Revirando um álbum de família, deparei-me com uma crônica poética escrita em 1958. Foi como se uma brisa fresca saísse daquelas páginas amareladas. Fui possuído por uma sensação nostálgica de algo que não tinha vivido. Naquelas singelas palavras um pouco de bucolismo, lirismo, paixão e a narrativa de um paraíso perdido. Neste idílio ainda encontrei uma definição para o Guaíba; uma definição daquelas que somente os poetas conseguem fazer.
“Hoje eu revi o Guarujá! Sim! Revi aquele Guarujá alegre e acolhedor; aquele Guarujá que rescende perfume por todos os lados; aquele Guarujá que em cada cantinho, esconde uma beleza e uma beldade...
Aquele Guarujá em cujo céu a cada nesguinha que nossos olhos divisam é por si só uma poesia... Aquele Guarujá, cujas praias alvas são o protótipo, se não o próprio retrato do criador. Aquele Guarujá, em cujas terras vive, sonha e medita a mais linda de todas as fadas.
Aquele Guarujá, em cujos jardins encantados encontrei certo dia essa linda fada banhando-se nos raios dourados do sol ou nas águas serenas desse rio, que não é rio nem lago... Mas, sim um mar encantado de águas doces. ”
PAM- Porto Alegre em Movimento, foi convidado para participar da "Caminhada Pela Paz e Pela Cultura" no centro histórico de Porto Alegre. Promovida pelo Forum Permanente de Cultura, Turismo e Segurança, a caminhada foi idealizada para comememorar o aniversário de 238 anos da cidade. A passeata contou com poucos participantes, o que não diminui seu brilho e sua empolgação.
Justino chaplin participou do evento fazendo uma singela homenagem ao cartunista Glauco empunhando um cartaz do personagem "Geraldão", célebre criação daquele cartunista.
Esperamos que a caminhada pela paz e pela cultura se consolide e que na próxima a participação seja multiplicada . Segue abaixo texto da Carta Aberta, distribuída durante a caminhada:
CAMINHADA PELA PAZ E PELA CULTURA
Carta aberta do
Fórum Permanente de Cultura, Turismo e Segurança
O Centro Histórico de Porto Alegre concentra a maior parte de seu Patrimônio Histórico e Cultural, o que lhe confere grande potencial turístico e grande parte deste patrimônio, principalmente o público, encontra-se em situação de grande vulnerabilidade, sujeita a pichações, vandalismos e ao uso inadequado.
A segurança pública é condição básica para o convívio social harmônico. Um Centro Histórico que ofereça alternativas culturais em seus recantos e lugares será capaz de potencializar o turismo e o comércio local, o que economicamente é importante para Porto Alegre.
Ação cultural é um instrumento vigoroso para a mobilização popular para a ocupação dos espaços públicos e até mesmo para encaminhar a mudança de hábitos, e que a população residente no Centro Histórico tem grande interesse em ações de humanização capazes de propiciar uma nova realidade.
Partindo destas premissas, propomos ao poder público, as seguintes ações no Centro Histórico:
Ações de Segurança Pública com agilidade e capacidade de atendimento das demandas, com participação da comunidade e integração dos diversos órgãos que atuem na área e afins, priorizando a inteligência e a prevenção;
Atenção à circulação de pedestres, considerando estes como prioritários, qualificando a acessibilidade como meio de estímulo ao comércio de porta de rua e à visitação do nosso Patrimônio Histórico e Cultural;
Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural, com a participação dos interessados, priorizando o que for referente a pichações, depredações e uso inadequado, construindo programas voltados à restauração dos imóveis privados pertencentes a proprietários de baixa renda e/ou pequenos empreendedores;
Ocupação de espaços públicos com atividades culturais, envolvendo as organizações da sociedade, com financiamento público ou parceria privada;
Adequação técnica dos padrões de segurança exigidos, visando possibilitar a recuperação e utilização de imóveis em desuso, privilegiando a utilização para moradia;
Ações permanentes de limpeza, higiene e iluminação pública, principalmente nas escadarias, viadutos, praças parque e lugares do Centro Histórico;
Solução dos problemas gerados pela distribuição de alimentos a moradores de rua, evitando a fixação desta população em lugares do Centro Histórico, restabelecendo o uso adequado destes espaços, criando programa de atendimento social com tratamento a saúde e ações de promoção humana;
Reformular a política cultural do município, permitindo uma maior participação da sociedade civil. Como exemplo: setorização do orçamento do FUMPROARTE, garantindo um mínimo de dez por cento para cada área ((artes visuais, literatura, etc...);
Política de estímulo ao turismo, como forma de propiciar o desenvolvimento da cidade, principalmente nos setores da hotelaria, gastronomia e comércio de porta de rua, bem como ações de qualificação destes setores;
Política de valorização de comerciantes permissionários de espaços públicos, bem como de artistas e artesãos expositores.
Porto Alegre, 26 de março 2010.
ARCCOV - Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha, AMIVI - Associação dos amigos da 24 de Maio e Adjacências , CAPORI - Casa do Poeta Riograndense, FUNDAR - Fundação Cultural Darcy Ribeiro, AMCPA - Associação dos Moradores do Centro de Porto Alegre, AGEI - Associação Gaúcha dos Escritores Independentes, AALA - Associação dos Amigos das Letras e das Artes, Grupo Los Lemos, AMICH -Rede de Amigos do Centro Histórico
Apoio do Jornal do Centro, Força Sindical, Sindicato dos Bancários.
Dia 22 de março, durante a abertura do II Forum Mundial Ambiental - Água, o grande desafio, promovido pela Associação Rio-grandense de Imprensa, no Plaza São Rafael, o Comitê de Planejamento Urbanístico da Orla do Guaíba lançou sua proposta para a criação do Museu das Àguas de Porto Alegre. Representaram o Comitê: Zorávia Bettiol, Luiz Antonio Grassi, Leonel Braz, Willis Carmo & Justino Chaplin.
Apresentamos a seguir parte do texto da proposta divulgada aos participantes, redigida por L.A. Grassi:
Conceito geral
O museu terá como tema a água, bem ambiental limitado, essencial para a vida e para o desenvolvimento social, suas manifestações na natureza, suas características físicas, os usos múltiplos e simultâneos atuais e ao longo da história e a gestão pública dos recursos hídricos.
Proposta básica
O Museu das Águas constituir-se-á de três Eixos:
- Eixo Educativo – em que o tema será desenvolvido em seus diversos aspectos sob forma de modelos reduzidos e maquetes (por exemplo, uma bacia hidrográfica, uma estação de tratamento de água, um sistema de irrigação, uma estação de tratamento de efluentes industriais, uma barragem para geração de energia etc), jogos, instrumentos audiovisuais, programações com escolas, cursos, seminários etc.
- Eixo Histórico – onde serão preservados artefatos e documentos relacionados com a história da água e de seus usos (utensílios de diversas culturas relacionados com os usos da água e dos corpos hídricos, peças e maquinismos com valor histórico referentes a tecnologias, serviços e instituições, documentos, fotos, vídeos ou filmes e outros registros históricos)
- Eixo Artístico – espaço para receber obras produzidas por artistas nos mais variados formatos, suportes, propostas e concepções, enfocando o tema do Museu em seus diferentes aspectos; assim como fomentar a produção dessas obras através de concursos, cursos, oficinas etc. Os espaços expositivos servirão para a apresentação tanto de um acervo a ser constituido quanto para mostras temporárias, oportunizando, inclusive a permuta com entidades similares.
- Os eixos (ou módulos) descritos acima não deverão ser estanques, mas dinamicamente interligados e integrados. Deverá haver a previsão de um espaço comum (midioteca) que abrigue elementos escritos (livros, revistas, cartazes etc), audiovisuais (fotografias, filmes, vídeos, bancos de dados) e sonoros (gravações), aberto ao acesso individual ou coletivo, seja por fruição ou para pesquisas científicas ou educacionais.
Museu como Centro de Referência
Em sintonia com a tendência museológica contemporânea de fazer dessas instituições organismos dinâmicos e atuantes, o Museu das Águas deve ser um verdadeiro centro de referência para a conscientização das questões relacionadas com a proteção das águas e a mobilização dos cidadãos. Deve articular-se com outras instituições com finalidade similar, proporcionando oportunidades de pesquisa documental e promovendo conjuntamente eventos educativos, culturais e recreacionais vinculados ao tema central.
Por derradeiro, salienta-se que a proposta de criação do museu foi muito bem recebida, ganhando inclusive uma moção especial no documento final intitulado: "Carta de Porto Alegre – 2010 , Conclusões do FIGA, I Fórum Internacional de Gestão Ambiental – Água, o Grande Desafio, cuja transcrição fazemos in verbis:
MOÇÃO: esperamos que o “II Fórum Internacional de Gestão Ambiental” também seja palco de divulgação de importantes avanços na criação do Museu das Águas de Porto Alegre.
No dia em que instalamos as placas para proteger "as corujas-buaraqueiras" em Tramandaí (postagem 04 de fevereiro), apareceu uma senhora moradora próxima às tocas. Receosa elas nos revelou o temor de que nossa atitude poderia surtir efeito contrário aumentando a hostilidade contra as corujinhas.
Explicamos a ela, que havíamos flagrado vandalismo em algumas tocas. Ela argumentou que as placas poderiam chamar ainda mais a atenção dos vândalos. Dissemos que não iríamos desistir. Era melhor fazer alguma coisa do que simplesmente cruzar os braços a assistir impassivelmente ao massacre.
No entanto, em respeito à senhora, sugerimos que ela recolhesse as placas se notasse que o vandalismo havia aumentado. Registramos a instalação. Ficaram nas nossas cabeças algumas interrogações: As placas ajudarão as corujas? Tiazinha vai respeitar nosso trabalho? O material empregado resistirá às intempéries?
Ao longo do verão fomos monitorando o efeito das placas através de familiares que visitavam Tramandaí. As notícias chegadas eram invariavelmente positivas. Ou seja, as pessoas paravam para fotografar as corujas e respeitosamente mantinham a distância. As corujas, por vezes se exibiam pousando nas placas. E ao longo da temporada de veraneio as placas se mantiveram lá firmes.
Nos sentimos recompensados com as notícias, faltando apenas após o veraneio ir a Tramandaí para conferir o resultado do trabalho de proteção às corujinhas.
Passado dois meses e meio, das sete placas instaladas somente uma havia sido destruída por vândalos. Era a que tinha a nossa assinatura: PAM – Porto Alegre em Movimento. De certo pensaram que éramos da prefeitura de POA. Quanto ao lixo este só aumentou. Estamos estudando a possibilidade de produzirmos novas placas em substituição das atuais com a programação de um mutirão para limpeza das dunas, já que a prefeitura não está cumprindo com essa obrigação.
Quanto às corujinhas: Estas vão muito bem! Tivemos a oportunidade de fazer contato visual com algumas delas. Enquanto as fotografávamos, alguns passantes pararam para fazer comentários sobre as avezinhas e tecer elogios às placas de proteção colocadas. Em razão da modéstia que nos é peculiar não revelamos sermos os autores das placas. Mas, que foi bom pro ego... Ah, isso foi!
Na praia de Tramandaí também existem outras tocas de coruja que se situam em locais muito movimentados. Nestes locais devido à visibilidade a Prefeitura local dispensou tratamento diferente. Placas caríssimas guarnecem as tocas, cercas de tela foram levantadas. Muito justo e elogiável.
Mas, as corujinhas as quais dedicamos nossos cuidados não gozam da mesma iniciativa. Como já dissemos, há muito lixo próximo as tocas. Bem que a prefeitura poderia prestar mais a atenção nelas e providenciar a limpeza do local. Seríamos os primeiros a elogiar a atitude.
Outra coisa nos encheu de alegria quando visitamos novamente as toca das corujas. Percebemos que uma das placas havia se partido e algum voluntário providenciou um reparo. Escorou um sarrafo na nossa placa com e colocou uma pedra por trás para mantê-la em pé. Foi bom saber que nossa atitude contagiou alguém que efetivamente que tomou uma atitude concreta em defesa da natureza.
Esperamos que as nossas palavras e imagens cheguem até Prefeitura de Tramandaí e que ela através de seus órgãos competentes tome as providências necessárias e indipensáveis à proteção das nossas corujinhas. Ficaremos de olho e se isso não acontecer tomaremos nós mesmos as providências.
"Para nós a ecologia é mais do que uma figura de retórica. É uma prática que deve ser exercida diariamente!"
Este texto foi enviado para alguns mestres da UFRGS
De: PAM – Porto Alegre em Movimento
Para: Professor ...
Assunto: Debate – Guaíba Rio ou Lago
O porto-alegrense consciente sabe que a classificação do Guaíba tem menor importância do que a efetiva gestão dos recursos naturais deste imenso curso d água. No entanto, ambas as teses (rio ou lago) quando apresentadas em separado, e dentro dos rigores científicos, tem o condão de provocar reações diversas na população.
O debate “Guaíba - rio ou lago?”, não se trata uma mera polêmica por que tem haver com a própria identidade da nossa cidade. Existindo a possibilidade de equivalência de conceitos, a população deve ser chamada para democraticamente escolher a opção conceitual que mais lhe parecer convincente. Se ao longo deste processo uma das teses se fragilizar, acreditamos que a população acolherá a tese mais sólida, sem a necessidade da consulta popular.
Mas, para alcançarmos este estágio, ambas as teses devem ser necessariamente confrontadas, através de debates sérios fundamentados sob o ponto de vista da ciência, que devem necessariamente se espraiar por toda sociedade porto-alegrense.
Um evento desta natureza é uma oportunidade de ouro para a comunidade universitária. Pois, o debate pode servir como instrumento de divulgação das pesquisas elaboradas pelos diversos departamentos acadêmicos envolvidos, possibilitando maior interação entre eles e volatizando as trocas de experiências. Também, fortalece a instuição devolvendo a ela o status de centro pensante da nossa sociedade.
Lembramos que o debate aproxima a comunidade universitária dos trabalhos de pesquisas realizados, por conseguinte estimula a formação de um senso crítico-racional e propicia o surgimento de novos interessados no assunto, nossos futuros cientistas.
Também, acreditamos que o ponto inicial desta jornada de conhecimento deve ser a Universidade, em especial a Universidade Federal do Rio Grande do Sul por sua relevância no meio acadêmico científico nacional.
Portanto, gostaríamos de saber:
1. Sob a luz dos vossos conhecimentos científicos, como Vossa Senhoria classifica o Guaíba?
2. Estaria disposto a participar de um debate universitário sobre o tema: “Guaíba – rio ou lago”?
PAM – Porto Alegre em Movimento é uma Organização Não Governamental, apartidária, voltada à defesa da Cidadania e às questões ambientais de nossa cidade.
Obs.: O presente e-mail trata-se de um pré-contato para sabermos da disposição do corpo docente em aderir à idéia do debate. Referente à formatação e regras deverão ser discutidas em conjunto com todos os envolvidos no evento.
Desde já, somos gratos pela atenção dispensada,
PAM – Porto Alegre em Movimento.
As fotos desta postagem são atuais e comprovam: - O Guaíba ainda está vivo.
O “Movimento em Defesa da Orla do Guaíba” é um movimento surgido durante as manifestações de repúdio ao Projeto Pontal do Estaleiro, que pretendia lotear o Pontal do Mello com construções habitacionais de luxo. Bem como, nos eventos contrários à construção de espigões junto ao Cais Mauá, com a conseqüente descaracterização deste conjunto arquitetônico histórico.
conjunto arquitetônico secular ameaçado pela especulação imobiliária
O movimento é formado por representantes de entidades civis e cidadãos comuns, que passaram se encontrar periodicamente na câmara de vereadores para protestar contra o avanço da especulação imobiliária patrocinada pela indústria da construção civil e pelas bancadas de vereadores defensores do concreto em detrimento da boa qualidade de vida do cidadão porto-alegrense.
protestos na câmara marcam o surgimento do Movimento
(Assim como Kassab/São Paulo e Arruda/Brasília; nosso prefeito e as bancadas do concreto, em Porto Alegre, têm na indústria da construção civil sua grande fonte financiadora de campanhas eleitorais. E correspondem a este apoio monetário, aprovando projetos que beneficiam exclusivamente o empresariado e as classes privilegiadas. Inclusive podem ser vistos sendo orientandos por lobbystas no parlamento municipal, tendo em vista o parco conhecimento técnico de alguns edis, que são mestres do oportunismo e apedeutas quando o assunto é a administração da cidade.)
Lobbysta instrui verador durante votação
Deste convívio democrático, surgiu o consenso de que o bem mais precioso da cidade de Porto alegre, o nosso Guaíba, padece de ameaças constantes pela ausência do Estado no trato das questões ambientais e pela especulação imobiliária que quer privatizar bens notoriamente de uso comum, no caso em questão a orla do Guaíba.
Também, firmou-se a idéia de que não bastavam apenas protestos. E que diante da incompetência da grande parcela da nossa vereança nos assuntos ambientais era preciso dar um passo adiante, apresentando uma proposta urbanística concreta e viável para orla do nosso amado Guaíba.
A partir do convite da artista plástica, Zorávia Bettiol, um grupo de cidadãos porto-alegrenses passou a se reunir com a finalidade específica de discutir os temas ligados à orla. E coletivamente elaborar um “Projeto Urbanístico para Orla do Guaíba”. Um trabalho inédito feito por cidadãos para cidadãos. Uma alternativa ecologicamente correta, tendo em vista a inépcia e o comprometimento dos políticos e gestores públicos com seus financiadores de campanha, os empresários da construção civil.
as reuniões do movimento acontecem no Instituto dos Arquitetos do Brasil
Um projeto urbanístico para a orla do Guaíba não é uma tarefa fácil. É um trabalho multidisciplinar complexo e detalhista. O que segue abaixo são alguns apontamentos colhidos durante as reuniões preliminares do Movimento de defesa da Orla do Guaíba.
Relativo à área do Pontal do Estaleiro chegaram notícias de que o pagamento do preço de arremate em leilão está incompleto. Com relação à política urbana em Porto Alegre, foi dito que as atitudes do poder público extrapolam os limites da decência. E que por trás de um discurso pseudo-desenvolvimentista, lideranças políticas e empresariais cometem verdadeiras atrocidades contra a cidade, aponto de torná-la inviável sob o ponto de vista da mobilidade urbana, da qualidade do ar e águas do Guaíba. Uma espécie de vale tudo urbanístico no qual o lucro fácil e especulativo está acima das necessidades e do direito do cidadão ao ambiente ecologicamente qualificado.
Justino Chaplin esteve presente nas votações do Plano Diretor
Sem justificativas técnicas consistentes nosso parlamento municipal vem aprovando leis que andam na contramão da historia atual, que clama por atitudes efetivas em favor do meio ambiente para diminuição do aquecimento global. Leis dirigidas e orientadas pelo poder econômico para satisfação exclusiva de suas necessidades.
A elaboração de um plano urbanístico só pode ser feito sob uma plataforma técnica multidisciplinar. Ou seja, requer um grupo de profissionais nas mais variadas áreas do saber. O grupo já conta com a colaboração de profissionais renomados, tais como: arquitetos, biólogos, advogados e ambientalistas. Mas, isso não é a garantia para o sucesso da empreitada. Um trabalho desta monta envolve custos elevados e tempo disponível por parte dos profissionais envolvidos. Além disso, um projeto urbanístico para orla do Guaíba, não pode se restringir às margens circunscritas ao Município de Porto Alegre. Deve abranger toda extensão de margens e afluentes tributários do Guaíba.
Durante as discussões sobre o projeto urbanístico, foi sugerido por Zorávia Bettiol, a criação de um Museu das Águas, no prédio de um antigo frigorífico localizado no Cais do Porto Mauá. Um museu interativo, que desenvolva o tema da “água” nas suas diversas nuances e que se não restrinja somente aos aspectos físico-químicos da água. Tendo a água como fundo, o museu deverá discorrer temas como a importância histórica e influência do rio na formação da cidade, construção da sociedade, economia, artes e cultura regional.
Movimento em Defesa da Orla- Forum Social Mundial
O PAM - Porto Alegre em Movimento associou-se ao Movimento em Defesa da Orla do Guaíba, por que acredita que somente com a União da Sociedade poderemos combater os abusos dos políticos, coibir a privatização de bens de uso comum tutelados pela constituição e restaurar, sempre que possível, os ecossistemas degradados.
No ano de 2009, Carbon Kid e Eu, nos dedicamos intensamente às questões ambientais de nossa cidade. Instintivamente, para ter voz ativa no Movimento Ambientalista, nos tornamos de forma quase instantânea em videomakers, performers, fotógrafos, escritores e estrategistas.
Significou a consolidação de nossa carreira artística iniciada em 2008 com a exposição “PÁ-PÌRUS” na Usina do Gasômetro. Bem como, o reconhecimento do nosso trabalho por parte de algumas pessoas que passaram ser parte importante de nossas vidas.
Cabe repetir, que graças às maravilhas digitais, esta odisséia encontra-se registrada neste blog. Com parcos recursos construímos uma obra em vídeos fotos e textos, que ilustram própria história da cidade e a luta de alguns cidadãos em prol da boa qualidade de vida.
Embora, seja um trabalho prazeroso a causa ambiental por vezes se torna cansativa. Pois, temos que largar as atividades de sustento para enfrentar políticos defensores do concreto e da especulação imobiliária. Ganhamos e perdemos algumas das batalhas.
Por isso, resolvemos tirar no início de 2010 alguns dias de férias para fazer um balanço e sondar as perspectivas. Também, para saber se continuaríamos na luta, já que ainda não alcançamos a sustentabilidade através deste trabalho.
Fomos para o litoral próximo. A vidinha estava numa relax, numa tranqüila, numa boa. Quando íamos para a praia sempre topávamos com algumas corujas-burauqueiras guardando a entrada das tocas. Este tipo de coruja vive em famílias, seu nome científico é “athene cuniculária”.
As tocas ficam no meio da face oeste das dunas de Tramandaí, protegidas dos ventos marinhos. São sete tocas, é legal vê-las tomando um sol. Elas têm uma certa tolerância ao homem. Quando assustadas elas dão vôos rasantes e fazem um som estridente.
Mas, o que não tava legal era o lixo que começava a ser carreado para base das dunas. Inclusive identificamos paus e pedras que haviam sido jogadas nos buracos das corujinhas por algum desocupado.
Diante deste quadro terrível resolvemos por bem suspender um pouco as férias e tomar alguma atitude na defesa das corujinhas. Faríamos algumas placas identificando a espécie de coruja, pedindo respeito e para não jogar lixo no local. Fui atrás de material. Encontrei jogado em terrenos baldios fundos de gaveta brancos, alguns sarrafos e restos de tintas da reforma do prédio em que estávamos. Pronto já tínhamos tudo o que precisávamos era só literalmente por mãos à obra.
Carbon Kid, não estava muito inspirado. Então confeccionei as placas e as pintei durante os períodos do dia em que caiam as chuvas de verão. Razão pela qual a instalação ficou para último dia de nossas curtas férias.
Nos dirigimos até as dunas e em frente a cada toca colocamos uma placa. Ficou bem legal, enquanto realizava a empreitada Carbon kid fazia o registro em fotos e vídeos. Com a ajuda da Internet, recolhemos mais informações sobre os bichinhos e editamos e demos ao trabalho o nome de “Protegendo as Corujas-buraqueiras”.
Encerrada nossa estada na praia restou-nos a certeza de que a ecologia não tira férias. Ainda não sabemos se devemos continuar com trabalho, a subsistência está nos exigindo a presença em outros setores da sociedade. Mas, enquanto pudermos continuaremos prestando nossa colaboração às causas ambientais.
Mais uma coisinha, a coruja-buraqueira diferencia-se da outras corujas por ter hábitos diurnos, não apresentar sobrancelhas. Como as demais corujas enxerga 100 vezes mais que o homem.