sexta-feira, 11 de novembro de 2011

POAemMovimento e Moacyr Scliar



Conheci os romances de Moacyr Scliar na minha adolescência. Na época não sabia muito bem o significado da palavra “surrealismo”. Mas, aquele jeito de contar histórias misturando imagens reais com acontecimentos fantásticos tinha muito a ver comigo, de forma que não foi preciso muito para virar um leitor daquele escritor.

O primeiro livro que li foi “Os Deuses de Raquel”, cujo narrador era o “olho que tudo sabe, que tudo vê”. Perdia o sono pensando naquele misterioso contador da história. O segundo, O Exército de um homem Só, me cativou por ser uma história aparentemente simples na sua essência. No entanto, o personagem principal, Mayer Guinzburg, trazia uma carga dramática muito densa e o desejo dele por um mundo justo me contagiava. Era impossível não torcer por aquele louco revolucionário.


Outra obra de Moacyr marcante para mim foi o “Carnaval dos Animais”. Lembro do conto em que o personagem ia até a BR 290, a nossa Free Way, e lá entrava num estranho nevoeiro, uma espécie de portal que ia dar em Nova York. Passava a noite na Big Aple, retornando a Porto Alegre na madrugada pelo mesmo nevoeiro. O personagem achava aquilo tudo muito estranho, mas não contava à ninguém com medo que o encanto acabasse.

Moacyr era um escritor polivalente, no mesmo instante que nos envolvia com uma inventiva narratória; nas suas histórias descrevia os costumes, hábitos e personagens do Bairro Bom Fim, bairro que concentrou os imigrantes judeus em Porto Alegre, onde morou a vida toda. Também, professoralmente levava o leitor a mergulhar no universo da cultura Judaica de forma absolutamente natural. Assim, palavras como “goy”, “torah”, “bar mitzvá”, “shabat” passaram a fazer parte do meu vocabulário.

Não o conheci pessoalmente, apenas através da sua obra literária. Alguns amigos privaram da sua amizade. O companheiro Sylvio Nogueira, por exemplo, foi colega dele no Colégio do Rosário, Zoravia Bettiol o tinha como um caríssimo amigo. Meu irmão, de quem tomava os livros de Scliar emprestados para ler, durante anos o encontrou no elevador, quando Scliar trabalhava na Secretaria da Saúde.



Palavras de Moacyr Scliar sobre seu método literário:

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

Quando emprestamos o personagem “Morte de Plástico”, criado por mim e Willis Carmo para o vídeo, que circula no youtube, “Não ao Pontal” de Carlos Gerbase, ficamos orgulhosos que o trabalho iniciava com uma citação de Luis Fernando Veríssimo e terminava com outra dele, Moacyr Scliar. Embora, não haja referência nossa nos créditos do vídeo de Gerbase, os 40 segundos que “Morte de Plástico” aparece no citado vídeo fizeram com que nos tornássemos parceiros dos escritores, cineasta e de todos os participantes daquela obra coletiva.

Transcrição in verbis da frase de Moacyr Scliar para o vídeo “Não ao Pontal”:

“Nossa cidade sempre foi um reduto da consciência ecológica no Brasil, e é importante mantermos a fidelidade a uma luta da qual depende o futuro de nossa população”.

Levar Capitão Birobdjan, personagem central da obra “Exército de Um Homem Só”, até a 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, foi um exercício poético cujo resultado nos causou uma imensa satisfação. Trouxemos o personagem do mundo fantástico para a realidade e ele saiu-se melhor do que poderia supor a nossa a nossa vã filosofia.



Os mais de 67 livros publicados por Moacy Scliar dividem-se em vários gêneros literários tais como: o conto, romance, ficção infanto-juvenil, crônica e ensaio.

ROMANCES DO AUTOR

A guerra no Bom Fim. Rio, Expressão e Cultura, 1972. Porto Alegre, L&PM.

O exército de um homem só. Rio, Expressão e Cultura, 1973. Porto Alegre, L&PM.
Os deuses de Raquel. Rio, Expressão e Cultura, 1975. Porto Alegre, L&PM.

O ciclo das águas. Porto Alegre, Globo, 1975; Porto Alegre, L&PM, 1996.

Mês de cães danados. Porto Alegre, L&PM, 1977.

Doutor Miragem. Porto Alegre, L&PM, 1979.
Os voluntários. Porto Alegre, L&PM, 1979.

O centauro no jardim. Rio, Nova Fronteira, 1980. Porto Alegre, L&PM. (Prêmio APCA).

Max e os felinos. Porto Alegre, L&PM, 1981.
A estranha nação de Rafael Mendes. Porto Alegre, L&PM, 1983.

Cenas da vida minúscula. Porto Alegre, L&PM, 1991.

Sonhos tropicais. São Paulo, Companhia das Letras, 1992. (Prêmio Jabuti).

A majestade do Xingu. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.

A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.

Os leopardos de Kafka. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

Mistérios de Porto Alegre. Artes e Ofícios, 2004.

Na Noite do Ventre, o Diamante. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005.

Os vendilhões do templo. 2006.

Manual da paixão solitária. Cia. das Letras. 2008. (Prêmio Jabuti).

Eu vos abraço, milhões. 2010

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Porto Alegre Para Turistas (?)

Se a Copa Mundial de Futebol – FIFA 2014 fosse hoje, que recordações levariam os turistas que tocassem o solo porto-alegrense? Com certeza não seriam as obras estruturais. No Brasil as obras públicas superam as do primeiro mundo apenas no quesito orçamento. Também, ninguém sai de casa para ver um puxadinho no aeroporto mal planejado ou uma obra viária que não saiu do papel.

(Muito menos, O Parque Marinha do Brasil, por exemplo, que foi retalhado para favorecer um empreendimento imobiliário particular na outra margem do dilúvio sob pretexto de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva para a copa.)

Turistas gostam de se misturar com o povo das cidades que visitam e de conhecer os lugares pitorescos que dão identidade ao povo local. Lógico, registrando estes momentos impreterivelmente em suas câmeras e filmadoras digitais.

Pensando nisso, visitei alguns pontos da cidade que seriam interessantes aos cobiçados turistas da Copa 2014. O desencanto foi total e o que se viu foi vergonhoso para todo e qualquer cidadão porto-alegrense verdadeiramente responsável.

MERCADO PÚBLICO

O Mercado Público de Porto Alegre é um prédio histórico de estilo neoclássico construído em 1869. No seu interior as coisas vão bem, o comércio diversificado e o de produtos típicos, contam um pouco dos hábitos e costumes dos gaúchos.

1877- Luigi Terragno
(Por sorte o mercado escapou do PrefeitoTelmo Tompson Flores, que desejava por a abaixo o mercado para construir uma nova via e do prefeito careca que queria transformá-lo num estacionamento.)

Se o turista quiser levar uma imagem atual da fachada do prédio terá dificuldades. Ao longo do tempo, a parte externa deste precioso patrimônio arquitetônico e histórico da cidade foi sendo agredida e vitimada pela poluição visual.

 No lado da Avenida Borges de Medeiros um estacionamento perpendicular prejudica a visão.


.Em frente à estação Mercado do Trensurb dois pórticos de cimento enfeiam a fachada. São estruturas pesadas, grosseiras, de valor estético duvidoso e que não se integram à imponente arquitetura do velho mercado.


 No lado da praça XV terminais de ônibus ocultam o prédio.


No entanto, o que mais salta aos olhos fica em frente ao Largo Peres. Ali, quiosques feitos com dinheiro público poluem visualmente a fachada no único lado em que seria possível de se contemplar o esplendor da edificação.


(Dinheiro público por que uma famosa empresa de refrigerantes recebeu isenção fiscal votada na câmara de vereadores para patrocinar esta bosta.)


CAMELÓDROMO

Idealizado para retirar os vendedores ambulantes das calçadas do centro, orgulho para alguns políticos de mau gosto, a obra tornou-se inepta para a finalidade desejada. Vendedores de DVDs, tênis clonados, cigarros paraguaios e óculos, ainda realizam seus negócios pelas calçadas do centro, numa espécie de guerrilha de vendas ou comércio ambulante relâmpago.


(Destaque-se que o tal centro de comércio popular é notoriamente conhecido pelo comércio de produtos contrabandeados do oriente, Paraguai, Uruguai e pela venda de produtos conhecidos como genéricos, uma espécie de eufemismo para a “pirataria de marcas famosas”.)

Resultado de uma PPP – Parceria Pública Privada, a melhor descrição para o prédio que encontrei foi a de um conhecido historiador e arqueólogo da cidade: “É um estafermo!” (estafermo no sentido de coisa sem préstimo, estorvo)

O prédio é um horror desprovido de qualquer senso estético ou desenho arquitetônico e as divisões são como currais de venda.

Outro mal de grande proporção encontra-se no espaço térreo do estafermo. Sob este gigantesco caixão de concreto foi instalado um terminal para várias linhas de transporte coletivo. No local sombrio o teto é baixo e trabalhadores são expostos a impiedosas cargas de substâncias tóxicas como o Pb(C2H5)4 (chumbo tetraetila) e CO2 ( monóxido de carbono) expelidos pelos escapamentos dos coletivos, enquanto aguardam transporte para retornar para casa. Com tempo úmido ou calor excessivo o térreo do camelódromo se transforma numa câmara de gás extremamente nociva à saúde dos usuários do terminal. Ou seja, estamos gerando legiões de cidadãos porto-alegrenses que muito provavelmente serão no futuro portadores de graves moléstias respiratórias crônicas.



(Não há monitoramento da qualidade do ar no térreo do camelódromo.)


USINA DO GASÔMETRO


Uma recente pesquisa de opinião pública apontou a Usina do Gasômetro como o local mais lembrado pelos turistas que visitam Porto Alegre. Tal fato não me causou surpresa, pois minha primeira exposição de arte, realizada em 2008 foi na Usina. Durante 20 dias convivi com cidadãos locais e um extraordinário número de visitantes de todos os cantos do país e do mundo.

(A exposição Pá-Pírus está registrada neste Blog.)

Relativo à Usina só posso tecer os melhores elogios à Direção da casa que consegue manter um bom nível nas suas oficinas, programações e manutenção das instalações. Já da área próxima a usina conhecida como prainha, não posso fornecer a mesma opinião.

Devido ao grande movimento dos fins de semana a estreita escadaria que dá acesso a praia é insuficiente para suportar o fluxo de transeuntes. Por conta disto, um caminho forçado paralelo à escada foi se formando. É uma ladeira de areão escorregadio, que prejudica o acesso de idosos, crianças e portadores de necessidades especiais. Logo se faz necessário neste local uma pequena intervenção arquitetônica, para dar segurança e valorizar o local, tirando o aspecto atual de desleixo.


Também, não posso deixar de mencionar a poluição proporcionada pelas carcaças de animais e alimentos podres deixados pelos praticantes de religiões tribais afro-brasileiras, estas quizumbas lançam no ar um odor de putrefação e bactérias perigosíssimas para a saúde. Há casos em que esta nojeira permanece exposta céu aberto por dias.

Na prainha ainda existe um ponto onde o desleixo pode causar danos irreparáveis. É o atracadouro da prainha. Após a reforma não foram instaladas barras de proteção. A situação pode facilitar uma eventual queda de pessoas ou veículos nas águas profundas do cais. Não existe se quer sinalização alertando sobre o perigo. Uma falha de segurança como esta seria suficiente para interditar a tradicional festa de réveillon que se realiza bem naquele local e que reúne milhares de pessoas.


LARGO DOS AÇORIANOS

O Largo dos açorianos é um dos pontos da cidade que enchem os olhos e orgulho do porto-alegrense. Um dos seus atrativos, a ponte de Pedra  foi construída em 1848, no governo de Duque de Caxias. A ponte é uma relíquia da arquitetura imperial que resistiu à fúria de nossos atrapalhados governantes.



Quanto a este ponto turístico, pensei que as crítica repousariam na falta de manutenção da ponte, nas águas sujas do lago (de coloração verde devido às algas cianofíceas) e do lixo flutuante. Assim como, o mau cheiro e o conseqüente criatório de mosquitos e outros insetos, vetores capazes disseminar uma de série de doenças infecto contagiosas em pleno centro da cidade.

(Não existe controle sanitário das águas do lago.)



Apesar do quadro caótico do lago e de avarias na ponte, isto representou muito pouco na medida em que resolvi fotografar a outra atração do largo. O belíssimo monumento à chegada dos 60 casais açorianos que fundaram a cidade em 1752.


Ao me aproximar da belíssima escultura de autoria de Carlos Tenius, que desencanto... A base da escultura se transformou numa LATRINA de moradores de rua. Há fezes e uma urina entranhada no solo que já corroeu grande parte da base estrutura, abrindo grandes buracos cheios de urina que exalam um fedor inimaginável.



Em volta da estrutura caixas de concreto da antiga iluminação servem para estocar restos roupas e lixo. Existe uma população sem teto que simplesmente vai até a o monumento para fazer suas necessidades. Ou seja, o monumento está se deteriorando rapidamente e se não forem tomadas providências urgentíssimas. Em breve o monumento se transformará num monte de ferro retorcido literalmente afundado na merda.

Estes exemplos pretendem demonstrar que não se pode desenvolver o turismo em uma cidade apenas com publicidade, discursos fantasiosos, mega projetos ou através de um único evento. Primeiro deve-se necessariamente fazer as lições de casa. Neste aspecto estamos mais de 08 (oito) anos em atraso.

Porto Alegre enfrenta queda na qualidade de vida constante. Não podemos culpar exclusivamente o desleixo, despreparo e soberba dos nossos vereadores e prefeito. Aqueles que os conduziram ao poder e lhes dão sustentação, também tem sua parcela de culpa. Assim como, todos a os detentores de conhecimento que são omissos frente à inquestionável degradação pela qual passa a nossa cidade.

Que fique bem claro: "Não se pode governar uma cidade apenas com placas bonitas!"











Outros pontos turísticos (?) da cidade serão visitados na esperança de se encontrar locais recomendáveis à visitação do turista durante a Copa 2014.

(Já adianto que os centros culturais espalhados pelo centro histórico da cidade estão entre os pontos positivos que qualquer porto-alegrense pode indicar à visitação do turista, sem passar por constrangimentos.)


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural


No início dos anos 1970 a ditadura militar estava a pleno vapor. Sob o pretexto da manutenção da ordem e do progresso o poder autoritário limitava os direitos políticos, amordaçava a opinião pública e reprimia a liberdade de expressão. Campanhas nacionalistas ufanistas varriam o território nacional exaltando uma política desenvolvimentista (milagre econômico).

O Brasil deixava de ser um país de economia preponderantemente ruralista para ingressar irreversivelmente numa economia  de cunho industrial. Para sustentar o acelerado crescimento havia um preço a pagar: a degradação do ambiente natural.

Neste sentido a política desenvolvimentista foi impiedosa como o meio ambiente. Em poucos anos os rios foram envenenados por agrotóxicos, resíduos domésticos e industriais. A poluição do ar se tornou constante nos grandes centros urbanos. O desatino era tanto, que a poluição era vista como um mal necessário, sem o qual não era possível o desenvolvimento.

Diante deste quadro caótico, os problemas ambientais ficaram cada vez mais visíveis, a ponto de um grupo de naturistas de Porto Alegre unir forças para sair em defesa da natureza ameaçada. Nascia assim, no dia 27 de abril de 1971, a AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. Entre os fundadores da entidade estavam Augusto Carneiro, Hilda Zimermann, Flávio Lewgoi e José Lutzenberger.
poavive.wordpress.com
Apesar das nobres intenções o grupo foi taxado pelos militares como subversivo. Uma denominação perigosa naqueles anos de chumbo. Mas, isso não esmoreceu os pioneiros da AGAPAN. Nos anos seguintes eles enfrentaram o poder constituído empreendendo importantes lutas na defesa do meio ambiente.

Devido ao combate ao corte de árvores nas zonas urbanas, políticas públicas ambientais foram adotadas e, Porto Alegre se tornou numa das capitais mais arborizadas no país. O parque/reserva de Itapuã não seria uma realidade sem os esforços do bravo José Lutzemberger, que lutou contra as pedreiras clandestinas, que transfiguravam aquele belíssimo cenário natural. Sem falar nas ações contra a devastação das florestas, queimadas, uso indiscriminado do solo, poluição do ar e cursos d’água.

Parque de Itapuã - portoimagem.com

Outra luta importante para a cidade, nos primeiros tempos, foi àquela desenvolvida contra a fábrica de celulose Borregard, que empesteava a cidade com um fétido odor, pois havia sido instalada sem filtros.

poavive.wordpress.com

Em 1973, um membro da entidade, o estudante Carlos Dayrell, conseguiria barrar o corte de árvores na Avenida João Pessoa, subindo num tipuana e impedindo o corte de uma série de árvores.
Dayrell em ação - Correio do Povo

Em 17 de agosto de 1988, os membros da associação, Guilherme Dornelles, Gert Schinke, Gerson Buss e Sydnai Sommer, escalaram os124 metros da chaminé da Usina do Gasômetro, para colocar uma faixa de 25 metros de comprimento em protesto contra a execução de um projeto que colocaria a Usina do Gasômetro no chão. Hoje em dia é impossível pensar em Porto Alegre sem a Usina do Gasômetro. A cidade deve isto à AGAPAN, que soube mobilizar a sociedade.
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ultimosegundo.ig.com.br
Este blogueiro é amigo pessoal de dois dos quatro que subiram na chaminé da Usina. Guilherme Dornelles foi meu vizinho e companheiro de atividades sociais etílicas; Gert Schinke, trabalhou com Vitor, meu irmão, na tesouraria do PT  em 1989 e deu de presente para Vitor o capacete usado naquele momento épico. Guardamos com carinho este objeto, que hoje faz parte da história da nossa cidade.

No alto com um braço estendido Gert
Guilherme agachado ao centro com capacete usado na escalada
portoimagem.com
capacete preservado - Leonel Braz

Sede AGAPAN antes - agapan.blogspot.com

Em razão da sua trajetória, a sorrateira demolição da sede da AGAPAN, no dia 06 de junho de 2011, em circunstâncias ainda não esclarecidas, foi um ato deplorável que atingiu não só a entidade, como também toda a comunidade porto-alegrense e história do movimento ambientalista brasileiro, que teve seu início ligado aos primórdios da entidade. Diante destes fatos a sociedade não pode ficar omissa!
Sede AGAPAN depois - agapan.blogspot.com

No ano em que completou 40 anos de existência, a AGAPAN, sofreu um duro e violento golpe. Porém, seus integrantes prometem reerguer a sede destruída. Faça parte dessa história, associando-se à entidade, através do e-mail: comunicação@agapan.org.br.

A AGAPAN precisa de você!


“Nossas maiores homenagens aos fundadores da AGAPAN, que corajosamente enfrentaram a ditadura militar para defender a natureza e boa qualidade de vida.”


 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Projeto(?) de Revitalização(?) do Cais Mauá



Às vésperas de uma definição das obras de revitalização do cais do porto, trazemos alguns apontamentos que julgamos de relevância para o enriquecimento do debate sobre o tema.

Trata-se de subsídios adquiridos por conta da palestra "PROJETO CAIS MAUÁ E MIAMI RIVER”, proferida pela da Arquiteta Adriana Schönhofen Garcia, mestre em Arquitetura pelo School of Architecture da Florida International University, em 18 de novembro de 2010, na sede o Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Porto Alegre.

Para maior compreensão do tema abordado dividimos a postagem em duas partes: a primeira fala da análise da profissional do edital e o projeto vencedor para a revitalização do Cais Mauá; a segunda versa sobre o projeto Miami River.


 1ª  PARTE - CAIS MAUÁ

A arquiteta trabalha em conceituado escritório de arquitetura de fama internacional e suas primeiras considerações foram a respeito da pífia divulgação do edital licitatório e falta de conversão do mesmo para a língua inglesa. Segundo a experiente profissional, um projeto desta envergadura é um sonho almejado por todos os grandes escritórios de arquitetura espraiados pelo mundo. Credita o desinteresse da concorrência internacional exclusivamente à divulgação de caráter regionalizado.

Nota do Blogueiro1: Coincidentemente... Houve apenas um consórcio interessado em participar da licitação, um lobby encabeçado por um político e uma empresa consorciada espanhola. Esta empresa foi visitada várias vezes pelos responsáveis pelo edital e políticos da cena dominante à época da concorrência. Também, não se pode falar em consórcio vencedor (?) se este concorreu sozinho...


                                 
    zona próxima à rodoviária

 Com base no edital ela apontou outra fragilidade da proposta vencedora, a verticalidade da mesma, que não passou pela avaliação da população. A parte interessada mais importante para o sucesso do empreendimento. Pois, seriam os porto-alegrenses os beneficiários diretos das mudanças. Atentos somente às questões técnicas/especulativas (lucro máximo por metro quadro) foram desprezados aspectos como a mobilidade (Avenida Mauá, que oxigena o trânsito do perímetro central) e as pontes de intervenção urbanística indispensáveis para estimular as pessoas a transpor o famigerado muro da Mauá.

Nota do Blogueiro 2: Faltou auscultar a população por que ela é que vai garantir a sustentabilidade na primeira fase e as baixas temporadas do empreendimento; ainda que o objetivo seja declaradamente o incremento do turismo na capital gaúcha. Também, há lapsos quanto à trajetória completa do projeto da ideia conceitual até a efetiva utilização do espaço pelos porto-alegrenses. O projeto não apresenta projeções para as décadas vindouras.

                                    
      zona ao lado do Gasômetro


Relativo às torres de vidro, previstas inicialmente para área contigua ao Gasômetro e região próxima a rodoviária, a arquiteta declara, que as mesmas já não são bem vistas pelos arquitetos no chamado primeiro mundo. Além da cafonice que podem proporcionar, uma vez que um projeto de boa resolução é praticamente inviável pelo elevado custo; as torres oferecem desconfortos térmicos, sendo demasiadamente quentes no verão e demasiadamente frias no inverno. Esta condição prejudica a sustentabilidade sob o ponto de vista econômico e ambiental. A solução destes problemas depende de engenharia sofisticada e materiais caríssimos. A manutenção mecânica da temperatura consome volumes considerados de energia. Aumentando consideravelmente o preço das locações.

Nota do Blogueiro 3: Notícias extra-oficiais informam que as torres foram retiradas do projeto a ser executado. Será? É nítido que o afastamento da população da concepção do projeto original é intencional e garantiu certo dirigismo na elaboração do projeto, dando-lhe certo ar de uma “Dubai Cabocla”, tendendo mais para o privado do que para o espírito púbico.  O que não surpreende ninguém. Despreparo e a cafonice vem pontuando a gestão dos ocupantes do Paço Municipal. Aliás, a Dubai Cabocla é o sonho acalentado pela arrivista classe política local.

* nota 2014: prevaleceu o shopping baixo ao lado do gasômetro (antes estava previsto prédio da altura do gasômetro), e foram mantidas as torres próximo a Rodoviária.

No quesito mobilidade, a concentração elevada de estabelecimentos comerciais nos moldes propostos para o Cais Mauá representará o incremento impactante de 5.000 (cinco mil) veículos a mais circulando pela Avenida Mauá. Lembrando, que a acessibilidade é fator decisivo para sucesso de qualquer empreendimento contemporâneo; piorar o trânsito na região fará com que a revitalização do cais já nasça sem chance de sobre vida e aumentará agonia do centro histórico.

A intervenção proposta para o muro da Mauá no projeto vencedor é uma cortina de água. Lembra a arquiteta que o expediente não será suficiente para atrair pessoas ao cais ou quebrar a segregação arquitetônica imposta pelo muro da Mauá. Nem pode ser considerada como intervenção urbanística.

Nota do Blogueiro 4: Num momento em que o planeta prepara-se para enfrentar uma crise ligada a escassez da água, um exemplo deste é um incentivo direto ao desperdício. Há uma lacuna no projeto quanto à origem desta água, custos para bombeamento e tratamento deste líquido precioso. Se for água do Guaíba vai feder....
                                 

            Cais 1950 plenamente integrado à cidade

  Na proposta vencedora (?) não há qualquer nota a respeito das obras de revitalização e a integração com o comércio da Mauá e do resto do centro da cidade. Parece uma proposição isolada. Um projeto desta envergadura deve necessariamente dialogar com as estruturas existentes. De olho nas vantagens econômicas do empreendimento a proposta vencedora é contra as tendências arquitetônicas contemporâneas mundiais relativas ao tratamento destinado às orlas de cursos d’água nos grandes centros urbanos. De acordo com a nova ótica não basta a mera ocupação comercial destes espaços públicos pela iniciativa privada ou pública para revitalizar este tipo de espaço urbano. A obra deve interagir com as estruturas existentes.

Nota do Blogueiro 5: Não devemos esquecer que as orlas dos cursos d’água ainda são considerados como bens públicos pela nossa legislação. Entregá-los ainda que por tempo determinado à iniciativa privada, deveria ser um último recurso. No entanto, é mais um caso brasileiro no qual a exceção torna-se a regra. As causas como bem sabemos repousam no despreparo dos governantes locais para o trato da coisa pública e os “interésses” (como diria o Brizola) da classe política e da iniciativa privada. É na base do: “- dane-se o comércio local. Vamos ter nosso shopping, nosso centro de negócios, nossa gastronomia, a pobreza que fique do outro lado do muro. Nosso empreendimento é aberto ao público... Que pode pagar. O bem público será privatizado e o público em geral que se exploda!.

            A digníssima palestrante deixa claro que um projeto desta monta, desde a redação do edital deveria envolver a mesclagem de profissionais, acadêmicos, ambientalistas e diversos segmentos da sociedade com o propósito de estabelecer estratégias de ação capazes de atingir e mobilizar a opinião pública. Possibilitando a participação de toda a comunidade em todas as decisões políticas e administrativas referentes ao projeto.

Nota do Blogueiro 6: É claro que arquiteta está distanciada da realidade política brasileira. Nossos administradores perderam a noção de bem comum. Ocupam-se diuturnamente com sustentabilidade partidária, cargos em comissão e o puxa-saquismo para com a iniciativa privada (real (R$) financiadora do jogo político nacional) e o enriquecimento fácil. Aqui mesmo na nossa cidade a sociedade é chamada para opinar sobre desenvolvimento urbano e ambientalismo, mas raramente suas colaborações e ou observações são aceitas e incorporadas aos projetos executados pelos sucessivos governos. A cidade vem numa queda na qualidade de vida constante.

Prevalece a ótica especulativa, que privilegia o interesse econômico dos grandes empreiteiros e a ânsia da desorientada liderança em posar para história como máximos benfeitores (com os bolsos e cuecas cheios dólares de preferência...).  Necessidades prementes e qualidade de vida ficam relegadas à condição acessória.

Conclusões do Blogueiro:

O projeto (?) vencedor compromete-se a respeitar o conjunto arquitetônico do cais. No entanto, não foi apresentado para a avaliação da comunidade acadêmica e a sociedade o detalhamento das alterações pretendidas. Ou seja, não há garantias de que o patrimônio histórico será preservado. O projeto vencedor (?) está desacompanhado de estudos e laudos neste sentido.

                                        
   Plasticidade das antigas portas de ferro dos armazéns


Quanto à vocação portuária, pode-se afirmar que ao longo da história da civilização humana, os portos sempre foram importantes centros de negócios e sobre tudo de democratização da cultura universal. Pois, o conhecimento também é transportado junto com as mercadorias.

Penso, que o projeto (?) Vencedor (?)  se afasta desta visão universal de área portuária. Tem preocupações estritamente negociais, nada culturais e privatizadoras. Se vingar a Dubai Cabocla é bem provável que ela expanda nos anos seguintes. Não me admiraria se a câmara de vereadores viesse a votar uma lei para a construção de um fosso que somado além do muro da Mauá para protegeria o investimento de nós, os bárbaros.



    
 Porto de Alexandria centro cultural na antiguidade




Revitalizar é trazer de volta a vida. Porém, a vida que querem trazer para preencher o cais não é a da camada social conhecida como povo. Talvez seja esse o maior pecado do projeto, além dos outros já citados.

Quem percorre a orla do Guaíba sabe que onde tem acesso, um mínimo de urbanismo e limpeza a população comparece.  Portanto, não há necessidade premente de mega empreendimentos para devolver a vida ao Cais Mauá e orla como um todo. Neste sentido posso citar a Feira Brasil Rural Contemporâneo, que superlotou o cais durante vários dias, em maio de 2010. Na feira havia comércio de pequenos produtores rurais mesclado com a arte e a cultura. Demonstrando a verdadeira vocação de uma zona portuária sem os artificialismos sugeridos pelo projeto (?) vencedor (?) de revitalização (?) do Cais Mauá. Outro exemplo edificante é a ocupação de parte dos armazéns pela feira do livro.


                              
   Lazer sem concreto


Por derradeiro, frente à crise energética cabe ressaltar que o porto não deve fechar totalmente seus armazéns para as embarcações. O transporte fluvial é notoriamente reconhecido como a modalidade de transporte de carga mais econômica, menos poluente e perigosa; do que o feito através da malha rodoviária. O porto em funcionamento consome mão de obra. Neste aspecto há falta de políticas públicas sincronizadas entre as três esferas governamentais.

                            
                                            Atualmente a maioria dos armazéns funcionam de maneira irregular


Notícia de última hora: Houve mudanças na composição do capital social da empresa vencedora (?) da licitação do Cais Mauá. Especialistas em Direto Público já apontam a necessidade da abertura de uma nova concorrência pública, tendo em vista a alteração da composição na empresa Porto Cais Mauá Brasil S.A. Além deste novo imbróglio, falta ainda o parecer da Advocacia Geral da União para a liberação das obras de revitalização (?).


Quem não esteve na Feira Brasil Rural pode ver um pouco do acontecido através do vídeo: Justino Chaplin é Mara... Maracatu!




terça-feira, 22 de março de 2011

22 de março dia Mundial da Água


No dia Mundial da Água reapresentamos a proposta de um Museu das Águas para Porto Alegre

1. Justificativa

A água é uma substância essencial e indispensável para todos os seres vivos e para todas as atividades da sociedade humana. Como componente do ambiente natural da Terra, tem um papel fundamental no equilíbrio ecológico e na preservação das condições ambientais que permitem a nosso planeta gerar e manter a vida como a conhecemos.

A quantidade de água existente no planeta não se altera ao longo dos tempos, mas sua presença não é uniforme:

- espacialmente, oscila entre a abundância excessiva nas zonas mais úmidas e a extrema escassez nas regiões áridas e desérticas;

- temporalmente, em uma mesma região varia, com maior ou menor regularidade, das épocas secas, chegando a fortes estiagens de maior ou menor duração até os períodos de chuvas, mais ou menos intensas, prolongados ou breves.

Desde a revolução industrial, aumentaram em intensidade e em diversidade os usos da água para as atividades humanas e, em decorrência disso, a disponibilidade desse importante recurso natural deixou de ser considerada como ilimitada, tanto localmente quanto em âmbito planetário. Em outras palavras, a água não é um recurso inesgotável. O aumento e a simultaneidade de usos fizeram com que a sociedade fosse confrontada como a realidade da escassez, seja presente ou futura, seja em âmbito mais localizado ou mais amplo. Para determinados usos, entre eles os mais nobres como o abastecimento humano ou a dessedentação animal, a escassez pode-se produzir em termos de quantidade (quando o consumo torna-se maior do que a disponibilidade) ou de qualidade (quando alguns usos produzem alterações de qualidade que impedem o aproveitamento para outros usos).

As questões relacionadas com a disponibilidade limitada da água frente a usos cada vez mais diversificados e crescentes é um tema que vai se tornando prioritário na pauta dos governos e da opinião pública de todo o mundo. Tanto em escala mundial quanto no âmbito das nações, demandam-se políticas públicas que estabeleçam uma gestão pública das águas.

A gestão pública deve ser enfocada na proteção (conservação, recuperação e preservação) dos recursos hídricos e na racionalização e compatibilização dos usos múltiplos desses recursos e concretiza-se em leis, sistemas institucionais e instrumentos gerenciais.

No cerne da política pública para a proteção e o melhor uso das águas está o processo de educação e de conscientização dos cidadãos,

Um museu das águas pode contribuir para a concretização dos objetivos da gestão das águas, na medida em que pode ser importante instrumento de educação e conscientização com todos seus componentes: informação, comunicação, divulgação, participação, entre outras funções culturais.

2. Conceito geral

O museu terá como tema a água, bem ambiental limitado, essencial para a vida e para o desenvolvimento social, suas manifestações na natureza, suas características físicas, os usos múltiplos e simultâneos atuais e ao longo da história e a gestão pública dos recursos hídricos.

3. Proposta básica

O Museu das Águas constituir-se-á de três Eixos:

- Eixo Educativo – em que o tema será desenvolvido em seus diversos aspectos sob forma de modelos reduzidos e maquetes (por exemplo, uma bacia hidrográfica, uma estação de tratamento de água, um sistema de irrigação, uma estação de tratamento de efluentes industriais, uma barragem para geração de energia etc), jogos, instrumentos audiovisuais, programações com escolas, cursos, seminários etc.

- Eixo Histórico – onde serão preservados artefatos e documentos relacionados com a história da água e de seus usos (utensílios de diversas culturas relacionados com os usos da água e dos corpos hídricos, peças e maquinismos com valor histórico referentes a tecnologias, serviços e instituições, documentos, fotos, vídeos ou filmes e outros registros históricos)

- Eixo Artístico – espaço para receber obras produzidas por artistas nos mais variados formatos, suportes, propostas e concepções, enfocando o tema do Museu em seus diferentes aspectos; assim como fomentar a produção dessas obras através de concursos, cursos, oficinas etc. Os espaços expositivos servirão para a apresentação tanto de um acervo a ser constituido quanto para mostras temporárias, oportunizando, inclusive a permuta com entidades similares.

- Os eixos (ou módulos) descritos acima não deverão ser estanques, mas dinamicamente interligados e integrados. Deverá haver a previsão de um espaço comum (midioteca) que abrigue elementos escritos (livros, revistas, cartazes etc), audiovisuais (fotografias, filmes, vídeos, bancos de dados) e sonoros (gravações), aberto ao acesso individual ou coletivo, seja por fruição ou para pesquisas científicas ou educacionais.

4. Museu como Centro de Referência

Em sintonia com a tendência museológica contemporânea de fazer dessas instituições organismos dinâmicos e atuantes, o Museu das Águas deve ser um verdadeiro centro de referência para a conscientização das questões relacionadas com a proteção das águas e a mobilização dos cidadãos. Deve articular-se com outras instituições com finalidade similar, proporcionando oportunidades de pesquisa documental e promovendo conjuntamente eventos educativos, culturais e recreacionais vinculados ao tema central.

Acesse: http://museudasaguasdeportoalegre.wordpress.com/

5. Museus das Águas no Mundo

Em outros países foram criados museus temáticos voltados à água ou que se ocupam com a questão ambiental, de forma mais ampla, onde aparece também a água. A seguir elencamos alguns exemplos de museus existentes.

- Lisboa, Portugal – Museu da Água da EPAL- (http://museudaagua.epal.pt)

- Arnhem, Holanda - o Netherlands Water Museum – (http://www.watermuseum.nl)

- New York, USA – New York Museum of Water – (http://www.nymw.org)

- São Petersburgo, Rússia – (http://www.saint-petersburg.com/museums/museum-water.asp)

- Perugia, Itália – Museo delle Acque de Perugia, (http://www.perugianotizie.blogspot.com)

- Rovigo (Veneto), Itália – Museu delle acque CrespinoItália – (HTTP://www.sistemimuseali.sns.it/content).

- Emilia Romagna, Itália – Ecomuseo delle Acque di Ridracoli – (http://www.riminibeach.it/visitare/ecomuseo-ridracoli)

- Londres, Inglaterra – o Kew Bridge Steam Museum – (http://www.kbsm.org).

- Sierra de Grazalema, Espanha-Ecomuseo del Agua de Benamahoma– (museosdeandalucia.com/losmuseos/ca/Benamahoma)

- Murcia, Espanha -Museo de la Ciência y del Água da Murcia – (murciadailyphoto.blogspot.com/2009_11_01_archive.html)

- Em Buenos Aires, Argentina – (o Palácio de las Águas Corrientes) – (http://www.aysa.com.ar/index.php?id_seccion=189)

- Blumenau, Brasil – (www.radarsul.com.br/blumenau/museu-agua.asp)

-Cuibá, Brasil – Museu-do-morro-da-caixa-dagua-velha – (cuiaba.wordpress.com/…/morro-da-caixa-dagua-velha)

- Piracicaba, Brasil – (www.semaepiracicaba.org.br/site/…/museu-da-agua)
 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Algas Marrons e a Arte Efêmera



Caminhando por uma praia do litoral norte gaúcho me deparei com siluetas e miragens desenhadas na areia. 
 
A composição era bastante interessante: as águas da maré, as algas marrons e a areia interagindo, fazendo desenhos que se transformavam a cada avanço e recuo das ondas.


A primeira coisa que me veio à cabeça foi: “arte efêmera”. Saquei a máquina digital e capturei alguns destes momentos. 

Pesquisando sobre o assunto encontrei o seguinte comentário de Mirtes P. Peroger sobre arte efêmera:

“Primeiro contemplar, admirar, observar o que a Natureza já descartou, pois cumpriu seu papel, para então criar, realizar, imprimir ação: agir, interagir, buscar, se perder em meio à beleza, seja ela viva, morta ou... Efêmera! Trabalhar os sentidos, as emoções! Uma abertura de visão para as coisas simples, que estão ali, muita vez sob nossos pés, mas que podem virar "ARTE" em pouco tempo e assim também desaparecer em minutos... Ao primeiro vento, ao sinal do tempo, pela ação dos passantes... É o trabalho interno do "desprendimento" das coisas materiais, restando apenas o momento: através das fotos, que eternizam a arte efêmera.
Um comentário perfeito para descrever aqueles inusitados momentos em que o olhar criativo humano se deparou com a Mãe Natureza fazendo as vezes de artista plástica.
Este encontro com a arte efêmera foi possível graças ao fenômeno conhecido como
mar chocolatão”. Esta expressão é utilizada pelos veranistas gaúchos para designar as condições do mar nos dias em que ele apresenta a cor amarronzada. A visão causa desconforto e preocupação. Poucos banhistas se arriscam a entrar na água.

                                                  foto: gastao30.wordpress.com                                               foto:  skyscrapercity.com
 A cor marrom se deve a uma substância oleosa composta por algas pardas mortas acumuladas no fundo do mar, que de vez em quando se deslocam destes depósitos para as praias e areias do litoral gaúcho. As mudanças de fluxo nas marés, correntes marinhas, ventos e as variações de temperatura são algumas das causas para a movimentação desta substância amarronzada rumo à costa litorânea.



Texto e fotos: Leonel Braz











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Advogado e Artista Plástico

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