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sábado, 10 de julho de 2010

MORRO SANTA TEREZA - FIQUE POR DENTRO



Passado

Segundo o historiador, Eduardo Bueno, a cerca de 400 anos atrás, o Morro Santa Tereza, Porto Alegre, foi ocupado pela população mais antiga que se tem notícia nesta região: a tribo dos índios Arachanes. Descritos como grandes aventureiros, exímios pescadores, estes índios também eram conhecidos pela utilização de centenas plantas e ervas curativas.

Fator estratégico para a segurança da tribo, os 148 metros de elevação do Morro Santa Tereza ofereceram ao nosso povo ancestral o supremo privilégio de poder contemplar 360º de uma natureza exuberante e selvagem; sem qualquer interferência produzida pelas mãos do homem branco. O tempo passou... Eles desapareceram quase sem deixar vestígios e junto com eles se perderam os costumes, crenças e todo o precioso conhecimento sobre as plantas e ervas, adquiridos ao longo do tempo. Uma importante cultura foi inteiramente apagada da face da terra.


Por mais incrível que isto possa parecer, uma pequena parte do território dos Arachanes resistiu ao tempo, aos efeitos da poluição, avanço da urbanização e especulação imobiliária. Estudos realizados pela Fundação Zoobotânica apontam que atualmente nos 74 hectares do Morro Santa Tereza, que pertencem à FASE (Fundação de Atendimento Sócio – Educativo), existem 11 nascentes de água, matas nativas e campos rasteiros praticamente intocados. Um ecossistema representativo da nossa terra antes do desenvolvimento (?).

A denominação “Morro Santa Tereza” se deve a Dom Pedro II, que em 1845 adquiriu as terras do morro, no então Arraial do Menino Deus, mandando ali construir o Colégio Santa Tereza para abrigar moçoilas órfãs. O nome escolhido foi uma homenagem a sua esposa Tereza de Bourbon. Outro acontecimento fantástico é que ainda existem no local, vestígios da construção original do colégio.

Presente

Por ser uma área que pertence ao governo do Estado, a área da FASE apresenta índices de ocupação mínimos. Encontrando-se no seu entorno ainda algumas casas e prédios de classe média regularizados. Mas, na grande maioria da área periférica da FASE podem ser vistas aglomerações populacionais. São vilas instaladas de maneira irregular, algumas famílias construíram suas moradias no local há mais de 40 anos. Não se tem uma contagem oficial desta população; mas estima-se que morem ao redor da FASE 1,5 mil famílias.

Estas famílias estão distribuídas em 7 vilas, são elas: Vila Gaúcha, União Santa Tereza, Santa Rita, Barracão, Ecológica, Figueira e Vila Padre Cacique. Todas elas contam com associações de moradores possuidoras de alto grau de organização e interatividade. Bem como, as lideranças são extremamente atuantes e carismáticas.




Apesar dos esforços de ambientalistas, ONGs, de alguns políticos, foi através da mobilização das associações de moradores do Morro Santa Tereza, que a cidade de fato abriu os olhos para a tentativa de venda repentina e acelerada da área FASE. Ante a ameaça da perda de seus lares as comunidades do entorno se uniram e saíram às ruas para protestar várias vezes. Pressionaram e compareceram em peso nas três votações do PL 388. Votações nas quais a bancada parlamentar de Yeda tentou forjar uma lei para a venda daquele precioso patrimônio público por preço aviltante.

Ao longo das três semanas de votação, irregularidades e inconsistências ligadas ao projeto de venda foram sendo conhecidas pela opinião pública. Entre elas destacamos as seguintes:

- A avaliação feita por empresa terceirizada, do valor de CR$79.376.000,00 por 74 hectares em zona nobre da cidade, sendo que apenas os DOIS hectares do antigo Estádio dos Eucaliptos, estão avaliados em R$20.000.000,00 (semelhante ao caso da arena do Grêmio, em que uma área do Estado no valor de R$ 35.000.000,00, foi trocada por outra no valor de R$ 3.000.000,00). Tais fatos têm o condão de sugerir que estes negócios são manobras deslavadas em favor da especulação imobiliária;

- A empresa contratada não pertence ao setor imobiliário, da engenharia, da arquitetura ou agrimensura. Sua atividade fim está ligada a sinalização de aeroportos (?) e à alimentação (?). Sua contratação foi feita em 2006, sem licitação pública;

- Alardeada a venda como forma de patrocinar a “descentralização da FASE”, sobre o assunto propriamente dito, “descentralização”, não foi apresentada nenhuma linha. Circularam apenas as plantas para construção de uma nova unidade e a boa intenção (?) do governo em rever a situação pedagógica dos internos da FASE;

- Segundo alguns deputados estaduais, a descentralização poderia ser feita com recursos oriundos da venda de ações do BANRISUL, que rendeu aproximadamente R$ 1 bilhão de reais aos cofres públicos;

- O projeto de lei para a venda do Morro não ofereceu garantias quanto à proteção das matas nativas,vertentes e sítios históricos;

- Também, não apresentou garantias relativas à manutenção e regularização das moradias existentes no entorno da área a ser vendida.

Futuro

Afastada (temporariamente) a possibilidade da venda do terreno da FASE, com a retirada pelo governo do pedido de urgência para a votação do PL 388. Não deve a sociedade baixar a guarda. Mesmo diante das declarações públicas do governo que se sucederam, de desistência da venda e de interesse na criação de um parque público no terreno da FASE. Pois, como sabemos a moralidade e o cumprimento de promessas de campanha eleitoral não fazem parte do cotidiano de nossos políticos.


Também, deve-se insistir junto ao município, que este regularize os lotes de moradores que não ofereçam risco de morte aos moradores, que não estejam dentro de áreas valor histórico/paisagístico ou de proteção ambiental permanente. Bem como, se proceda mais rápido possível, o cadastramento de moradores para evitar o inchaço da população no entorno do futuro parque.


O Parque do Morro Santa Tereza pode ser considerado como a maior novidade em termos urbanísticos das últimas décadas para a cidade de Porto Alegre. Por isso, a sociedade deve emanter-se vigilante e deve exigir do governo que cumpra sua promessa de transformar efetivamente os 74 hectares da FASE, no Morro Santa Tereza, num belíssimo parque público.



terça-feira, 1 de junho de 2010




Revirando um álbum de família, deparei-me com uma crônica poética escrita em 1958. Foi como se uma brisa fresca saísse daquelas páginas amareladas. Fui possuído por uma sensação nostálgica de algo que não tinha vivido. Naquelas singelas palavras um pouco de bucolismo, lirismo, paixão e a narrativa de um paraíso perdido. Neste idílio ainda encontrei uma definição para o Guaíba; uma definição daquelas que somente os poetas conseguem fazer.

“Hoje eu revi o Guarujá! Sim! Revi aquele Guarujá alegre e acolhedor; aquele Guarujá que rescende perfume por todos os lados; aquele Guarujá que em cada cantinho, esconde uma beleza e uma beldade...

Aquele Guarujá em cujo céu a cada nesguinha que nossos olhos divisam é por si só uma poesia... Aquele Guarujá, cujas praias alvas são o protótipo, se não o próprio retrato do criador. Aquele Guarujá, em cujas terras vive, sonha e medita a mais linda de todas as fadas.

Aquele Guarujá, em cujos jardins encantados encontrei certo dia essa linda fada banhando-se nos raios dourados do sol ou nas águas serenas desse rio, que não é rio nem lago... Mas, sim um mar encantado de águas doces. ”


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Lenda do Rio Guaíba

Num passado muito distante quando não havia cidades grandes, automóveis, televisão e nem internet, uma grande seca castigou a terra dos índios Arachanes. Os rios secaram e os peixes morreram. A caça não era mais encontrada com tanta facilidade. Os Arachanes entraram em pânico com aquela situação calamitosa.

Por isso, guerreiros se reuniram e foram falar com o pajé e conselheiro Amberê. O pajé lhes disse que deveriam realizar um ritual tribal para pedir a ajuda de Cesy, a mãe natureza. Na primeira lua cheia acenderiam o fogo sagrado e em volta dele dançariam e cantariam em louvor à mãe até entrar em sintonia com a bondosa Senhora. Mas alertou:

- A mãe só nos dirá o que fazer se todos demonstrarmos que realmente nos preocupamos uns com os outros!
E, assim foi feito... O pajé conhecedor dos rituais mágicos preparou a fogueira sagrada.A celebração começou. Desta vez homens, mulheres e crianças dançaram e cantaram juntos em volta da fogueira.

Dançaram sem parar durante horas, quando de repente... As chamas da fogueira aumentaram... E uma voz doce e serena chegou aos ouvidos de toda tribo.

- Meus amados filhos da tribo dos Arachanes, o que está por vir é muito grave! O clima vai piorar ainda mais... Vocês provaram ser unidos e que tem amor uns pelos outros. Eu posso sentir isto nesta noite mágica. Por isso, num sonho mostrarei ao Pajé Amberê, onde podeis encontrar um lago. Em volta deste lago vocês poderão sobreviver durante estes dias difíceis. Mas, isto só será possível se seguirem as regras que ensinarei ao pajé...
Após ouvirem estas palavras as chamas voltaram ao normal e todos em silêncio foram para suas ocas. Com os primeiros raios de sol na manhã seguinte a tribo se reuniu em frente oca do pajé. Amberê foi até eles e disse::

Nossa mãe cumpriu com a palavra! Mostrou-me o caminho do lago. Também, ensinou as coisas que devemos fazer para que todos sobrevivam quando chegarmos lá. A água do lago pertence a todos, deve ser usada para matar a sede, cozinhar, tomar banho e também para o cultivo de alimentos para todos. Todos devem cuidar e morar longe das margens do lago, nunca jogar lixo ou restos de animais nas águas do lago. Na estação da caça, nunca abater fêmeas prenhas ou com filhotes, caçando apenas o suficiente para satisfazer a fome da tribo. Pescar somente nas estações mais frias, quando faltam alimentos para os homens e os animais. Se cortarem uma árvore para fazer uma oca; plantem outra. Ela estará pronta para construir um abrigo para seus filhos quando ele crescerem.

Depois de ouvirem o pajé Amberê, cada membro da tribo foi até sua oca pegar seus pertences para partir em busca do lago.

Foi uma jornada penosa. Às vezes faltavam forças para dar um único passo à frente. Então, Amberê relembrava as palavras da mãe natureza. Isto encorajava todos a seguir adiante. Passaram por regiões muito devastadas pela seca. Lugares onde antigamente corriam rios, agora davam lugar a uma terra seca e rachada.

Por todos os lados carcaças de animais mortos e aldeias abandonadas. Todos se perguntavam sobre onde teria ido parar toda aquela gente. Quando a desesperança se abateu sobre todos, alguns guerreiros começaram a duvidar das palavras da mãe natureza e questionar os conhecimentos do pajé. Foi então, que chegaram num vale gigantesco e no meio do vale avistaram o lago.

No vale, além do lago haviam pequenos arbustos desbotados e retorcidos espalhados por todas as direções. Seguindo as orientações do pajé, os Arachanes construíram suas ocas bem longe do lago.

A vida era difícil, mas a tribo não passava fome. Pequenos frutos colhidos nos arbustos eram repartidos entre todos. Sempre tinham cuidado de deixar alguns frutos nos arbustos para alimentar os animais que apareciam no vale. Os alimentos cultivados nas hortas eram consumidos nos dias em que não encontravam frutos ou animais para abater.

As chuvas voltaram aos poucos , fazendo o lago aumentar de tamanho. O verde se espalhou pelo vale e animais selvagens já podiam ser vistos com freqüência. Os ensinamentos da mãe natureza eram seguidos e respeitados por toda tribo.

A roda do tempo girou e os pequenos arbustos deram lugar a uma floresta de árvores altas. O lago alimentado pelas chuvas cresceu a ponto de ficar bem próximo da aldeia. Então, Amberê reuniu a tribo e disse:

– Irmãos da Tribo dos Arachanes! Nós teremos que levar nossas ocas para longe das margens do lago. Por que assim nos ensinou a mãe...

O guerreiro Cauré um filho rebelde protestou. Falou que não havia necessidade de mudar para longe por que o Lago era grande o suficiente para todos morarem em sua volta. Também, disse que os tempos eram de fartura e que Amberê estava muito velho para comandar a vida da tribo dos Arachanes. Pior, não acreditava mais em Cesy, mãe natureza.

Cauré não se mudou e sua atitude o foi copiada por toda tribo. Pajé Amberê ficou desolado com a tribo. Sabia que havia uma razão para que todos seguissem os ensinamentos da mãe natureza. Magoado, juntou as poucas coisas que possuía e foi morar numa serra próxima ao vale.

Sem a presença de Amberê para orientar a vida da tribo, os ensinamentos da mãe natureza foram logo esquecidos. As ocas se multiplicaram à beira do lago. As hortas comunitárias foram abandonadas e o mato tomou conta.

Nas caçadas, os guerreiros abatiam mais animais do que necessitavam para matar a fome da família. O resultado eram muitas sobras, ossos e carcaças que pela proximidade eram impiedosamente jogados no lago.

Para fazer ocas de maior conforto, a tribo derrubou as árvores crescidas nos últimos anos.

As ocas maiores ocuparam praticamente toda orla do Lago. Espantando os animais que se abrigavam nas árvores ou que iam até ao lago beber água.

A maioria destes animais terminou por abandonar o vale e foi procurar outro lugar, mais tranqüilo, para morar.

Além de restos de animais, os Arachanes adquiriram o péssimo habito de jogar no lago todo o tipo de objetos que não lhes tinha mais serventia. O lixo e os animais mortos jogados nas águas poluíram toda a orla, causando a morte de milhares de peixes. A água contaminada provocou doenças, feridas pelos corpos. As crianças foram as que mais sofriam. A peste e a fome mais uma vez ameaçou a tribo.
Sem alternativas só restava procurar o pajé e para pedir ajuda. Levaram vários dias até que encontraram o pajé. Ele estava morando em uma caverna no alto de uma montanha. Após ouvir as queixas da tribo, o pajé desabafou:

- Irmãos, nossa mãe nos guiou até este lago. Além disso, ela devolveu a esperança na vida quando restava apenas aguardar pela morte. Ouviu nosso pedido de socorro e ensinou como superar as dificuldades. Mas, vocês desprezaram estes ensinamentos. Vejam a tragédia que aconteceu: os peixes morreram, os animais sumiram e a floresta foi devastada.
Continuou...

- Aqui do alto acompanhei com muita tristeza o desatino de todos e a destruição do vale pelas próprias mãos dos Arachanes. Procurem os índios mais velhos da tribo. Eles dirão como foi que chegamos a este vale. Desta vez não poderei ajudá-los. Lembrem-se, para conseguir falar com nossa mãe terão que agir de forma corajosa, despretensiosa e persistente.

De volta à aldeia, os índios mais novos da tribo souberam do ritual que os antigos haviam feito para entrar em sintonia com a mãe, das regras ensinadas por ela e da difícil jornada até encontrar o Lago.

Diante do caos em que se encontravam trataram de preparar mais uma vez o antigo ritual tribal.

Na primeira noite dançaram e cantaram até não agüentar mais. Porém, nada aconteceu. Quando o sol preparava-se para nascer no horizonte, o guerreiro Urissanê, tomou coragem e em frente todos, assumiu sua culpa por ter se afastado dos ensinamentos da Mãe Natureza. Seu gesto foi repetido por todos os guerreiros mais velhos. A tribo se dispersou silenciosamente após todos prometerem que na noite seguinte tentariam novamente entrar em sintonia com Cesy.

Também, na segunda noite, a mãe natureza não se manifestou. Alguns já pensaram em se entregar à morte, quando o guerreiro Arani disse: - Irmãos, não percam as esperanças. Enquanto pudermos ficar em pé, teremos que continuar. Devemos isto aos nossos filhos. Eles não podem ser prejudicados pelas atitudes erradas que nós tomamos.

Na terceira noite ficou acertado que só participariam da dança os mais velhos. Os jovens guardariam suas energias para partir em busca de um novo local para morar.

A dança começou bem cedo. Por volta da meia noite os vigorosos passos foram trocados por um arrastar de pés. Mas, ninguém desistia. Quando alguém caía no chão, o guerreiro Cauré estendia sua mão, levantava o irmão e a dança mística continuava.

Um por um os guerreiros foram tombando. Até que sobrou em pé apenas Cauré. Ele continuou cantando e dançando sozinho até que as forças lhe faltaram. Então, caiu de joelhos e ao bater no chão exclamou:


- Sei que não somos merecedores, mas... Perdão, ó minha mãe!

Neste exato momento, fachos de luz saíram da fogueira e iluminaram a aldeia. As chamas aumentaram e a voz da Mãe Natureza foi ouvida por toda Tribo:

- Meus queridos, os erros de um filho sempre trazem dor ao coração de uma mãe. Mas, ela sempre está pronta para perdoar este filho quando sente que ele realmente está arrependido do mal que praticou.

Os guerreiros caídos aos poucos começaram a se levantar e os mais novos deixaram as ocas para se aproximar da fogueira. Mãe natureza continuou:

- Apesar do sofrimento que vocês estão enfrentando, para mim hoje é uma noite de alegria. Pois, não há felicidade maior para uma mãe do que ver que um filho que seguiu pela trilha do mal, reencontrou novamente o caminho do bem. Por isso seus esforços serão recompensados. Podeis ir tranqüilamente para as suas ocas... Amanhã vocês terão uma grande surpresa!

Todos seguiram as ordens da mãe e lentamente dirigiram-se para as ocas.

No outro dia ao sair das ocas a tribo quase não acreditou no que viu. O lago havia se transformado num imenso rio de águas correntes. Concluíram, que era um presente da mãe natureza para a tribo dos Arachanes e deram ao rio o nome de Guaíba.


Na beira do rio avistaram o Pajé, que estava a admirar aquele belo cenário. Cheios de alegria a tribo cercou o pajé. O Pajé Amberê aproveitou a oportunidade e falou:

- Meus Irmãos, eu espero que vocês nunca mais esqueçam o que acontrceu aqui. Lembrem-se, de sempre proteger a água do rio dos Arachanes. Pois água é o nosso maior tesouro. Sem água a floresta não cresce e os animais desaparecem. O guerreiro mais valente perde suas forças e vai ao chão como se fosse golpeado por um inimigo invisível. Preservar a água, é também preservar a vida.
O pajé falou que seu tempo na terra dos Arachanes estava por terminar. Iria embora com felicidade no seu coração, pois seu povo havia recuperado juízo. Alertou que todos viveriam felizes para o resto de suas vidas se continuassem seguindo os ensinamentos da Mãe Natureza.

Assim que parou de falar, o Pajé Amberê abriu caminho na multidão e partiu rumo às montanhas que cercavam o vale e nunca mais foi visto.

FIM



GLOSSÁRIO
Amberê: tupi-guarani, sf. relâmpago.
Arachanes: Pertencem a grande família dos índios Guaranis, apontados como os moradores mais antigos das margens do rio Guaíba. Foram dizimados com a chegada dos imigrantes açorianos em 1714, mais pelas doenças dos brancos (gripes etc..), do que por conflitos. Também conhecidos por índios “Arachas ou Arachanes que eram ótimos nadadores o nome “Aracha – Arachanes” significa PATOS por isso o nome Lagoa dos Patos (Lagoa dos Arachas).
Arani: tupi-guarani, sf. Tempo furioso.
Cauré: tupi-guarani, sf. Espécie de Gavião.
Cesy: tupi-guarani, sf. Mãe Superior.
Guaíba: tupi-guarani, sf. lugar onde o rio se alarga ( gua (grande) + y (água, rio) + ba (lugar) ).
Tupã: tupi-gurani, sf. Deus.
Urissanê: tupi-guarani, sf. Vagalume, pirilampo .

INDIOS ARACHANES

Os índios Arachanes pertencem à família dos Índios Guaranis. Habitavam de Norte a Sul e pelo centro do atual Rio Grande do Sul, entre a Serra Geral e a Lagoa dos Patos. Alguns estudiosos estimam que esta ocupação tenha se dado por volta de 6.500 anos A.C.. Os Arachanes praticavam a agricultura e eram conhecidos por ser uma tribo organizada e pacífica.

Foram eles que deram ao rio dos porto-alegrenses o nome de “Guaíba”, que significa na língua Guarani, lugar onde o rio se alarga (gua (grande) + y (água, rio) + ba (lugar) ).

Quando os primeiros exploradores espanhóis e portugueses, no século XVI, vieram a conhecer a terra dos Arachanes, a região onde atualmente se encontra a cidade de Porto Alegre, encontraram na localidade os índios Arachanes.

Através desta tribo os colonizadores ficaram sabendo que o rio largo que corria naquelas belas paragens se chamava Guaíba.

Mais de 300 anos se passaram e as coisas mudaram radicalmente no território dos Arachanes. Os arachanes desapareceram da face da terra, mas o nome do rio não.

Ultimamente, alguns intelectuais encasquetaram em chamar este rio de lago. Mas, o povo continua dizendo que as águas que banham a cidade de Porto Alegre são as águas do “Rio Guaíba”. Não há como duvidar deste fato. O povo tem sabedoria. Afinal, a voz do povo é a voz de Tupã.
O RIO GUAÍBA

Os canais dos Rios: Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí, convergem para o delta do rio Jacuí, e daí seguem pelo leito do Guaíba como um único canal até a Ponta de Itapuã. É um canal natural com 50 km de comprimento e 8 metros de profundidade, que resulta da captura fluvial e mantém uma largura e profundidade suficientes para permitir a navegabilidade ao longo de todo o seu perfil.

Este canal desaparece no leito da Lagoa dos Patos por soterramento. Aqui a deposição de sedimentos preencheu este canal e canais de outros rios e o cobriu com uma camada de lama de mais de 6 metros de espessura, durante os últimos milhares de anos.

No entanto, ao longo de todo este tempo, o Guaíba com o vigor dos seus escoamentos restringiu a deposição da lama, preservando a forma do canal principal, diferentemente do destino que tiveram os canais no interior da Lagoa dos Patos.

No Guaíba, num rio, ocorre o inverso do que normalmente se observa em um lago, lagoa ou laguna, locais onde a circulação restrita favorece a deposição. No Guaíba prevalecem os escoamentos, que acompanham os gradientes do terreno submerso, numa direção preferencial ao longo de ano todo, para sudeste.

Os fluxos são tão expressivos em volumes e velocidades que o tempo de residência das suas águas, entre a Usina do Gasômetro e a Ponta de Itapuã, é em média de 10 dias. Ou seja, as vazões da rede de drenagem que ingressa no Guaíba são suficientes para renovar as suas águas e transportar os sedimentos suspensos num curto intervalo de tempo, numa escala de fluxos correspondentes aos rios de montante, de modo bem diverso da Lagoa dos Patos onde este tempo é medido em meses.

O canal principal também exerce um controle na distribuição dos sedimentos finos depositados no fundo, preferencialmente ao longo do seu eixo. Lagos, lagoas e lagunas não possuem este modo de escoamento, nem um curto tempo de residência, nem canais controlando a sedimentação.

O Guaíba, além dos seus escoamentos e do canal, possui uma ampla superfície exposta à ação dos ventos que favorecem o desenvolvimento das ondas. Esta outra forçante hidrodinâmica possui direção de propagação e intensidade diretamente proporcional a força dos ventos e incidem sobre as margens com energia suficiente para construir extensas praias e pontais arenosos e, também movimentar constantemente as areias presentes no fundo raso do Guaíba.

Portanto, podemos com base em fundamentos, hidronamicos, sedimentológicos e geomorfológicos afirmar que parte da rede hidrográfica de sudeste do estado do Rio Grande do Sul alcança os seus limites mais distais no interior do Guaíba até a Ponta de Itapuã, local onde ocorre a transição do rio, Rio Guaíba, para outro ambiente, a Lagoa dos Patos.

Artigo do professor Elírio Ernestino Toldo Jr./ Professor CECO/IG/UFRGS- Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica/ toldo@ufrgs.br

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Quem (?) & Kid Enfrentam os Poderosos Parte 15



PAM – Porto Alegre em Movimento orgulhosamente tem o prazer de apresentar:

“A Lenda do RIO Guaíba”

Uma história inspirada em mitos e lendas indígenas, que vem para restaurar o orgulho do porto-alegrense que acredita que o Guaíba é o nosso “RIO”.

Para conhecer esta prosa poética, que pretende se firmar como um grande conto épico sobre nosso “RIO”, clique no Link a seguir e boa viagem!




Sobre o Nosso RIO Guaíba


Em 1998, quando foi editado o ATLAS de Porto Alegre que classificou o Guaíba como um lago, eu Famoso Quem (?), confesso que fiquei seduzido pela idéia. Rapidamente assimilei o conceito.

Cometi grave erro ao facilmente aceitar aquela tese soberbamente encadernada, sem ao menos ouvir as opiniões contrárias. Afinal, não se tratava apenas de uma mudança de conceito geográfico. O assunto mexia diretamente com a identidade da cidade de Porto Alegre, que sempre se orgulhou de seu belíssimo RIO.

Pior, a mudança de classificação implicava em alterações significativas na aplicação das leis de proteção ambiental no curso de água Guaíba. Parece bobagem, mas nossas leis protegem mais rios do que lagos. Os rios são protegidos por leis federais e os lagos pelas leis municipais.
É por isso que para os políticos de Porto Alegre é conveniente que o Guaíba seja catalogado como um lago. Desta forma eles podem dispor e transformar o RIO Guaíba e suas margens num balcão de negócios a pretexto de meras políticas desenvolvimentistas exclusivistas. Como no caso da Favela Chique “Pontal do Estaleiro”.


A polêmica Guaíba, RIO ou lago; não é uma “histeria de ambientalistas”, como tentam sugerir alguns de nossos principais cronistas. É uma discussão de suprema relevância, pois a revisão urgente do conceito vigente (lago), pode servir como antídoto contra a ganância depredatória de empresários e políticos de nossa cidade.

Nossa certeza de que o Guaíba é um RIO se fundamenta em critérios científicos, em especial os ensinamentos dos professores Elírio Ernestino Toldo Jr. Professor CECO/IG/UFRGS (Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica) e Luiz Emílio Sá Brito de Almeida Professor IPH/UFRGS (Instituto de Pesquisas Hidráulicas), lições estas passamos a expor no texto adiante:


“Os canais dos Rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí, convergem para o delta do rio Jacuí, e daí seguem pelo leito do Guaíba como um único canal até a Ponta de Itapuã. É um canal natural com 50 km de comprimento e 8 metros de profundidade, que resulta da captura fluvial e mantém uma largura e profundidade suficientes para permitir a navegabilidade ao longo de todo o seu perfil.




Este canal desaparece no leito da Lagoa dos Patos por soterramento. Aqui a deposição de sedimentos preencheu este canal e canais de outros rios e o cobriu com uma camada de lama de mais de 6 metros de espessura, durante os últimos milhares de anos.



No entanto, ao longo de todo este tempo, o Guaíba com o vigor dos seus escoamentos restringiu a deposição da lama, preservando a forma do canal principal, diferentemente do destino que tiveram os canais no interior da Lagoa dos Patos.


No Guaíba, num rio, ocorre o inverso do que normalmente se observa em um lago, lagoa ou laguna, locais onde a circulação restrita favorece a deposição. No Guaíba prevalecem os escoamentos, que acompanham os gradientes do terreno submerso, numa direção preferencial ao longo de ano todo, para sudeste.


Os fluxos são tão expressivos em volumes e velocidades que o tempo de residência das suas águas, entre a Usina do Gasômetro e a Ponta de Itapuã, é em média de 10 dias. Ou seja, as vazões da rede de drenagem que ingressa no Guaíba são suficientes para renovar as suas águas e transportar os sedimentos suspensos num curto intervalo de tempo, numa escala de fluxos correspondentes aos rios de montante, de modo bem diverso da Lagoa dos Patos onde este tempo é medido em meses.

O canal principal também exerce um controle na distribuição dos sedimentos finos depositados no fundo, preferencialmente ao longo do seu eixo. Lagos, lagoas e lagunas não possuem este modo de escoamento, nem um curto tempo de residência, nem canais controlando a sedimentação.


O Guaíba, além dos seus escoamentos e do canal, possui uma ampla superfície exposta à ação dos ventos que favorecem o desenvolvimento das ondas. Esta outra forçante hidrodinâmica possui direção de propagação e intensidade diretamente proporcional a força dos ventos e incidem sobre as margens com energia suficiente para construir extensas praias e pontais arenosos e, também movimentar constantemente as areias presentes no fundo raso do Guaíba.



Portanto, podemos com base em fundamentos hidrodinâmicos, sedimentológicos e geomorfológicos afirmar que parte da rede hidrográfica de sudeste do estado do Rio Grande do Sul alcança os seus limites mais distais no interior do Guaíba até a Ponta de Itapuã, local onde ocorre a transição do rio, o Guaíba, para outro ambiente, a Lagoa dos Patos.”

Porto-alegrense, quando alguém lhe perguntar se o Guaíba é rio ou lago, estufe peito diga sem medo:


- O Nosso Guaíba é um RIO. Lago é invenção de uns poucos intelectuais para satisfazer interesses exclusos de políticos e empresários.











Dia 23 de agosto diga NÃO à "Favela Chique - Pontal do Estaleiro"

Cidadania é o Direito de Viver em Harmonia
Defenda Nossa Cidade



Nesta postagem, oferecemos ainda um Bonus Treck, vídeo “Morte de Plástico no Dia Mundial do Rock, basta clicar no link abaixo. É diversão garantida!





terça-feira, 28 de outubro de 2008

O FABULOSO LIVRO DE MENSAGENS DOS VISITANTES DE PÁ-PÍRUS





“Mensagens/e-mail”, foi o nome que atribuímos ao livro de presenças de nossa Instalação Poética. Ele ficava em posição de destaque em frente à sala do poeta. Idealizado para coletar comentários dos visitantes e e-mails para contatos futuros, o livro transformou-se num fenômeno gratificante e enriquecedor de nossa exposição.




Em primeiro lugar vamos aos números: O livro foi assinado por mais de 400 pessoas. Destas aproximadamente 10% não eram de Porto Alegre. Isto é, 17 eram visitantes vindos de cidades do interior do RS (Alegrete, Canoas, Caxias do Sul, Gramado, Gravataí, Jaguarão, Minas do Leão, Nova Prata, Nova Bassano, Pelotas, Passo fundo, Rio Pardo, Rio Grande, Santa Maria, Sapucaia, Vale Verde, Viamão).



De outras localidades do Brasil, apareceram visitantes de 18 cidades (Blumenau-SC, Belém-PA, Brasília-DF, Bochi-SC, Cascavel-PR, Campos-RJ, Curitiba-PR, Goiania-GO, Mercedes-PR, Manaus-AM, Paraná-SP, Recife-PE, Rondonópolis-RO, Rio de Janeiro-RJ, São Paulo-SP, Sorocaba-SP).
Do estrangeiro, ficaram consignadas a presença de turistas visitantes de 09 nacionalidades diferentes. (Canadá, Chile, Espanha, França, Inglaterra, Kênia, México, Uruguai, USA).



Em todos os dias de nossa instalação, recebemos calorosos cumprimentos dos visitantes pelo trabalho e incentivos para continuarmos desenvolvendo nossa proposta artística. No livro de presenças, a coisa ia mais além. Pessoas passaram não só o elogiar o trabalho, mas também a beleza da cidade de Porto Alegre, fazer pequenas confidências, apareceram pitadas de nonsense, desenhos de artistas urbanos, poemetos.


Um maravilhoso mosaico de manifestações foi se formando. Tanto que, antes de escrever alguns se deliciavam lendo o que outros haviam escrito. Inclusive, para alguns freqüentadores habituais da Usina vasculhar nosso livro de mensagens a procura de novas curiosidades era programação obrigatória. Evidentemente, isto também fazia com sentíssemos orgulho. Pois, percebíamos que havíamos sensibilizado os visitantes com a idéia central de nossa exposição: “a ousadia do simples”. Conseguindo nos expressar, encantar e interagir significativamente com o público. E prova concreta disto estava ali, escrita pelas mãos de nossos visitantes.



Transcrevemos, a seguir algumas destas mensagens:

- Orgânico; diferente... alucinógeno!(Izadora A. Fontoura)

-Na falta de palavras para descrever as emoções nada melhor do que somente parar e admirar. (Luciana Plentz)

- Gostei do som é único. (Beth)

-A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao estado normal. (Carlitos)

-Chove, mas a poesia e beleza de Poa mantém o sol em mim. (Márcia)

- Caros Amigos, Sou de POA, ma moro em Curitiba faz anos, mas cada vez que venho para cá, me apaixono mais por esta cidade “Alegre” e “Bonita”. Parabéns!!! Por este espaço felicidades.

- Se você ama e não é amado, fume maconha e fique chapado. (Marielly)

-Adorei a nossa primeira vez. (Lú)

- A exposição é muito louca (Ana T.) -Estivemos passeando e matando serviço. (Anelise/outras)


- Simples Genial - Parabens! (E. Sauer)


Já no final da exposição, o livro estava quase todo preenchido. Na noite, quando íamos embora, deixávamos outro livro substituto. A exposição ficava algumas horas do dia sem a nossa monitoria e opiniões as espontâneas colhidas se tornaram um valioso tesouro para o Carbon Kid e eu , o Famoso Quem(?).

Melhor do que falar sobre este glamoroso livro é mostrá-lo na integra. Por isso estamos disponibilizando todas as mensagens, para deleite de nossos admiradores, num álbum na web. Basta que clicais neste link:



Também tem youtube mais dois vídeos ilustrativos de nosso trabalho. Para vê-los , podeis clicar tranquilamente no link após o respectivo título :



A sétima história tratar-se-á de nossas considerações finais sobre a Instalação Poética Pá-Pírus.

POAemMovimento

POAemMovimento é coletivo de arte, dedicado a exercer a voz da cidadania, com o uso sem restrição, de toda e qualquer forma de expressão artística.

Advogado e Artista Plástico

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