terça-feira, 3 de agosto de 2010

MORRO SANTA TEREZA - VITÓRIA DA UNIÃO




Para defender o Morro Santa Tereza contra a especulação imobiliária predatória a sociedade se mobilizou. Blogs, sindicatos, associações e grupos ambientalistas diante da ameaça de venda área da FASE, através de uma negociata um tanto obscura, passaram a agir diretamente no sentido oposto. Para tanto, empreenderam pressão sob as autoridades, no mesmo tempo em que tentavam mobilizar a opinião pública em favor da retirada do famigerado projeto de lei.

Como já falamos em outra oportunidade, ao longo do tempo algumas inconsistências do projeto se tornaram de conhecimento da opinião pública. Como a justificativa de descentralização da FASE usada como estandarte para a venda, a qual todos os envolvidos julgaram ser de extrema relevância para melhorar o sistema de tratamento ao menor (Este tema de inquestionável importância, após a desastrosa tramitação legislativa do projeto de lei caiu na vala do esquecimento do governo estadual).


Ressalte-se que todo apoio dado à causa foi importante para o recuo das pretensões do governo em usar a área para favorecer os poderosos da construção. Por conseguinte, angariar a simpatia dos mesmos para o próximo pleito estadual. Mas, de nada adiantariam estes apoios sem a magnífica atuação dos moradores do entorno e suas associações. Estes, além de exercer pressão política direta foram mais além, conseguindo realmente ser ouvidos por toda a coletividade porto-alegrense.


Enquanto alguns lançaram manifestos e comunicados em seus sites e blogs, sem causar qualquer impacto na opinião pública. Os moradores organizadamente foram para ruas fazer passeatas, bloquearam o trânsito, acamparam na Praça da Matriz e compareceram nas três votações para defender suas moradias. Com estas manobras eles furaram o bloqueio imposto pela nossa tendenciosa imprensa, que sabidamente é favor do concreto em detrimento da boa qualidade de vida. Os Moradores do Morro Santa Tereza realmente fizeram a diferença. Pois, de forma incisiva e eficiente tornaram pública a intenção do governo na venda da FASE por valor irrisório e em flagrante desrespeito às leis ambientais. Coisa que os e-mails, blogs, sites e comunicados, apesar da boa intenção não conseguiram fazer.


Acompanhamos todas as votações e pudemos testemunhar o empenho daquela gente humilde e valente. Donas de casa, crianças e velhos conscientes de que somente a união de todos seria capaz de salvar suas moradias. Os moradores lotaram as galerias e corredores da Assembléia Legislativa; apesar da tolerância dos parlamentares e funcionários da casa, era visível o desconforto do aparato legislativo.


O primeiro dia de votação a bancada governista tentou acordo com os moradores, mas eles rejeitaram a proposta por falta de garantias. Sendo que a votação terminou por falta quorum. Fizemos um vídeo daquele primeiro dia vitória com a presença de Justino Chaplin e Swami Benevenutto. Durante as filmagens percebemos que os grandes protagonistas daquele momento eram de fato os moradores. Assim sendo, resolvemos registrar nos vídeos subseqüentes apenas aquelas figuras aguerridas em plena ação reivindicatória.


Na segunda votação, todos nós tínhamos como certa a vitória do governo. Mas, isto não fez diminuir o ânimo e empenho dos moradores. Se perdessem a batalha eles tombariam de cabeça erguida. Então, uma fatalidade aconteceu. O Falecimento de ex-deputado Bernardo de Souza. Por força do regimento da Assembléia, deputados contra a venda pediram a suspensão da sessão plenária. Conduzidos pelas mãos do destino os moradores galgaram mais uma vitória.


Na medida em que o tempo foi passando, aumentou o desgaste do governo frente à opinião pública. Algumas das incongruências do projeto finalmente se tornaram de conhecimento do grande público, que passou a torcer contra o projeto. Temendo piorar sua imagem frente à população em pleno ano eleitoral, Yeda e sua trupe retiraram o time de campo, fazendo isso através nota publicada pela Casa Civil um dia antes da votação final.


Sabedores disso, os moradores compareceram na terceira votação apenas ouvir o líder do governo oficializar a retirada de votação do projeto. Foi um dia de festa para comunidade, as expressões daquelas pessoas muito nos emocionaram. Ouvimos discursos calorosos das lideranças, que falaram do empenho, da persistência e do amor pelo morro. Do esforço de bater de porta em porta para mobilizar a comunidade e a satisfação do dever cumprido.

No mesmo dia ouvimos discursos e atitudes oportunistas de políticos, tentando se aproveitar do momento. Pior, semanas depois tivemos o desprazer de ouvir coisas depreciativas como: - Essa gente pobre só se mexeu para não perder suas casas. Eles vão continuar procriando e em breve o Morro estará todo ocupado, temos que tomar providências...

Uma lamentável demonstração de insensibilidade. Como se a pobreza fosse à causa das mazelas no meio ambiente. Para esta pessoa ou pessoas, somos categóricos em afirmar que quem mais destrói o meio ambiente são pessoas das classes mais altas da nossa sociedade em seus mega empreendimentos imobiliários e industriais. Bem como, se alguns grupos se uniram para batalhar pela viabilização de um parque público no terreno da FASE, somente o estão fazendo devido ao empenho daquela valorosa comunidade, que com garra e organização defenderam seus lares e o Morro Santa Tereza contra a malfadada especulação imobiliária.

Restou a todos a velha lição de que a União Faz a Força. Esperamos que os eletistas de plantão aprendam com os Moradores do Morro Santa Tereza o verdadeiro significado da palavra união. E humildemente busquem junto a eles apoio para a criação do Parque Morro Santa Tereza.



sábado, 10 de julho de 2010

MORRO SANTA TEREZA - FIQUE POR DENTRO



Passado

Segundo o historiador, Eduardo Bueno, a cerca de 400 anos atrás, o Morro Santa Tereza, Porto Alegre, foi ocupado pela população mais antiga que se tem notícia nesta região: a tribo dos índios Arachanes. Descritos como grandes aventureiros, exímios pescadores, estes índios também eram conhecidos pela utilização de centenas plantas e ervas curativas.

Fator estratégico para a segurança da tribo, os 148 metros de elevação do Morro Santa Tereza ofereceram ao nosso povo ancestral o supremo privilégio de poder contemplar 360º de uma natureza exuberante e selvagem; sem qualquer interferência produzida pelas mãos do homem branco. O tempo passou... Eles desapareceram quase sem deixar vestígios e junto com eles se perderam os costumes, crenças e todo o precioso conhecimento sobre as plantas e ervas, adquiridos ao longo do tempo. Uma importante cultura foi inteiramente apagada da face da terra.


Por mais incrível que isto possa parecer, uma pequena parte do território dos Arachanes resistiu ao tempo, aos efeitos da poluição, avanço da urbanização e especulação imobiliária. Estudos realizados pela Fundação Zoobotânica apontam que atualmente nos 74 hectares do Morro Santa Tereza, que pertencem à FASE (Fundação de Atendimento Sócio – Educativo), existem 11 nascentes de água, matas nativas e campos rasteiros praticamente intocados. Um ecossistema representativo da nossa terra antes do desenvolvimento (?).

A denominação “Morro Santa Tereza” se deve a Dom Pedro II, que em 1845 adquiriu as terras do morro, no então Arraial do Menino Deus, mandando ali construir o Colégio Santa Tereza para abrigar moçoilas órfãs. O nome escolhido foi uma homenagem a sua esposa Tereza de Bourbon. Outro acontecimento fantástico é que ainda existem no local, vestígios da construção original do colégio.

Presente

Por ser uma área que pertence ao governo do Estado, a área da FASE apresenta índices de ocupação mínimos. Encontrando-se no seu entorno ainda algumas casas e prédios de classe média regularizados. Mas, na grande maioria da área periférica da FASE podem ser vistas aglomerações populacionais. São vilas instaladas de maneira irregular, algumas famílias construíram suas moradias no local há mais de 40 anos. Não se tem uma contagem oficial desta população; mas estima-se que morem ao redor da FASE 1,5 mil famílias.

Estas famílias estão distribuídas em 7 vilas, são elas: Vila Gaúcha, União Santa Tereza, Santa Rita, Barracão, Ecológica, Figueira e Vila Padre Cacique. Todas elas contam com associações de moradores possuidoras de alto grau de organização e interatividade. Bem como, as lideranças são extremamente atuantes e carismáticas.




Apesar dos esforços de ambientalistas, ONGs, de alguns políticos, foi através da mobilização das associações de moradores do Morro Santa Tereza, que a cidade de fato abriu os olhos para a tentativa de venda repentina e acelerada da área FASE. Ante a ameaça da perda de seus lares as comunidades do entorno se uniram e saíram às ruas para protestar várias vezes. Pressionaram e compareceram em peso nas três votações do PL 388. Votações nas quais a bancada parlamentar de Yeda tentou forjar uma lei para a venda daquele precioso patrimônio público por preço aviltante.

Ao longo das três semanas de votação, irregularidades e inconsistências ligadas ao projeto de venda foram sendo conhecidas pela opinião pública. Entre elas destacamos as seguintes:

- A avaliação feita por empresa terceirizada, do valor de CR$79.376.000,00 por 74 hectares em zona nobre da cidade, sendo que apenas os DOIS hectares do antigo Estádio dos Eucaliptos, estão avaliados em R$20.000.000,00 (semelhante ao caso da arena do Grêmio, em que uma área do Estado no valor de R$ 35.000.000,00, foi trocada por outra no valor de R$ 3.000.000,00). Tais fatos têm o condão de sugerir que estes negócios são manobras deslavadas em favor da especulação imobiliária;

- A empresa contratada não pertence ao setor imobiliário, da engenharia, da arquitetura ou agrimensura. Sua atividade fim está ligada a sinalização de aeroportos (?) e à alimentação (?). Sua contratação foi feita em 2006, sem licitação pública;

- Alardeada a venda como forma de patrocinar a “descentralização da FASE”, sobre o assunto propriamente dito, “descentralização”, não foi apresentada nenhuma linha. Circularam apenas as plantas para construção de uma nova unidade e a boa intenção (?) do governo em rever a situação pedagógica dos internos da FASE;

- Segundo alguns deputados estaduais, a descentralização poderia ser feita com recursos oriundos da venda de ações do BANRISUL, que rendeu aproximadamente R$ 1 bilhão de reais aos cofres públicos;

- O projeto de lei para a venda do Morro não ofereceu garantias quanto à proteção das matas nativas,vertentes e sítios históricos;

- Também, não apresentou garantias relativas à manutenção e regularização das moradias existentes no entorno da área a ser vendida.

Futuro

Afastada (temporariamente) a possibilidade da venda do terreno da FASE, com a retirada pelo governo do pedido de urgência para a votação do PL 388. Não deve a sociedade baixar a guarda. Mesmo diante das declarações públicas do governo que se sucederam, de desistência da venda e de interesse na criação de um parque público no terreno da FASE. Pois, como sabemos a moralidade e o cumprimento de promessas de campanha eleitoral não fazem parte do cotidiano de nossos políticos.


Também, deve-se insistir junto ao município, que este regularize os lotes de moradores que não ofereçam risco de morte aos moradores, que não estejam dentro de áreas valor histórico/paisagístico ou de proteção ambiental permanente. Bem como, se proceda mais rápido possível, o cadastramento de moradores para evitar o inchaço da população no entorno do futuro parque.


O Parque do Morro Santa Tereza pode ser considerado como a maior novidade em termos urbanísticos das últimas décadas para a cidade de Porto Alegre. Por isso, a sociedade deve emanter-se vigilante e deve exigir do governo que cumpra sua promessa de transformar efetivamente os 74 hectares da FASE, no Morro Santa Tereza, num belíssimo parque público.



sexta-feira, 18 de junho de 2010

Arena do Grêmio e Cais do Porto - Atrocidades Urbanísticas




No Brasil de hoje o “Interesse Público” definitivamente deixou nortear as ações de nossos governantes. Obcecados pelo lucro fácil e a sustentabilidade no poder, eles deixam de servir ao povo que os conduziu ao poder para atender os interesses das camadas mais abastadas da sociedade.

Em Porto Alegre, coisa não é diferente. Avessos às necessidades da sociedade o governo do estado e do município projetam obras faraônicas para a posteridade sem antes resolver os problemas da realidade. Usando dinheiro público e a copa do mundo de 2014 como desculpa as negociatas vem se sucedendo numa velocidade jamais vista.

Vejam-se alguns aspectos no caso da Arena do Grêmio:

1. A área negociada para construção do estádio havia sido doada de maneira formal ao Círculo Operário, há 50 anos atrás. Sem qualquer argumentação jurídica plausível esta doação foi ignorada;

2. De forma sintética o negócio se deu nos seguintes termos: O governo do Estado trocou a área para construção do Estádio, no bairro Humaitá, por outra situada na Estrada Costa Gama, zona sul da cidade, de propriedade dos empreendedores. A área do Humaitá foi avaliada em R$ 35 milhões de reais; já a área da zona sul em R$ 3 milhões de reais. Um desfalque no patrimônio público de R$ 32 milhões de reais feito na cara dura;


Campos de várzea serão engolidos pelo concreto  
 Foto - Eduíno Mattos

3. O projeto prejudica a mobilidade urbana. O entroncamento Free Way/Farrapos com BR 116, na entrada principal da cidade, atinge momentos críticos com paralisação total de fluxo nos horários de Pico. Em dias de jogos importantes, a circulação de 70 mil pessoas no bairro Humaitá causará um verdadeiro pandemônio na entrada ou saída da cidade.

4. Duas escolas e um CTG, além dos últimos campos de várzea estão sendo expulsos do local onde será construído o estádio;
Escola Santo Inácio será demolida e ainda não tem destinação definitiva  
Foto - Eduíno Mattos

5. Para construção do estádio será concedida a isenção de impostos. Isenção implica em abrir mão de arrecadação de impostos. Imposto é dinheiro do povo. Este dinheiro vem do suor do trabalhador;

6. Existem outros aspectos ligados ao torcedor gremista, que antes tinha orgulho de assistir seu time na sua pró pria casa. E agora passará a torcer na casa de baianos. Pois, a construtora da arena será a única dona do estádio durante 20 anos. Esta empresa pertence à família do falecido Antonio Carlos Magalhães (Toninho Malvadeza), cuja saga dispensa qualquer comentário. Todos os sócios, inclusive os sócios patrimoniais, terão que pagar ingresso.
7. Prédios de até 72 metros projetados para as imediações do estádio, podem comprometer a segurança do tráfego do aeroporto Salgado Filho e vizinhança.

Imagem H. Wittler - Desenho Tânio J. Faillace


Cais Mauá - Centro - Porto Alegre

                   Porto sob a ameaça da especulação imobiliária predatória
                                                  
O Cais Mauá, centro da capital gaúcha, também não está livre das atrocidades urbanísticas e negociatas. O projeto de revitalização do cais alardeado como a salvação do centro da cidade, tem como obras principais a construção de torres de 100 metros de altura próximas à rodoviária e a construção de um apart hotel e um shopping Center nas imediações da Usina do Gasômetro.

Com poucos investimentos o Cais pode se consolidar como um centro permanente de eventos 

O objetivo neste caso é bastante explicito, o projeto tem por escopo a privatização da orla pública. O governo do estado quer entregar aos empresários o melhor ponto do centro da cidade. Pois, se quisesse realmente melhorar o centro da cidade pensaria em sanar os problemas do calçamento irregular,  da segurança dos transeuntes, sobretaxaria os imóveis desocupados, promoveria incentivo à restauração dos prédios antigos, recuperaria as praças públicas e ofereceria tratamento humanitário aos moradores de rua.

"  Não são prédios isolados no cais que devolverão a importância perdida e a dignidade ao centro da cidade." 

                                      Justino chaplin e um novo fã

Inconveniências do Projeto de Revitalização do Cais Mauá proposto pelo governo do estado:

1. O projeto causa impacto negativo na mobilidade urbana. A Avenida Mauá e Avenida Castelo Branco são vias notoriamente saturadas; qualquer projeto sem alternativas viárias causará estagnação completa do trânsito de veículos no centro da cidade. Estima-se que os dois projetos implicarão no aumento de 5.000 veículos a mais no centro da cidade;

2. Para construção do shopping e hotel um dos galpões será demolido. Logo, além da descaracterização do conjunto arquitetônico, haverá perda irreparável de patrimônio público histórico;

3. O projeto não contempla a situação dos prédios abandonados na Avenida Mauá. Local onde tranquilamente poderia se desenvolver a hotelaria e prédios voltados à prestação de serviços;

4. O projeto tenta privatizar patrimônio cultural brasileiro. Vejamos o que diz a nossa constituição:

“Art. 226. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem;

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.


                               Sul e Norte em perfeita sintonia cultural

Para terminar o assunto do cais, citamos o exemplo da Feira Rural Brasil Contemporâneo. Esta feira comprovou que o Cais Mauá pode vir a se tornar um atrativo cultural para a cidade; sem qualquer obra faraônica, que implique em descaracterização do conjunto arquitetônico, poluição do visual ou privatização da orla pública.







terça-feira, 1 de junho de 2010




Revirando um álbum de família, deparei-me com uma crônica poética escrita em 1958. Foi como se uma brisa fresca saísse daquelas páginas amareladas. Fui possuído por uma sensação nostálgica de algo que não tinha vivido. Naquelas singelas palavras um pouco de bucolismo, lirismo, paixão e a narrativa de um paraíso perdido. Neste idílio ainda encontrei uma definição para o Guaíba; uma definição daquelas que somente os poetas conseguem fazer.

“Hoje eu revi o Guarujá! Sim! Revi aquele Guarujá alegre e acolhedor; aquele Guarujá que rescende perfume por todos os lados; aquele Guarujá que em cada cantinho, esconde uma beleza e uma beldade...

Aquele Guarujá em cujo céu a cada nesguinha que nossos olhos divisam é por si só uma poesia... Aquele Guarujá, cujas praias alvas são o protótipo, se não o próprio retrato do criador. Aquele Guarujá, em cujas terras vive, sonha e medita a mais linda de todas as fadas.

Aquele Guarujá, em cujos jardins encantados encontrei certo dia essa linda fada banhando-se nos raios dourados do sol ou nas águas serenas desse rio, que não é rio nem lago... Mas, sim um mar encantado de águas doces. ”


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Aniversário de Porto Alegre - Parte 01




PAM- Porto Alegre em Movimento, foi convidado para participar da "Caminhada Pela Paz e Pela Cultura" no centro histórico de  Porto Alegre. Promovida pelo Forum Permanente de Cultura, Turismo e Segurança, a caminhada foi idealizada para comememorar o aniversário de 238 anos da cidade. A passeata contou com poucos participantes, o que não diminui seu brilho e sua empolgação. 

Justino chaplin participou do evento fazendo uma  singela homenagem ao cartunista Glauco empunhando um cartaz do personagem "Geraldão", célebre criação daquele cartunista.

Esperamos que  a caminhada pela paz e pela cultura se consolide e que na próxima a participação seja multiplicada . Segue abaixo texto da Carta Aberta, distribuída durante a caminhada:

CAMINHADA PELA PAZ E PELA CULTURA

Carta aberta do
Fórum Permanente de Cultura, Turismo e Segurança

O Centro Histórico de Porto Alegre concentra a maior parte de seu Patrimônio Histórico e Cultural, o que lhe confere grande potencial turístico e grande parte deste patrimônio, principalmente o público, encontra-se em situação de grande vulnerabilidade, sujeita a pichações, vandalismos e ao uso inadequado.

A segurança pública é condição básica para o convívio social harmônico. Um Centro Histórico que ofereça alternativas culturais em seus recantos e lugares será capaz de potencializar o turismo e o comércio local, o que economicamente é importante para Porto Alegre.

Ação cultural é um instrumento vigoroso para a mobilização popular para a ocupação dos espaços públicos e até mesmo para encaminhar a mudança de hábitos, e que a população residente no Centro Histórico tem grande interesse em ações de humanização capazes de propiciar uma nova realidade.

Partindo destas premissas, propomos ao poder público, as seguintes ações no Centro Histórico:

Ações de Segurança Pública com agilidade e capacidade de atendimento das demandas, com participação da comunidade e integração dos diversos órgãos que atuem na área e afins, priorizando a inteligência e a prevenção;

Atenção à circulação de pedestres, considerando estes como prioritários, qualificando a acessibilidade como meio de estímulo ao comércio de porta de rua e à visitação do nosso Patrimônio Histórico e Cultural;

Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural, com a participação dos interessados, priorizando o que for referente a pichações, depredações e uso inadequado, construindo programas voltados à restauração dos imóveis privados pertencentes a proprietários de baixa renda e/ou pequenos empreendedores;

Ocupação de espaços públicos com atividades culturais, envolvendo as organizações da sociedade, com financiamento público ou parceria privada;

Adequação técnica dos padrões de segurança exigidos, visando possibilitar a recuperação e utilização de imóveis em desuso, privilegiando a utilização para moradia;

Ações permanentes de limpeza, higiene e iluminação pública, principalmente nas escadarias, viadutos, praças parque e lugares do Centro Histórico;

Solução dos problemas gerados pela distribuição de alimentos a moradores de rua, evitando a fixação desta população em lugares do Centro Histórico, restabelecendo o uso adequado destes espaços, criando programa de atendimento social com tratamento a saúde e ações de promoção humana;

Reformular a política cultural do município, permitindo uma maior participação da sociedade civil. Como exemplo: setorização do orçamento do FUMPROARTE, garantindo um mínimo de dez por cento para cada área ((artes visuais, literatura, etc...);

Política de estímulo ao turismo, como forma de propiciar o desenvolvimento da cidade, principalmente nos setores da hotelaria, gastronomia e comércio de porta de rua, bem como ações de qualificação destes setores;

Política de valorização de comerciantes permissionários de espaços públicos, bem como de artistas e artesãos expositores.

Porto Alegre, 26 de março 2010.

ARCCOV - Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha, AMIVI - Associação dos amigos da 24 de Maio e Adjacências , CAPORI - Casa do Poeta Riograndense, FUNDAR - Fundação Cultural Darcy Ribeiro, AMCPA - Associação dos Moradores do Centro de Porto Alegre, AGEI - Associação Gaúcha dos Escritores Independentes, AALA - Associação dos Amigos das Letras e das Artes, Grupo Los Lemos, AMICH -Rede de Amigos do Centro Histórico

Apoio do Jornal do Centro, Força Sindical, Sindicato dos Bancários.


terça-feira, 6 de abril de 2010

Pelo Museu das Águas de Porto Alegre



Dia 22 de março, durante a abertura do II Forum Mundial Ambiental - Água, o grande desafio, promovido pela Associação Rio-grandense de Imprensa, no Plaza São Rafael, o Comitê de Planejamento Urbanístico da Orla do Guaíba lançou sua proposta para a criação do Museu das Àguas de  Porto Alegre. Representaram o Comitê: Zorávia Bettiol, Luiz Antonio Grassi, Leonel Braz, Willis Carmo & Justino Chaplin.


Apresentamos a seguir parte do texto da proposta divulgada aos participantes, redigida por L.A. Grassi:

Conceito geral

O museu terá como tema a água, bem ambiental limitado, essencial para a vida e para o desenvolvimento social, suas manifestações na natureza, suas características físicas, os usos múltiplos e simultâneos atuais e ao longo da história e a gestão pública dos recursos hídricos.
Proposta básica

O Museu das Águas constituir-se-á de três Eixos:

- Eixo Educativo – em que o tema será desenvolvido em seus diversos aspectos sob forma de modelos reduzidos e maquetes (por exemplo, uma bacia hidrográfica, uma estação de tratamento de água, um sistema de irrigação, uma estação de tratamento de efluentes industriais, uma barragem para geração de energia etc), jogos, instrumentos audiovisuais, programações com escolas, cursos, seminários etc.


- Eixo Histórico – onde serão preservados artefatos e documentos relacionados com a história da água e de seus usos (utensílios de diversas culturas relacionados com os usos da água e dos corpos hídricos, peças e maquinismos com valor histórico referentes a tecnologias, serviços e instituições, documentos, fotos, vídeos ou filmes e outros registros históricos)

- Eixo Artístico – espaço para receber obras produzidas por artistas nos mais variados formatos, suportes, propostas e concepções, enfocando o tema do Museu em seus diferentes aspectos; assim como fomentar a produção dessas obras através de concursos, cursos, oficinas etc. Os espaços expositivos servirão para a apresentação tanto de um acervo a ser constituido quanto para mostras temporárias, oportunizando, inclusive a permuta com entidades similares.

- Os eixos (ou módulos) descritos acima não deverão ser estanques, mas dinamicamente interligados e integrados. Deverá haver a previsão de um espaço comum (midioteca) que abrigue elementos escritos (livros, revistas, cartazes etc), audiovisuais (fotografias, filmes, vídeos, bancos de dados) e sonoros (gravações), aberto ao acesso individual ou coletivo, seja por fruição ou para pesquisas científicas ou educacionais.

Museu como Centro de Referência

Em sintonia com a tendência museológica contemporânea de fazer dessas instituições organismos dinâmicos e atuantes, o Museu das Águas deve ser um verdadeiro centro de referência para a conscientização das questões relacionadas com a proteção das águas e a mobilização dos cidadãos. Deve articular-se com outras instituições com finalidade similar, proporcionando oportunidades de pesquisa documental e promovendo conjuntamente eventos educativos, culturais e recreacionais vinculados ao tema central.


Por derradeiro, salienta-se que a proposta de criação do museu foi muito bem recebida, ganhando inclusive uma moção especial no documento final intitulado: "Carta de Porto Alegre – 2010 , Conclusões do FIGA, I Fórum Internacional de Gestão Ambiental – Água, o Grande Desafio, cuja transcrição fazemos in verbis:


MOÇÃO: esperamos que o “II Fórum Internacional de Gestão Ambiental” também seja palco de divulgação de importantes avanços na criação do Museu das Águas de Porto Alegre.



Zorávia e Justino Chaplin abrilhantaram o evento

terça-feira, 30 de março de 2010

Nossas Corujas Vão Bem - Obrigado!


No dia em que instalamos as placas para proteger "as corujas-buaraqueiras" em Tramandaí (postagem 04 de fevereiro), apareceu uma senhora moradora próxima às tocas. Receosa elas nos revelou o temor de que nossa atitude poderia surtir efeito contrário aumentando a hostilidade contra as corujinhas.
Explicamos a ela, que havíamos flagrado vandalismo em algumas tocas. Ela argumentou que as placas poderiam chamar ainda mais a atenção dos vândalos. Dissemos que não iríamos desistir. Era melhor fazer alguma coisa do que simplesmente cruzar os braços a assistir impassivelmente ao massacre.

No entanto, em respeito à senhora, sugerimos que ela recolhesse as placas se notasse que o vandalismo havia aumentado. Registramos a instalação. Ficaram nas nossas cabeças algumas interrogações: As placas ajudarão as corujas? Tiazinha vai respeitar nosso trabalho? O material empregado  resistirá às intempéries?

Ao longo do verão fomos monitorando o efeito das placas através de familiares que visitavam Tramandaí. As notícias chegadas eram invariavelmente positivas. Ou seja, as pessoas paravam para fotografar as corujas e respeitosamente mantinham a distância. As corujas, por vezes se exibiam pousando nas placas. E ao longo da temporada de veraneio as placas se mantiveram lá firmes.

Nos sentimos recompensados com as notícias, faltando apenas após o veraneio ir a Tramandaí para conferir o resultado do trabalho de proteção às corujinhas.

Passado dois meses e meio, das sete placas instaladas somente uma havia sido destruída por vândalos. Era a que tinha a nossa assinatura: PAM – Porto Alegre em Movimento. De certo pensaram que éramos da prefeitura de POA. Quanto ao lixo este só aumentou. Estamos estudando a possibilidade de produzirmos novas placas em substituição das atuais com a programação de um mutirão para limpeza das dunas, já que a prefeitura não está cumprindo com essa obrigação.

Quanto às corujinhas: Estas vão muito bem! Tivemos a oportunidade de fazer contato visual com algumas delas. Enquanto as  fotografávamos, alguns passantes pararam para fazer comentários sobre as avezinhas e tecer elogios às placas de proteção colocadas. Em razão da modéstia que nos é peculiar não revelamos sermos os autores das placas. Mas, que foi bom pro ego... Ah, isso foi!

Na praia de Tramandaí também existem outras tocas de coruja que se situam em locais muito movimentados. Nestes locais devido à visibilidade a Prefeitura local dispensou tratamento diferente. Placas caríssimas guarnecem as tocas, cercas de tela foram levantadas. Muito justo e elogiável.

Mas, as corujinhas as quais dedicamos nossos cuidados não gozam da mesma iniciativa. Como já dissemos, há muito lixo próximo as tocas. Bem que a prefeitura poderia prestar mais a atenção nelas e providenciar a limpeza do local. Seríamos os primeiros a elogiar a atitude.


Outra coisa nos encheu de alegria quando visitamos novamente as toca das corujas. Percebemos que uma das placas havia se partido e algum voluntário providenciou um reparo. Escorou um sarrafo na nossa placa com e colocou uma pedra por trás para mantê-la em pé. Foi bom saber que nossa atitude contagiou alguém que efetivamente que tomou uma atitude concreta em defesa da natureza.


Esperamos que as nossas palavras e imagens cheguem até Prefeitura de Tramandaí e que ela através de seus órgãos competentes tome as providências necessárias e indipensáveis à proteção das nossas corujinhas. Ficaremos de olho e se isso não acontecer tomaremos nós mesmos as providências.

"Para nós a ecologia é mais do que uma figura de retórica. É uma prática que deve ser exercida diariamente!"

POAemMovimento

POAemMovimento é coletivo de arte, dedicado a exercer a voz da cidadania, com o uso sem restrição, de toda e qualquer forma de expressão artística.

Advogado e Artista Plástico

Acesse minhas redes sociais: Facebook Youtube Instagram Twitter Breve novidades!

Seguidores

Visitantes