento épico. Guardamos com carinho este objeto, que hoje faz parte da história da nossa cidade.

No alto com um braço estendido Gert
Guilherme agachado ao centro com capacete usado na escalada
portoimagem.com
capacete preservado - Leonel Braz

Sede AGAPAN antes - agapan.blogspot.com

Em razão da sua trajetória, a sorrateira demolição da sede da AGAPAN, no dia 06 de junho de 2011, em circunstâncias ainda não esclarecidas, foi um ato deplorável que atingiu não só a entidade, como também toda a comunidade porto-alegrense e história do movimento ambientalista brasileiro, que teve seu início ligado aos primórdios da entidade. Diante destes fatos a sociedade não pode ficar omissa!
Sede AGAPAN depois - agapan.blogspot.com

No ano em que completou 40 anos de existência, a AGAPAN, sofreu um duro e violento golpe. Porém, seus integrantes prometem reerguer a sede destruída. Faça parte dessa história, associando-se à entidade, através do e-mail: comunicação@agapan.org.br.

A AGAPAN precisa de você!


“Nossas maiores homenagens aos fundadores da AGAPAN, que corajosamente enfrentaram a ditadura militar para defender a natureza e boa qualidade de vida.”


 

terça-feira, 22 de março de 2011

22 de março dia Mundial da Água


No dia Mundial da Água reapresentamos a proposta de um Museu das Águas para Porto Alegre

1. Justificativa

A água é uma substância essencial e indispensável para todos os seres vivos e para todas as atividades da sociedade humana. Como componente do ambiente natural da Terra, tem um papel fundamental no equilíbrio ecológico e na preservação das condições ambientais que permitem a nosso planeta gerar e manter a vida como a conhecemos.

A quantidade de água existente no planeta não se altera ao longo dos tempos, mas sua presença não é uniforme:

- espacialmente, oscila entre a abundância excessiva nas zonas mais úmidas e a extrema escassez nas regiões áridas e desérticas;

- temporalmente, em uma mesma região varia, com maior ou menor regularidade, das épocas secas, chegando a fortes estiagens de maior ou menor duração até os períodos de chuvas, mais ou menos intensas, prolongados ou breves.

Desde a revolução industrial, aumentaram em intensidade e em diversidade os usos da água para as atividades humanas e, em decorrência disso, a disponibilidade desse importante recurso natural deixou de ser considerada como ilimitada, tanto localmente quanto em âmbito planetário. Em outras palavras, a água não é um recurso inesgotável. O aumento e a simultaneidade de usos fizeram com que a sociedade fosse confrontada como a realidade da escassez, seja presente ou futura, seja em âmbito mais localizado ou mais amplo. Para determinados usos, entre eles os mais nobres como o abastecimento humano ou a dessedentação animal, a escassez pode-se produzir em termos de quantidade (quando o consumo torna-se maior do que a disponibilidade) ou de qualidade (quando alguns usos produzem alterações de qualidade que impedem o aproveitamento para outros usos).

As questões relacionadas com a disponibilidade limitada da água frente a usos cada vez mais diversificados e crescentes é um tema que vai se tornando prioritário na pauta dos governos e da opinião pública de todo o mundo. Tanto em escala mundial quanto no âmbito das nações, demandam-se políticas públicas que estabeleçam uma gestão pública das águas.

A gestão pública deve ser enfocada na proteção (conservação, recuperação e preservação) dos recursos hídricos e na racionalização e compatibilização dos usos múltiplos desses recursos e concretiza-se em leis, sistemas institucionais e instrumentos gerenciais.

No cerne da política pública para a proteção e o melhor uso das águas está o processo de educação e de conscientização dos cidadãos,

Um museu das águas pode contribuir para a concretização dos objetivos da gestão das águas, na medida em que pode ser importante instrumento de educação e conscientização com todos seus componentes: informação, comunicação, divulgação, participação, entre outras funções culturais.

2. Conceito geral

O museu terá como tema a água, bem ambiental limitado, essencial para a vida e para o desenvolvimento social, suas manifestações na natureza, suas características físicas, os usos múltiplos e simultâneos atuais e ao longo da história e a gestão pública dos recursos hídricos.

3. Proposta básica

O Museu das Águas constituir-se-á de três Eixos:

- Eixo Educativo – em que o tema será desenvolvido em seus diversos aspectos sob forma de modelos reduzidos e maquetes (por exemplo, uma bacia hidrográfica, uma estação de tratamento de água, um sistema de irrigação, uma estação de tratamento de efluentes industriais, uma barragem para geração de energia etc), jogos, instrumentos audiovisuais, programações com escolas, cursos, seminários etc.

- Eixo Histórico – onde serão preservados artefatos e documentos relacionados com a história da água e de seus usos (utensílios de diversas culturas relacionados com os usos da água e dos corpos hídricos, peças e maquinismos com valor histórico referentes a tecnologias, serviços e instituições, documentos, fotos, vídeos ou filmes e outros registros históricos)

- Eixo Artístico – espaço para receber obras produzidas por artistas nos mais variados formatos, suportes, propostas e concepções, enfocando o tema do Museu em seus diferentes aspectos; assim como fomentar a produção dessas obras através de concursos, cursos, oficinas etc. Os espaços expositivos servirão para a apresentação tanto de um acervo a ser constituido quanto para mostras temporárias, oportunizando, inclusive a permuta com entidades similares.

- Os eixos (ou módulos) descritos acima não deverão ser estanques, mas dinamicamente interligados e integrados. Deverá haver a previsão de um espaço comum (midioteca) que abrigue elementos escritos (livros, revistas, cartazes etc), audiovisuais (fotografias, filmes, vídeos, bancos de dados) e sonoros (gravações), aberto ao acesso individual ou coletivo, seja por fruição ou para pesquisas científicas ou educacionais.

4. Museu como Centro de Referência

Em sintonia com a tendência museológica contemporânea de fazer dessas instituições organismos dinâmicos e atuantes, o Museu das Águas deve ser um verdadeiro centro de referência para a conscientização das questões relacionadas com a proteção das águas e a mobilização dos cidadãos. Deve articular-se com outras instituições com finalidade similar, proporcionando oportunidades de pesquisa documental e promovendo conjuntamente eventos educativos, culturais e recreacionais vinculados ao tema central.

Acesse: http://museudasaguasdeportoalegre.wordpress.com/

5. Museus das Águas no Mundo

Em outros países foram criados museus temáticos voltados à água ou que se ocupam com a questão ambiental, de forma mais ampla, onde aparece também a água. A seguir elencamos alguns exemplos de museus existentes.

- Lisboa, Portugal – Museu da Água da EPAL- (http://museudaagua.epal.pt)

- Arnhem, Holanda - o Netherlands Water Museum – (http://www.watermuseum.nl)

- New York, USA – New York Museum of Water – (http://www.nymw.org)

- São Petersburgo, Rússia – (http://www.saint-petersburg.com/museums/museum-water.asp)

- Perugia, Itália – Museo delle Acque de Perugia, (http://www.perugianotizie.blogspot.com)

- Rovigo (Veneto), Itália – Museu delle acque CrespinoItália – (HTTP://www.sistemimuseali.sns.it/content).

- Emilia Romagna, Itália – Ecomuseo delle Acque di Ridracoli – (http://www.riminibeach.it/visitare/ecomuseo-ridracoli)

- Londres, Inglaterra – o Kew Bridge Steam Museum – (http://www.kbsm.org).

- Sierra de Grazalema, Espanha-Ecomuseo del Agua de Benamahoma– (museosdeandalucia.com/losmuseos/ca/Benamahoma)

- Murcia, Espanha -Museo de la Ciência y del Água da Murcia – (murciadailyphoto.blogspot.com/2009_11_01_archive.html)

- Em Buenos Aires, Argentina – (o Palácio de las Águas Corrientes) – (http://www.aysa.com.ar/index.php?id_seccion=189)

- Blumenau, Brasil – (www.radarsul.com.br/blumenau/museu-agua.asp)

-Cuibá, Brasil – Museu-do-morro-da-caixa-dagua-velha – (cuiaba.wordpress.com/…/morro-da-caixa-dagua-velha)

- Piracicaba, Brasil – (www.semaepiracicaba.org.br/site/…/museu-da-agua)
 

sábado, 10 de julho de 2010

MORRO SANTA TEREZA - FIQUE POR DENTRO



Passado

Segundo o historiador, Eduardo Bueno, a cerca de 400 anos atrás, o Morro Santa Tereza, Porto Alegre, foi ocupado pela população mais antiga que se tem notícia nesta região: a tribo dos índios Arachanes. Descritos como grandes aventureiros, exímios pescadores, estes índios também eram conhecidos pela utilização de centenas plantas e ervas curativas.

Fator estratégico para a segurança da tribo, os 148 metros de elevação do Morro Santa Tereza ofereceram ao nosso povo ancestral o supremo privilégio de poder contemplar 360º de uma natureza exuberante e selvagem; sem qualquer interferência produzida pelas mãos do homem branco. O tempo passou... Eles desapareceram quase sem deixar vestígios e junto com eles se perderam os costumes, crenças e todo o precioso conhecimento sobre as plantas e ervas, adquiridos ao longo do tempo. Uma importante cultura foi inteiramente apagada da face da terra.


Por mais incrível que isto possa parecer, uma pequena parte do território dos Arachanes resistiu ao tempo, aos efeitos da poluição, avanço da urbanização e especulação imobiliária. Estudos realizados pela Fundação Zoobotânica apontam que atualmente nos 74 hectares do Morro Santa Tereza, que pertencem à FASE (Fundação de Atendimento Sócio – Educativo), existem 11 nascentes de água, matas nativas e campos rasteiros praticamente intocados. Um ecossistema representativo da nossa terra antes do desenvolvimento (?).

A denominação “Morro Santa Tereza” se deve a Dom Pedro II, que em 1845 adquiriu as terras do morro, no então Arraial do Menino Deus, mandando ali construir o Colégio Santa Tereza para abrigar moçoilas órfãs. O nome escolhido foi uma homenagem a sua esposa Tereza de Bourbon. Outro acontecimento fantástico é que ainda existem no local, vestígios da construção original do colégio.

Presente

Por ser uma área que pertence ao governo do Estado, a área da FASE apresenta índices de ocupação mínimos. Encontrando-se no seu entorno ainda algumas casas e prédios de classe média regularizados. Mas, na grande maioria da área periférica da FASE podem ser vistas aglomerações populacionais. São vilas instaladas de maneira irregular, algumas famílias construíram suas moradias no local há mais de 40 anos. Não se tem uma contagem oficial desta população; mas estima-se que morem ao redor da FASE 1,5 mil famílias.

Estas famílias estão distribuídas em 7 vilas, são elas: Vila Gaúcha, União Santa Tereza, Santa Rita, Barracão, Ecológica, Figueira e Vila Padre Cacique. Todas elas contam com associações de moradores possuidoras de alto grau de organização e interatividade. Bem como, as lideranças são extremamente atuantes e carismáticas.




Apesar dos esforços de ambientalistas, ONGs, de alguns políticos, foi através da mobilização das associações de moradores do Morro Santa Tereza, que a cidade de fato abriu os olhos para a tentativa de venda repentina e acelerada da área FASE. Ante a ameaça da perda de seus lares as comunidades do entorno se uniram e saíram às ruas para protestar várias vezes. Pressionaram e compareceram em peso nas três votações do PL 388. Votações nas quais a bancada parlamentar de Yeda tentou forjar uma lei para a venda daquele precioso patrimônio público por preço aviltante.

Ao longo das três semanas de votação, irregularidades e inconsistências ligadas ao projeto de venda foram sendo conhecidas pela opinião pública. Entre elas destacamos as seguintes:

- A avaliação feita por empresa terceirizada, do valor de CR$79.376.000,00 por 74 hectares em zona nobre da cidade, sendo que apenas os DOIS hectares do antigo Estádio dos Eucaliptos, estão avaliados em R$20.000.000,00 (semelhante ao caso da arena do Grêmio, em que uma área do Estado no valor de R$ 35.000.000,00, foi trocada por outra no valor de R$ 3.000.000,00). Tais fatos têm o condão de sugerir que estes negócios são manobras deslavadas em favor da especulação imobiliária;

- A empresa contratada não pertence ao setor imobiliário, da engenharia, da arquitetura ou agrimensura. Sua atividade fim está ligada a sinalização de aeroportos (?) e à alimentação (?). Sua contratação foi feita em 2006, sem licitação pública;

- Alardeada a venda como forma de patrocinar a “descentralização da FASE”, sobre o assunto propriamente dito, “descentralização”, não foi apresentada nenhuma linha. Circularam apenas as plantas para construção de uma nova unidade e a boa intenção (?) do governo em rever a situação pedagógica dos internos da FASE;

- Segundo alguns deputados estaduais, a descentralização poderia ser feita com recursos oriundos da venda de ações do BANRISUL, que rendeu aproximadamente R$ 1 bilhão de reais aos cofres públicos;

- O projeto de lei para a venda do Morro não ofereceu garantias quanto à proteção das matas nativas,vertentes e sítios históricos;

- Também, não apresentou garantias relativas à manutenção e regularização das moradias existentes no entorno da área a ser vendida.

Futuro

Afastada (temporariamente) a possibilidade da venda do terreno da FASE, com a retirada pelo governo do pedido de urgência para a votação do PL 388. Não deve a sociedade baixar a guarda. Mesmo diante das declarações públicas do governo que se sucederam, de desistência da venda e de interesse na criação de um parque público no terreno da FASE. Pois, como sabemos a moralidade e o cumprimento de promessas de campanha eleitoral não fazem parte do cotidiano de nossos políticos.


Também, deve-se insistir junto ao município, que este regularize os lotes de moradores que não ofereçam risco de morte aos moradores, que não estejam dentro de áreas valor histórico/paisagístico ou de proteção ambiental permanente. Bem como, se proceda mais rápido possível, o cadastramento de moradores para evitar o inchaço da população no entorno do futuro parque.


O Parque do Morro Santa Tereza pode ser considerado como a maior novidade em termos urbanísticos das últimas décadas para a cidade de Porto Alegre. Por isso, a sociedade deve emanter-se vigilante e deve exigir do governo que cumpra sua promessa de transformar efetivamente os 74 hectares da FASE, no Morro Santa Tereza, num belíssimo parque público.



sexta-feira, 18 de junho de 2010

Arena do Grêmio e Cais do Porto - Atrocidades Urbanísticas




No Brasil de hoje o “Interesse Público” definitivamente deixou nortear as ações de nossos governantes. Obcecados pelo lucro fácil e a sustentabilidade no poder, eles deixam de servir ao povo que os conduziu ao poder para atender os interesses das camadas mais abastadas da sociedade.

Em Porto Alegre, coisa não é diferente. Avessos às necessidades da sociedade o governo do estado e do município projetam obras faraônicas para a posteridade sem antes resolver os problemas da realidade. Usando dinheiro público e a copa do mundo de 2014 como desculpa as negociatas vem se sucedendo numa velocidade jamais vista.

Vejam-se alguns aspectos no caso da Arena do Grêmio:

1. A área negociada para construção do estádio havia sido doada de maneira formal ao Círculo Operário, há 50 anos atrás. Sem qualquer argumentação jurídica plausível esta doação foi ignorada;

2. De forma sintética o negócio se deu nos seguintes termos: O governo do Estado trocou a área para construção do Estádio, no bairro Humaitá, por outra situada na Estrada Costa Gama, zona sul da cidade, de propriedade dos empreendedores. A área do Humaitá foi avaliada em R$ 35 milhões de reais; já a área da zona sul em R$ 3 milhões de reais. Um desfalque no patrimônio público de R$ 32 milhões de reais feito na cara dura;


Campos de várzea serão engolidos pelo concreto  
 Foto - Eduíno Mattos

3. O projeto prejudica a mobilidade urbana. O entroncamento Free Way/Farrapos com BR 116, na entrada principal da cidade, atinge momentos críticos com paralisação total de fluxo nos horários de Pico. Em dias de jogos importantes, a circulação de 70 mil pessoas no bairro Humaitá causará um verdadeiro pandemônio na entrada ou saída da cidade.

4. Duas escolas e um CTG, além dos últimos campos de várzea estão sendo expulsos do local onde será construído o estádio;
Escola Santo Inácio será demolida e ainda não tem destinação definitiva  
Foto - Eduíno Mattos

5. Para construção do estádio será concedida a isenção de impostos. Isenção implica em abrir mão de arrecadação de impostos. Imposto é dinheiro do povo. Este dinheiro vem do suor do trabalhador;

6. Existem outros aspectos ligados ao torcedor gremista, que antes tinha orgulho de assistir seu time na sua pró pria casa. E agora passará a torcer na casa de baianos. Pois, a construtora da arena será a única dona do estádio durante 20 anos. Esta empresa pertence à família do falecido Antonio Carlos Magalhães (Toninho Malvadeza), cuja saga dispensa qualquer comentário. Todos os sócios, inclusive os sócios patrimoniais, terão que pagar ingresso.
7. Prédios de até 72 metros projetados para as imediações do estádio, podem comprometer a segurança do tráfego do aeroporto Salgado Filho e vizinhança.

Imagem H. Wittler - Desenho Tânio J. Faillace


Cais Mauá - Centro - Porto Alegre

                   Porto sob a ameaça da especulação imobiliária predatória
                                                  
O Cais Mauá, centro da capital gaúcha, também não está livre das atrocidades urbanísticas e negociatas. O projeto de revitalização do cais alardeado como a salvação do centro da cidade, tem como obras principais a construção de torres de 100 metros de altura próximas à rodoviária e a construção de um apart hotel e um shopping Center nas imediações da Usina do Gasômetro.

Com poucos investimentos o Cais pode se consolidar como um centro permanente de eventos 

O objetivo neste caso é bastante explicito, o projeto tem por escopo a privatização da orla pública. O governo do estado quer entregar aos empresários o melhor ponto do centro da cidade. Pois, se quisesse realmente melhorar o centro da cidade pensaria em sanar os problemas do calçamento irregular,  da segurança dos transeuntes, sobretaxaria os imóveis desocupados, promoveria incentivo à restauração dos prédios antigos, recuperaria as praças públicas e ofereceria tratamento humanitário aos moradores de rua.

"  Não são prédios isolados no cais que devolverão a importância perdida e a dignidade ao centro da cidade." 

                                      Justino chaplin e um novo fã

Inconveniências do Projeto de Revitalização do Cais Mauá proposto pelo governo do estado:

1. O projeto causa impacto negativo na mobilidade urbana. A Avenida Mauá e Avenida Castelo Branco são vias notoriamente saturadas; qualquer projeto sem alternativas viárias causará estagnação completa do trânsito de veículos no centro da cidade. Estima-se que os dois projetos implicarão no aumento de 5.000 veículos a mais no centro da cidade;

2. Para construção do shopping e hotel um dos galpões será demolido. Logo, além da descaracterização do conjunto arquitetônico, haverá perda irreparável de patrimônio público histórico;

3. O projeto não contempla a situação dos prédios abandonados na Avenida Mauá. Local onde tranquilamente poderia se desenvolver a hotelaria e prédios voltados à prestação de serviços;

4. O projeto tenta privatizar patrimônio cultural brasileiro. Vejamos o que diz a nossa constituição:

“Art. 226. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem;

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.


                               Sul e Norte em perfeita sintonia cultural

Para terminar o assunto do cais, citamos o exemplo da Feira Rural Brasil Contemporâneo. Esta feira comprovou que o Cais Mauá pode vir a se tornar um atrativo cultural para a cidade; sem qualquer obra faraônica, que implique em descaracterização do conjunto arquitetônico, poluição do visual ou privatização da orla pública.







terça-feira, 30 de março de 2010

Nossas Corujas Vão Bem - Obrigado!


No dia em que instalamos as placas para proteger "as corujas-buaraqueiras" em Tramandaí (postagem 04 de fevereiro), apareceu uma senhora moradora próxima às tocas. Receosa elas nos revelou o temor de que nossa atitude poderia surtir efeito contrário aumentando a hostilidade contra as corujinhas.
Explicamos a ela, que havíamos flagrado vandalismo em algumas tocas. Ela argumentou que as placas poderiam chamar ainda mais a atenção dos vândalos. Dissemos que não iríamos desistir. Era melhor fazer alguma coisa do que simplesmente cruzar os braços a assistir impassivelmente ao massacre.

No entanto, em respeito à senhora, sugerimos que ela recolhesse as placas se notasse que o vandalismo havia aumentado. Registramos a instalação. Ficaram nas nossas cabeças algumas interrogações: As placas ajudarão as corujas? Tiazinha vai respeitar nosso trabalho? O material empregado  resistirá às intempéries?

Ao longo do verão fomos monitorando o efeito das placas através de familiares que visitavam Tramandaí. As notícias chegadas eram invariavelmente positivas. Ou seja, as pessoas paravam para fotografar as corujas e respeitosamente mantinham a distância. As corujas, por vezes se exibiam pousando nas placas. E ao longo da temporada de veraneio as placas se mantiveram lá firmes.

Nos sentimos recompensados com as notícias, faltando apenas após o veraneio ir a Tramandaí para conferir o resultado do trabalho de proteção às corujinhas.

Passado dois meses e meio, das sete placas instaladas somente uma havia sido destruída por vândalos. Era a que tinha a nossa assinatura: PAM – Porto Alegre em Movimento. De certo pensaram que éramos da prefeitura de POA. Quanto ao lixo este só aumentou. Estamos estudando a possibilidade de produzirmos novas placas em substituição das atuais com a programação de um mutirão para limpeza das dunas, já que a prefeitura não está cumprindo com essa obrigação.

Quanto às corujinhas: Estas vão muito bem! Tivemos a oportunidade de fazer contato visual com algumas delas. Enquanto as  fotografávamos, alguns passantes pararam para fazer comentários sobre as avezinhas e tecer elogios às placas de proteção colocadas. Em razão da modéstia que nos é peculiar não revelamos sermos os autores das placas. Mas, que foi bom pro ego... Ah, isso foi!

Na praia de Tramandaí também existem outras tocas de coruja que se situam em locais muito movimentados. Nestes locais devido à visibilidade a Prefeitura local dispensou tratamento diferente. Placas caríssimas guarnecem as tocas, cercas de tela foram levantadas. Muito justo e elogiável.

Mas, as corujinhas as quais dedicamos nossos cuidados não gozam da mesma iniciativa. Como já dissemos, há muito lixo próximo as tocas. Bem que a prefeitura poderia prestar mais a atenção nelas e providenciar a limpeza do local. Seríamos os primeiros a elogiar a atitude.


Outra coisa nos encheu de alegria quando visitamos novamente as toca das corujas. Percebemos que uma das placas havia se partido e algum voluntário providenciou um reparo. Escorou um sarrafo na nossa placa com e colocou uma pedra por trás para mantê-la em pé. Foi bom saber que nossa atitude contagiou alguém que efetivamente que tomou uma atitude concreta em defesa da natureza.


Esperamos que as nossas palavras e imagens cheguem até Prefeitura de Tramandaí e que ela através de seus órgãos competentes tome as providências necessárias e indipensáveis à proteção das nossas corujinhas. Ficaremos de olho e se isso não acontecer tomaremos nós mesmos as providências.

"Para nós a ecologia é mais do que uma figura de retórica. É uma prática que deve ser exercida diariamente!"

segunda-feira, 8 de março de 2010

Debate - Guaíba Rio ou Lago



Este texto foi enviado para alguns mestres da UFRGS

De: PAM – Porto Alegre em Movimento
Para: Professor ...
Assunto: Debate – Guaíba Rio ou Lago

O porto-alegrense consciente sabe que a classificação do Guaíba tem menor importância do que a efetiva gestão dos recursos naturais deste imenso curso d água. No entanto, ambas as teses (rio ou lago) quando apresentadas em separado, e dentro dos rigores científicos, tem o condão de provocar reações diversas na população.


O debate “Guaíba - rio ou lago?”, não se trata uma mera polêmica por que tem haver com a própria identidade da nossa cidade. Existindo a possibilidade de equivalência de conceitos, a população deve ser chamada para democraticamente escolher a opção conceitual que mais lhe parecer convincente. Se ao longo deste processo uma das teses se fragilizar, acreditamos que a população acolherá a tese mais sólida, sem a necessidade da consulta popular.
Mas, para alcançarmos este estágio, ambas as teses devem ser necessariamente confrontadas, através de debates sérios fundamentados sob o ponto de vista da ciência, que devem necessariamente se espraiar por toda sociedade porto-alegrense.


Um evento desta natureza é uma oportunidade de ouro para a comunidade universitária. Pois, o debate pode servir como instrumento de divulgação das pesquisas elaboradas pelos diversos departamentos acadêmicos envolvidos, possibilitando maior interação entre eles e volatizando as trocas de experiências.  Também, fortalece a instuição devolvendo a ela o status de centro pensante da nossa sociedade.

Lembramos que o debate aproxima a comunidade universitária dos trabalhos de pesquisas realizados, por conseguinte estimula a formação de um senso crítico-racional e propicia o surgimento de novos interessados no assunto, nossos futuros cientistas.


Também, acreditamos que o ponto inicial desta jornada de conhecimento deve ser a Universidade, em especial a Universidade Federal do Rio Grande do Sul por sua relevância no meio acadêmico científico nacional.
Portanto, gostaríamos de saber:

1. Sob a luz dos vossos conhecimentos científicos, como Vossa Senhoria classifica o Guaíba?
2. Estaria disposto a participar de um debate universitário sobre o tema: “Guaíba – rio ou lago”?

PAMPorto Alegre em Movimento é uma Organização Não Governamental, apartidária, voltada à defesa da Cidadania e às questões ambientais de nossa cidade.

Obs.: O presente e-mail trata-se de um pré-contato para sabermos da disposição do corpo docente em aderir à idéia do debate. Referente à formatação e regras deverão ser discutidas em conjunto com todos os envolvidos no evento.

Desde já, somos gratos pela atenção dispensada,
PAM – Porto Alegre em Movimento.


As fotos desta postagem são atuais e comprovam: - O Guaíba ainda está vivo.

Rio ou Lago - Salvem o Guaíba!

terça-feira, 2 de março de 2010

MOVIMENTO EM DEFESA DA ORLA DO GUAÍBA NO FORUM SOCIAL MUNDIAL




O “Movimento em Defesa da Orla do Guaíba” é um movimento surgido durante as manifestações de repúdio ao Projeto Pontal do Estaleiro, que pretendia lotear o Pontal do Mello com construções habitacionais de luxo. Bem como, nos eventos contrários à construção de espigões junto ao Cais Mauá, com a conseqüente descaracterização deste conjunto arquitetônico histórico.
conjunto arquitetônico  secular ameaçado pela especulação imobiliária

O movimento é formado por representantes de entidades civis e cidadãos comuns, que passaram se encontrar periodicamente na câmara de vereadores para protestar contra o avanço da especulação imobiliária patrocinada pela indústria da construção civil e pelas bancadas de vereadores defensores do concreto em detrimento da boa qualidade de vida do cidadão porto-alegrense.
protestos na câmara marcam o surgimento do Movimento
(Assim como Kassab/São Paulo e Arruda/Brasília; nosso prefeito e as bancadas do concreto, em Porto Alegre, têm na indústria da construção civil sua grande fonte financiadora de campanhas eleitorais. E correspondem a este apoio monetário, aprovando projetos que beneficiam exclusivamente o empresariado e as classes privilegiadas. Inclusive podem ser vistos sendo orientandos por lobbystas no parlamento municipal, tendo em vista  o parco conhecimento técnico de alguns edis, que são mestres do oportunismo e apedeutas quando o assunto é a administração da cidade.)

Lobbysta instrui verador durante votação

Deste convívio democrático, surgiu o consenso de que o bem mais precioso da cidade de Porto alegre, o nosso Guaíba, padece de ameaças constantes pela ausência do Estado no trato das questões ambientais e pela especulação imobiliária que quer privatizar bens notoriamente de uso comum, no caso em questão a orla do Guaíba.

Também, firmou-se a idéia de que não bastavam apenas protestos. E que diante da incompetência da grande parcela da nossa vereança nos assuntos ambientais era preciso dar um passo adiante, apresentando uma proposta urbanística concreta e viável para orla do nosso amado Guaíba.

A partir do convite da artista plástica, Zorávia Bettiol, um grupo de cidadãos porto-alegrenses passou a se reunir com a finalidade específica de discutir os temas ligados à orla. E coletivamente elaborar um “Projeto Urbanístico para Orla do Guaíba”. Um trabalho inédito feito por cidadãos para cidadãos. Uma alternativa ecologicamente correta, tendo em vista a inépcia e o comprometimento dos políticos e gestores públicos com seus financiadores de campanha, os empresários da construção civil.
as reuniões do movimento acontecem no Instituto dos Arquitetos do Brasil

Um projeto urbanístico para a orla do Guaíba não é uma tarefa fácil. É um trabalho multidisciplinar complexo e detalhista. O que segue abaixo são alguns apontamentos colhidos durante as reuniões preliminares do Movimento de defesa da Orla do Guaíba.

Relativo à área do Pontal do Estaleiro chegaram notícias de que o pagamento do preço de arremate em leilão está incompleto. Com relação à política urbana em Porto Alegre, foi dito que as atitudes do poder público extrapolam os limites da decência. E que por trás de um discurso pseudo-desenvolvimentista, lideranças políticas e empresariais cometem verdadeiras atrocidades contra a cidade, aponto de torná-la inviável sob o ponto de vista da mobilidade urbana, da qualidade do ar e águas do Guaíba. Uma espécie de vale tudo urbanístico no qual o lucro fácil e especulativo está acima das necessidades e do direito do cidadão ao ambiente ecologicamente qualificado.

Justino Chaplin esteve presente nas votações do Plano Diretor

Sem justificativas técnicas consistentes nosso parlamento municipal vem aprovando leis que andam na contramão da historia atual, que clama por atitudes efetivas em favor do meio ambiente para diminuição do aquecimento global. Leis dirigidas e orientadas pelo poder econômico para satisfação exclusiva de suas necessidades.


A elaboração de um plano urbanístico só pode ser feito sob uma plataforma técnica multidisciplinar. Ou seja, requer um grupo de profissionais nas mais variadas áreas do saber. O grupo já conta com a colaboração de profissionais renomados, tais como: arquitetos, biólogos, advogados e ambientalistas. Mas, isso não é a garantia para o sucesso da empreitada. Um trabalho desta monta envolve custos elevados e tempo disponível por parte dos profissionais envolvidos. Além disso, um projeto urbanístico para orla do Guaíba, não pode se restringir às margens circunscritas ao Município de Porto Alegre. Deve abranger toda extensão de margens e afluentes tributários do Guaíba.

Durante as discussões sobre o projeto urbanístico, foi sugerido por Zorávia Bettiol, a criação de um Museu das Águas, no prédio de um antigo frigorífico localizado no Cais do Porto Mauá. Um museu interativo, que desenvolva o tema da “água” nas suas diversas nuances e que se não restrinja somente aos aspectos físico-químicos da água. Tendo a água como fundo, o museu deverá discorrer temas como a importância histórica e influência do rio na formação da cidade, construção da sociedade, economia, artes e cultura regional.


Movimento em Defesa da Orla- Forum Social Mundial

O PAM - Porto Alegre em Movimento associou-se ao Movimento em Defesa da Orla do Guaíba, por que acredita que somente com a União da Sociedade poderemos combater os abusos dos políticos, coibir a privatização de bens de uso comum tutelados pela constituição e restaurar, sempre que possível, os ecossistemas degradados.

O Guaíba vale Ouro

POAemMovimento

POAemMovimento é coletivo de arte, dedicado a exercer a voz da cidadania, com o uso sem restrição, de toda e qualquer forma de expressão artística.

Advogado e Artista Plástico

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