Se a Copa Mundial de Futebol – FIFA 2014 fosse hoje, que recordações levariam os turistas que tocassem o solo porto-alegrense? Com certeza não seriam as obras estruturais. No Brasil as obras públicas superam as do primeiro mundo apenas no quesito orçamento. Também, ninguém sai de casa para ver um puxadinho no aeroporto mal planejado ou uma obra viária que não saiu do papel.
(Muito menos, O Parque Marinha do Brasil, por exemplo, que foi retalhado para favorecer um empreendimento imobiliário particular na outra margem do dilúvio sob pretexto de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva para a copa.)
Turistas gostam de se misturar com o povo das cidades que visitam e de conhecer os lugares pitorescos que dão identidade ao povo local. Lógico, registrando estes momentos impreterivelmente em suas câmeras e filmadoras digitais.
Pensando nisso, visitei alguns pontos da cidade que seriam interessantes aos cobiçados turistas da Copa 2014. O desencanto foi total e o que se viu foi vergonhoso para todo e qualquer cidadão porto-alegrense verdadeiramente responsável.
MERCADO PÚBLICO
O Mercado Público de Porto Alegre é um prédio histórico de estilo neoclássico construído em 1869. No seu interior as coisas vão bem, o comércio diversificado e o de produtos típicos, contam um pouco dos hábitos e costumes dos gaúchos.
Se o turista quiser levar uma imagem atual da fachada do prédio terá dificuldades. Ao longo do tempo, a parte externa deste precioso patrimônio arquitetônico e histórico da cidade foi sendo agredida e vitimada pela poluição visual.
No lado da Avenida Borges de Medeiros um estacionamento perpendicular prejudica a visão.
.Em frente à estação Mercado do Trensurb dois pórticos de cimento enfeiam a fachada. São estruturas pesadas, grosseiras, de valor estético duvidoso e que não se integram à imponente arquitetura do velho mercado.
No lado da praça XV terminais de ônibus ocultam o prédio.
No entanto, o que mais salta aos olhos fica em frente ao Largo Peres. Ali, quiosques feitos com dinheiro público poluem visualmente a fachada no único lado em que seria possível de se contemplar o esplendor da edificação.
CAMELÓDROMO
Idealizado para retirar os vendedores ambulantes das calçadas do centro, orgulho para alguns políticos de mau gosto, a obra tornou-se inepta para a finalidade desejada. Vendedores de DVDs, tênis clonados, cigarros paraguaios e óculos, ainda realizam seus negócios pelas calçadas do centro, numa espécie de guerrilha de vendas ou comércio ambulante relâmpago.
(Destaque-se que o tal centro de comércio popular é notoriamente conhecido pelo comércio de produtos contrabandeados do oriente, Paraguai, Uruguai e pela venda de produtos conhecidos como genéricos, uma espécie de eufemismo para a “pirataria de marcas famosas”.)
Resultado de uma PPP – Parceria Pública Privada, a melhor descrição para o prédio que encontrei foi a de um conhecido historiador e arqueólogo da cidade: “É um estafermo!” (estafermo no sentido de coisa sem préstimo, estorvo)
(Não há monitoramento da qualidade do ar no térreo do camelódromo.)
USINA DO GASÔMETRO
Uma recente pesquisa de opinião pública apontou a Usina do Gasômetro como o local mais lembrado pelos turistas que visitam Porto Alegre. Tal fato não me causou surpresa, pois minha primeira exposição de arte, realizada em 2008 foi na Usina. Durante 20 dias convivi com cidadãos locais e um extraordinário número de visitantes de todos os cantos do país e do mundo.
(A exposição Pá-Pírus está registrada neste Blog.)
Relativo à Usina só posso tecer os melhores elogios à Direção da casa que consegue manter um bom nível nas suas oficinas, programações e manutenção das instalações. Já da área próxima a usina conhecida como prainha, não posso fornecer a mesma opinião.
Na prainha ainda existe um ponto onde o desleixo pode causar danos irreparáveis. É o atracadouro da prainha. Após a reforma não foram instaladas barras de proteção. A situação pode facilitar uma eventual queda de pessoas ou veículos nas águas profundas do cais. Não existe se quer sinalização alertando sobre o perigo. Uma falha de segurança como esta seria suficiente para interditar a tradicional festa de réveillon que se realiza bem naquele local e que reúne milhares de pessoas.
LARGO DOS AÇORIANOS
O Largo dos açorianos é um dos pontos da cidade que enchem os olhos e orgulho do porto-alegrense. Um dos seus atrativos, a ponte de Pedra foi construída em 1848, no governo de Duque de Caxias. A ponte é uma relíquia da arquitetura imperial que resistiu à fúria de nossos atrapalhados governantes.
Quanto a este ponto turístico, pensei que as crítica repousariam na falta de manutenção da ponte, nas águas sujas do lago (de coloração verde devido às algas cianofíceas) e do lixo flutuante. Assim como, o mau cheiro e o conseqüente criatório de mosquitos e outros insetos, vetores capazes disseminar uma de série de doenças infecto contagiosas em pleno centro da cidade.
(Não existe controle sanitário das águas do lago.)
Apesar do quadro caótico do lago e de avarias na ponte, isto representou muito pouco na medida em que resolvi fotografar a outra atração do largo. O belíssimo monumento à chegada dos 60 casais açorianos que fundaram a cidade em 1752.
Estes exemplos pretendem demonstrar que não se pode desenvolver o turismo em uma cidade apenas com publicidade, discursos fantasiosos, mega projetos ou através de um único evento. Primeiro deve-se necessariamente fazer as lições de casa. Neste aspecto estamos mais de 08 (oito) anos em atraso.
Porto Alegre enfrenta queda na qualidade de vida constante. Não podemos culpar exclusivamente o desleixo, despreparo e soberba dos nossos vereadores e prefeito. Aqueles que os conduziram ao poder e lhes dão sustentação, também tem sua parcela de culpa. Assim como, todos a os detentores de conhecimento que são omissos frente à inquestionável degradação pela qual passa a nossa cidade.
Que fique bem claro: "Não se pode governar uma cidade apenas com placas bonitas!"
Outros pontos turísticos (?) da cidade serão visitados na esperança de se encontrar locais recomendáveis à visitação do turista durante a Copa 2014.
(Já adianto que os centros culturais espalhados pelo centro histórico da cidade estão entre os pontos positivos que qualquer porto-alegrense pode indicar à visitação do turista, sem passar por constrangimentos.)
(Muito menos, O Parque Marinha do Brasil, por exemplo, que foi retalhado para favorecer um empreendimento imobiliário particular na outra margem do dilúvio sob pretexto de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva para a copa.)
Turistas gostam de se misturar com o povo das cidades que visitam e de conhecer os lugares pitorescos que dão identidade ao povo local. Lógico, registrando estes momentos impreterivelmente em suas câmeras e filmadoras digitais.
Pensando nisso, visitei alguns pontos da cidade que seriam interessantes aos cobiçados turistas da Copa 2014. O desencanto foi total e o que se viu foi vergonhoso para todo e qualquer cidadão porto-alegrense verdadeiramente responsável.
MERCADO PÚBLICO
O Mercado Público de Porto Alegre é um prédio histórico de estilo neoclássico construído em 1869. No seu interior as coisas vão bem, o comércio diversificado e o de produtos típicos, contam um pouco dos hábitos e costumes dos gaúchos.
1877- Luigi Terragno
(Por sorte o mercado escapou do PrefeitoTelmo Tompson Flores, que desejava por a abaixo o mercado para construir uma nova via e do prefeito careca que queria transformá-lo num estacionamento.)Se o turista quiser levar uma imagem atual da fachada do prédio terá dificuldades. Ao longo do tempo, a parte externa deste precioso patrimônio arquitetônico e histórico da cidade foi sendo agredida e vitimada pela poluição visual.
No lado da Avenida Borges de Medeiros um estacionamento perpendicular prejudica a visão.
(Dinheiro público por que uma famosa empresa de refrigerantes recebeu isenção fiscal votada na câmara de vereadores para patrocinar esta bosta.)
CAMELÓDROMO
Idealizado para retirar os vendedores ambulantes das calçadas do centro, orgulho para alguns políticos de mau gosto, a obra tornou-se inepta para a finalidade desejada. Vendedores de DVDs, tênis clonados, cigarros paraguaios e óculos, ainda realizam seus negócios pelas calçadas do centro, numa espécie de guerrilha de vendas ou comércio ambulante relâmpago.
(Destaque-se que o tal centro de comércio popular é notoriamente conhecido pelo comércio de produtos contrabandeados do oriente, Paraguai, Uruguai e pela venda de produtos conhecidos como genéricos, uma espécie de eufemismo para a “pirataria de marcas famosas”.)
Resultado de uma PPP – Parceria Pública Privada, a melhor descrição para o prédio que encontrei foi a de um conhecido historiador e arqueólogo da cidade: “É um estafermo!” (estafermo no sentido de coisa sem préstimo, estorvo)
O prédio é um horror desprovido de qualquer senso estético ou desenho arquitetônico e as divisões são como currais de venda.
Outro mal de grande proporção encontra-se no espaço térreo do estafermo. Sob este gigantesco caixão de concreto foi instalado um terminal para várias linhas de transporte coletivo. No local sombrio o teto é baixo e trabalhadores são expostos a impiedosas cargas de substâncias tóxicas como o Pb(C2H5)4 (chumbo tetraetila) e CO2 ( monóxido de carbono) expelidos pelos escapamentos dos coletivos, enquanto aguardam transporte para retornar para casa. Com tempo úmido ou calor excessivo o térreo do camelódromo se transforma numa câmara de gás extremamente nociva à saúde dos usuários do terminal. Ou seja, estamos gerando legiões de cidadãos porto-alegrenses que muito provavelmente serão no futuro portadores de graves moléstias respiratórias crônicas.
(Não há monitoramento da qualidade do ar no térreo do camelódromo.)
USINA DO GASÔMETRO
Uma recente pesquisa de opinião pública apontou a Usina do Gasômetro como o local mais lembrado pelos turistas que visitam Porto Alegre. Tal fato não me causou surpresa, pois minha primeira exposição de arte, realizada em 2008 foi na Usina. Durante 20 dias convivi com cidadãos locais e um extraordinário número de visitantes de todos os cantos do país e do mundo.
(A exposição Pá-Pírus está registrada neste Blog.)
Relativo à Usina só posso tecer os melhores elogios à Direção da casa que consegue manter um bom nível nas suas oficinas, programações e manutenção das instalações. Já da área próxima a usina conhecida como prainha, não posso fornecer a mesma opinião.
Devido ao grande movimento dos fins de semana a estreita escadaria que dá acesso a praia é insuficiente para suportar o fluxo de transeuntes. Por conta disto, um caminho forçado paralelo à escada foi se formando. É uma ladeira de areão escorregadio, que prejudica o acesso de idosos, crianças e portadores de necessidades especiais. Logo se faz necessário neste local uma pequena intervenção arquitetônica, para dar segurança e valorizar o local, tirando o aspecto atual de desleixo.
Também, não posso deixar de mencionar a poluição proporcionada pelas carcaças de animais e alimentos podres deixados pelos praticantes de religiões tribais afro-brasileiras, estas quizumbas lançam no ar um odor de putrefação e bactérias perigosíssimas para a saúde. Há casos em que esta nojeira permanece exposta céu aberto por dias.
Na prainha ainda existe um ponto onde o desleixo pode causar danos irreparáveis. É o atracadouro da prainha. Após a reforma não foram instaladas barras de proteção. A situação pode facilitar uma eventual queda de pessoas ou veículos nas águas profundas do cais. Não existe se quer sinalização alertando sobre o perigo. Uma falha de segurança como esta seria suficiente para interditar a tradicional festa de réveillon que se realiza bem naquele local e que reúne milhares de pessoas.
LARGO DOS AÇORIANOS
O Largo dos açorianos é um dos pontos da cidade que enchem os olhos e orgulho do porto-alegrense. Um dos seus atrativos, a ponte de Pedra foi construída em 1848, no governo de Duque de Caxias. A ponte é uma relíquia da arquitetura imperial que resistiu à fúria de nossos atrapalhados governantes.
(Não existe controle sanitário das águas do lago.)
Apesar do quadro caótico do lago e de avarias na ponte, isto representou muito pouco na medida em que resolvi fotografar a outra atração do largo. O belíssimo monumento à chegada dos 60 casais açorianos que fundaram a cidade em 1752.
Ao me aproximar da belíssima escultura de autoria de Carlos Tenius, que desencanto... A base da escultura se transformou numa LATRINA de moradores de rua. Há fezes e uma urina entranhada no solo que já corroeu grande parte da base estrutura, abrindo grandes buracos cheios de urina que exalam um fedor inimaginável.
Em volta da estrutura caixas de concreto da antiga iluminação servem para estocar restos roupas e lixo. Existe uma população sem teto que simplesmente vai até a o monumento para fazer suas necessidades. Ou seja, o monumento está se deteriorando rapidamente e se não forem tomadas providências urgentíssimas. Em breve o monumento se transformará num monte de ferro retorcido literalmente afundado na merda.
Estes exemplos pretendem demonstrar que não se pode desenvolver o turismo em uma cidade apenas com publicidade, discursos fantasiosos, mega projetos ou através de um único evento. Primeiro deve-se necessariamente fazer as lições de casa. Neste aspecto estamos mais de 08 (oito) anos em atraso.
Porto Alegre enfrenta queda na qualidade de vida constante. Não podemos culpar exclusivamente o desleixo, despreparo e soberba dos nossos vereadores e prefeito. Aqueles que os conduziram ao poder e lhes dão sustentação, também tem sua parcela de culpa. Assim como, todos a os detentores de conhecimento que são omissos frente à inquestionável degradação pela qual passa a nossa cidade.
Que fique bem claro: "Não se pode governar uma cidade apenas com placas bonitas!"
Outros pontos turísticos (?) da cidade serão visitados na esperança de se encontrar locais recomendáveis à visitação do turista durante a Copa 2014.
(Já adianto que os centros culturais espalhados pelo centro histórico da cidade estão entre os pontos positivos que qualquer porto-alegrense pode indicar à visitação do turista, sem passar por constrangimentos.)
2 comentários:
Nossa infeliz verdade!
Aparentemente, para os (ir)responsáveis, os turistas virão conhecer "a avenida da copa".
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