terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Quem (?) & Kid Enfrentam os Poderosos Parte 02


O POVO EM AÇÃO & A PATÉTICA BANCADA PARLAMENTAR


Primeiro: posso atestar que o Pontal se constitui em sítio de beleza paisagística inquestionável. Pois, tive o privilégio de trabalhar por alguns meses naquele local, no ano de 1996, quando a artista plástica Tina Felice transferiu seu atelier para o Estaleiro. Os enormes galpões, sobras de maquinário e ferramentas gigantescas conferiam ao local um aspecto de sambaqui pós-moderno surreal, afinal trabalharam ali mais de 3000 operários ao mesmo tempo. E o “visú”? – Belezuratotal! Dali é possível assistir no fim de tarde ao espetáculo das luzes do centro se acendendo.

Pode-se, ao mesmo tempo, apreciar a silueta moderna dos prédios do centro administrativo, da catedral e da chaminé do gasômetro. Mas, o mais legal, são as passagens de embarcações, elas passam muito rentes à orla.

Os navios, que abastecem o pólo de Triunfo, por exemplo, podem ter até mais de 4 deques (plataformas)acima do convés.

O simples vislumbre destas naves em marcha, manobrando tão próximas, causa encantamento, já é por si só um atrativo turístico fantástico, que necessita poucos investimentos públicos para o deleite da população e visitantes.

Retornando ao assunto, quando tomei conhecimento que a primeira votação na câmara municipal do projeto do pontal,em setembro 2008, havia sido suspensa sob protestos e também por de uma liminar. Pensei: -Puts...Porque não estava lá? Daí, fiquei ligado. De formas, que ao saber pela imprensa da nova data, convoquei o Carbon, para participar da campanha. Discutimos sobre frases, compramos plástico e fizemos 3 faixas. Uma dizia que orla era do povo; outra era pelo desenvolvimento racional e a terceira falava que o Guaíba era nosso e citava o artigo 226, V, de nossa Constituição:


Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem;
V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.


O dia da votação, 12 de novembro, foi aguardado com ansiedade. Fazia um agradável dia primaveril. Cheguei na câmara por volta das 13:30min, havia um telão no pátio externo e representantes do sindicato da construção. Sabia que para ingressar no plenário seriam distribuídas senhas. Aos poucos os representantes de diversos grupos contra o projeto foram aparecendo. Fiquei mais aliviado.

Faltava o pessoal da UFRGS. A imprensa se fazia presente em massa. O ambiente estava por demais silencioso.

De repente, ao longe, ouvi gritos de uma passeata se aproximando. Era o DAFA, Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura, da UFRGS.

Tive a idéia de ir em direção ao séquito e me juntar a ele. Eles estavam muito bem organizados. Entreguei uma faixa pra eles e guardei as outras para o embate que se seguiria. Com eles além faixas e palavras de ordem, havia um providencial palhaço um menino ironicamente fantasiado espigão. Entramos no pátio da câmara fazendo muito alarido e sob os flashs e holofotes da imprensa. A batalha havia começado.

A guarda Municipal fez um cordão de isolamento (agora eles estão armados) em frente ao plenário e o circo pegou fogo. Houve quase um princípio de tumulto na distribuição de senhas, mas a boa educação e a Dona Democracia resolveram o assunto.





Então, começaram os discursos lá dentro, transmitidos simultaneamente pelo telão, lá fora. Cerca de duas horas, após minha chegada chegou o Carbon, vindo do trabalho. Passei-lhe as informações do estava acontecendo e nos juntamos aos protestos passando a exibir nossas faixas, fazendo revezamento de mensagens.

Apareceram para a luta contra o projeto o cartunista Santiago, a artista Zorávia Betiol, a escritora Tânia Failace, o companheiro Silvio XXX(grande Baluarte das lutas sociais da cidade), o pessoal da UAMPA, da Fundação Luttzemberger e a galera do DAFA, Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura, entre outros.


Sem dúvida nenhuma, a cada discurso dos edis defensores do projeto, ficava evidenciada a total falta elegância, ética, conhecimento e até competência de alguns destes parlamentares. Na ânsia de defender suas idéias especulativas, deixavam transparecer sua falta de tato para dirimir assuntos corriqueiros da administração de nossa cidade. Este lamentável espetáculo fazia com que a grandessíssima maioria de presentes ficasse pasma e injuriada por se sentir tão mal representada no parlamento municipal. Ocasionando cada pronunciamento, a favor do Pontal, uma chuva de vaias que ecoavam pelo plenário e em frente à câmara.



O clima era semelhante ao de um estádio de futebol, quando juiz deixa de marcar um pênalti indiscutível.
Teve vereador que para defender o projeto, apresentou foto do local mostrando lixo acumulado. Deu um tiro no próprio pé. Pois, limpeza e conservação é obrigação do proprietário. Além disso, fiscalização dos atos do executivo, é obrigação principal da vereança (Evidentemente sendo ele representante do povo e sabedor da sujeira, deveria acionar o órgão competente – DMLU, para as providências de estilo). Demonstrou ser negligente em seus deveres para com a cidade e ainda arranjou um requerimento, no ato, de multa para o dono do imóvel, a quem prestava serviços de defesa.


Outro nobre vereador, em acesso de fúria, chamou os manifestantes contrários ao projeto de “escória da cidade”. Para quem não sabe, escória significa gentalha, plebe, ralé. Faltando com o decoro ao agredir verbalmente os presentes com o uso de chulismo. Isto é, utilizou como argumento expressão baixo calão. Verdadeiro caboclo querendo ser inglês. Espero que este fato esteja devidamente registrado nos anais da casa. Pois, o nobre edil não só cometeu uma ofensiva grosseria, como atentou contra a democracia maculando um de seus fundamentos basilares, isto é, a livre manifestação do pensamento. Deve no mínimo uma retratação ou punição de seus pares.

Um vereador narradorzinho de futebol ameaçava constantemente processar manifestantes em delirantes surtos coléricos e espumantes, que eram transmitidos ao vivo pela TV câmara. Graças a isso recebeu uma metafórica chuva de moedas. Note-se, que no futebol a emoção exacerbada até é cabível, mas no trato de interesses públicos, pela seriedade que se exige é notoriamente descabido o fricote ou frescoletagem, como queiram. Ainda bem, para esse infeliz, que não se exige laudo psicológico para o exercício de cargo parlamentar. Nas palavras de Miguel Reale Júnior, o verdadeiro homem inteligente possui um forte e marcante traço de humildade em sua personalidade. Por este critério nosso narradorzinho, tranquilamente seria um dos últimos colocados na fila das pessoas inteligentes. Afinal, oportunismo não é sinônimo de inteligência.
Todos nós, os contra ao projeto, nos esforçávamos. Mas, a cada votação de destaque, emenda, ou requerimento para adiar votação, nossa pretensões eram derrotas. Então fazíamos mais e mais barulho dentro e fora plenário. Os vereadores sentiam a pressão e discutiam entre si. Perdiam a compostura aponto de se digladiarem entre si em frente aos presentes e as câmeras. Denúncias de compra de votos circulam em abundância pelos corredores, além daquelas que vazaram na imprensa. O caldeirão fervia pleno vapor.

Então, houve racha no nosso lado, sabedores que projeto não seria aprovado, alguns do contra queriam esvaziar o platéia para não legitimar a votação. Outros queriam ficar naufragar honrosamente sem abandonar o navio. Um debate se instalou entre as lideranças. Mesmos cansados, pois já passava da 21:00hs, a proposta de sair foi vitoriosa, nos levantamos e fizemos o máximo de barulho que podíamos conseguir, tanto que os vereadores ficaram um pouco assustados, pensando que iríamos invadir o plenário seguranças ficaram apostos. O griteiro era assustador, fomos para o saguão de entrada e ficamos pulando, gritando e cantando por mais de dez minutos, foram entoadas palavras de ordem e finalizamos com o Hino Riograndense.

Eu e Carbon Kid apostávamos na tradição do movimento estudantil na UFRGS e não nos desapontamos, o pessoal do DAFA, neste dia da votação deu show de competência e organização, fazendo rodízio de pessoas no plenário, servindo lanche aos presentes e levando até lá fora notícias das movimentações votações. Não posso esquecer de dizer, que o Sanduba deles tava muito bom. Encontrei fotos deles no clic RBS nas fotos da sessão neste Link:

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a2291716.xml

Muito nos valeu os aguerridos momentos. Pois, reforçamos mais o gosto pela defesa do direito de cidadania contra a vilania. - Puxa até rimou... Carbon Kid, até apareceu nas reportagens da RBS, no final da sessão, gritando : PAAANTA! (de sacripanta). O link no site deles para esta reportagem se perdeu. Fiz um pedido. Se vier, poremos à disposição dos leitores, para ver Kid em plena ação. Obs.: A parte 03 versará sobre o protesto de FQ e CK no encerramento da feira do livro.

Quem(?) & Kid Enfrentam os Poderosos Parte 01


Quem (?) está antenado


Pontal do Estaleiro e (ou) Favela Chique (pode?)

Muito se fala na perda de identidade do cidadão porto-alegrense com o Rio Guaíba. Porém, nada é feito para reconstrução deste vínculo. Pior, as atitudes de políticos e até de alguns cidadãos são sempre no sentido de afastar ainda mais a população do convívio direto com o rio.





Kid tem força na piruca

É o caso da poluição protagonizada por afro-religiões, do não investimento em políticas sócio-ambientais eficazes, da falta de monitoramento de poluentes, fauna, flora e das águas; da fiscalização dos agentes poluidores, transporte de produtos químicos de alta periculosidade rumo ao pólo de Triunfo, da ocupação e uso desordenado das margens e falta de planejamento estrutural globalizado da cidade.


Recentemente a esta malograda lista somou-se a idéia da ocupação habitacional da orla, sob a forma de condomínios de luxo. A idéia é mudar a lei municipal e permitir a ocupação habitacional, tipo classe “A”, na região conhecida como Pontal do Estaleiro. Note-se que a antiga Vila Cai-Cai, que ficava atrás do Beira-Rio, muito próximo ao Pontal, foi removida sob o pretexto da liberação da orla para o uso comum do cidadão, e da realocação digna dos que ali tinham sua residência.

Para agravar ainda mais a situação, a lei criada para desenvolvimento equilibrado da cidade, intitulada de Plano Diretor da Cidade, que teoricamente deveria proteger os interesses reais da cidade e cidadão, vem sendo rasgada, a olhos vistos da população, em sessões tragicômicas na Câmara de vereadores de Porto Alegre.

Tal comportamento, de nosso digníssimo parlamento municipal tem por escopo, impingir à coletividade uma política desenvolvimentista voltada apenas para o lucro especulativo fácil de uns poucos. Sem levar em consideração as questões ambientais, urbanísticas (vias públicas, sistemas de esgoto, densidade populacional), arborização, tão importantes para a boa qualidade de vida que o porto-alegrense tanto almeja.

Pensando nisso, no direito constitucional à livre expressão do pensamento, garantido em nosso diploma legal supremo, é que Carbon Kid e eu, Famoso Quem (?), resolvemos apoiar e participar efetivamente dos movimentos de defesa do meio ambiente de nossa cidade em especial os referentes à orla do Guaíba.

Certa feita, com muita propriedade, Martin Luther King disse: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

Tal pensamento vem a calhar neste instante, pois junto com nossos irmãos porto-alegrenses, queremos fazer muito, mas muito barulho, mesmo... Ou este silêncio poderá acabar com a beleza e tranqüilidade de nossa mui amada cidade de Porto Alegre.


Morte de Plástcio está atenta

Para saber dos detalhes sórdidos da negociata do portal, recomendamos o acesso, no linque, isto é link a seguir:
http://www.ecoagencia.com.br/?open=artigo&id===AUVZ0cWtGZXJlVaVXTWJVU

Neste endereço encontra-se uma excelente matéria investigativa/didática do jornalista Najar Tubino, intitulada: “A Fraude do Pontal do Estaleiro”.

A seguir contaremos sobre a votação polêmica do projeto do Pontal no dia 12.11.2008 em : " Quem (?) & Kid Enfrentam os Poderosos Parte 02".

Quem (?) energiza-se para a batalha

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

"PÁ-PÍRUS" O RESUMO DA ÓPERA




Eu, Famoso Quem (?), e o Carbon Kid, combinamos que cada um escreveria suas considerações finais, sobre a Instalação Poética Pá-Pírus. Só, que quando li o texto do Kid, achei que ele, além de expressar muito bem, havia relatado tudo o que eu gostaria de dizer na sétima história de Pá-Pírus. Razão pela qual faço das palavras dele literalmente as minhas palavras.

- Mas, é claro, não saio de cena, sem antes contar outra história.

Certa feita, quando voltava de uma pesquisa no arquivo da Zero Hora, a respeito do passado do Famoso Quem (?), assisti a um causo interessante. Caminhava na calçada da av. Bastian, Menino Deus. Na minha frente ia um magrão alto, esquio de muchila e skate. Mais à frente três crianças brincavam com dois skates. O magrão pára e fala para as crianças: - Três crianças e dois skates. (olha para o menino sem skate e entrega o seu skate). Arremata. – Agora tá certo, eu não vou mais andar de skate.

Vira as costas e vai em frente feliz, leve e flutuante. As crianças incrédulas olham para o skate e para magrão que vai se afastando. Uma diz: - bah! É melhor que do que o meu. Quando vou passando pelas crianças escuto: - Oooo, magrão, eu sou teu fã. – Eu, também... – Quem é aquele cara? – Num sei ...

Tenho certeza de que as crianças vão crescer e jamais se esquecerão deste dia. Nem eu desse instante mágico que reuniu cinco anônimos numa calçada de Porto Alegre.

Moral da História: - Momentos mágicos ainda acontecem. E um grande número deles aconteceu durante a Instalação Poética Pá-Pírus.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS POR CARBON KID


Como minha primeira experiência, achei ótimo ter estado expondo e divulgando minha obra poética pictórica no saguão da Usina do Gasômetro junto com o Famoso Quem (?).


Tivemos a oportunidade de discutir com alguns visitantes e transar novas análises sobre o magnífico equilíbrio do nosso trabalho, poesias, vida e outros assuntos mirabolantes.

Estar exposto a tantas emoções e pessoas, por tantos dias, parecia-me surreal, ficávamos ansiosos e até nervosos, trocando idéias com os malucos que vinham nos cumprimentar, até “aprendi a afinar um violão”...

Ver sua arte sendo discutida e sentir que as reflexões atingiram outras mentes, é muito gratificante! A magnitude da troca de energia. Ouvir e discutir opiniões sobre a necessidade de se expressar. Penetrar no jogo pictórico da manifestação da vida é choque que cria a fagulha que explode novos pontos de criatividade e transpassa a espessa barreira da realidade...




Até o último dia de guerra, permanecemos atentos ao público, sempre comemorando pelos bares e dando vivas pelas congratulações que recebíamos.


Agradecemos a todos os amigos, familiares e colaboradores que nos ajudaram para que isso se realizasse!

A piração permanece no ar...aguarde... Se alguém quiser ler outra história sobre a instalação é só pedir. Não fazemos entrega a domicílio. Mas, teremos o maquicimo prazer em escrevê-la para usted.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

O FABULOSO LIVRO DE MENSAGENS DOS VISITANTES DE PÁ-PÍRUS





“Mensagens/e-mail”, foi o nome que atribuímos ao livro de presenças de nossa Instalação Poética. Ele ficava em posição de destaque em frente à sala do poeta. Idealizado para coletar comentários dos visitantes e e-mails para contatos futuros, o livro transformou-se num fenômeno gratificante e enriquecedor de nossa exposição.




Em primeiro lugar vamos aos números: O livro foi assinado por mais de 400 pessoas. Destas aproximadamente 10% não eram de Porto Alegre. Isto é, 17 eram visitantes vindos de cidades do interior do RS (Alegrete, Canoas, Caxias do Sul, Gramado, Gravataí, Jaguarão, Minas do Leão, Nova Prata, Nova Bassano, Pelotas, Passo fundo, Rio Pardo, Rio Grande, Santa Maria, Sapucaia, Vale Verde, Viamão).



De outras localidades do Brasil, apareceram visitantes de 18 cidades (Blumenau-SC, Belém-PA, Brasília-DF, Bochi-SC, Cascavel-PR, Campos-RJ, Curitiba-PR, Goiania-GO, Mercedes-PR, Manaus-AM, Paraná-SP, Recife-PE, Rondonópolis-RO, Rio de Janeiro-RJ, São Paulo-SP, Sorocaba-SP).
Do estrangeiro, ficaram consignadas a presença de turistas visitantes de 09 nacionalidades diferentes. (Canadá, Chile, Espanha, França, Inglaterra, Kênia, México, Uruguai, USA).



Em todos os dias de nossa instalação, recebemos calorosos cumprimentos dos visitantes pelo trabalho e incentivos para continuarmos desenvolvendo nossa proposta artística. No livro de presenças, a coisa ia mais além. Pessoas passaram não só o elogiar o trabalho, mas também a beleza da cidade de Porto Alegre, fazer pequenas confidências, apareceram pitadas de nonsense, desenhos de artistas urbanos, poemetos.


Um maravilhoso mosaico de manifestações foi se formando. Tanto que, antes de escrever alguns se deliciavam lendo o que outros haviam escrito. Inclusive, para alguns freqüentadores habituais da Usina vasculhar nosso livro de mensagens a procura de novas curiosidades era programação obrigatória. Evidentemente, isto também fazia com sentíssemos orgulho. Pois, percebíamos que havíamos sensibilizado os visitantes com a idéia central de nossa exposição: “a ousadia do simples”. Conseguindo nos expressar, encantar e interagir significativamente com o público. E prova concreta disto estava ali, escrita pelas mãos de nossos visitantes.



Transcrevemos, a seguir algumas destas mensagens:

- Orgânico; diferente... alucinógeno!(Izadora A. Fontoura)

-Na falta de palavras para descrever as emoções nada melhor do que somente parar e admirar. (Luciana Plentz)

- Gostei do som é único. (Beth)

-A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao estado normal. (Carlitos)

-Chove, mas a poesia e beleza de Poa mantém o sol em mim. (Márcia)

- Caros Amigos, Sou de POA, ma moro em Curitiba faz anos, mas cada vez que venho para cá, me apaixono mais por esta cidade “Alegre” e “Bonita”. Parabéns!!! Por este espaço felicidades.

- Se você ama e não é amado, fume maconha e fique chapado. (Marielly)

-Adorei a nossa primeira vez. (Lú)

- A exposição é muito louca (Ana T.) -Estivemos passeando e matando serviço. (Anelise/outras)


- Simples Genial - Parabens! (E. Sauer)


Já no final da exposição, o livro estava quase todo preenchido. Na noite, quando íamos embora, deixávamos outro livro substituto. A exposição ficava algumas horas do dia sem a nossa monitoria e opiniões as espontâneas colhidas se tornaram um valioso tesouro para o Carbon Kid e eu , o Famoso Quem(?).

Melhor do que falar sobre este glamoroso livro é mostrá-lo na integra. Por isso estamos disponibilizando todas as mensagens, para deleite de nossos admiradores, num álbum na web. Basta que clicais neste link:



Também tem youtube mais dois vídeos ilustrativos de nosso trabalho. Para vê-los , podeis clicar tranquilamente no link após o respectivo título :



A sétima história tratar-se-á de nossas considerações finais sobre a Instalação Poética Pá-Pírus.

sábado, 4 de outubro de 2008

DOMINGO NA USINA - INVERNO 2008

Domingo de sol, no inverno, o portoalegrense esperto não fica em casa. São precisamente trocentos milhares que saem às ruas para oxigenar o corpo e as idéias. O resultado disso são parques e orla do Guaíba completamente lotados com o melhor do beautiful people da região.

Eles vêm daquela churrascaaaaaaada, do almoço na casa da mama e por volta das 15 horas começam a povoar o ambiente. Na medida em que a tarde avança a população solar aumenta. Na estação mais fria agente fica muito mais tempo dentro de casa. Portanto, sol e tempo livre são dois ótimos motivos para desenferrujar a carcaça.


Mantas, boinas, tocas, chapéus, casacos, botas, os longos sobretudos e garrafas de vinho (as garrafas são por minha conta...ic...ic...), deixam os armários e desfilam pela cidade, completando o típico cenário da fria estação .



As pessoas nas ruas são pacíficas e cordiais. Por esta razão desfrutam de liberdade, mesmo dividindo espaços urbanos. Some-se a isso, no caso das imediações da usina do Gasômetro, um ambiente natural de extrema beleza. A sensação que se tem é a da mais absoluta tranqüilidade e segurança. Não temos arrastões.

Passamos três domingos dentro da usina. No primeiro choveu. Pensei que não apareceria ninguém. Engano, quando a chuva parava ou diminuía, pessoas interessantes adentravam na usina. Surgiram as primeiras mensagens e elogios no nosso livro de presenças. Eles vieram de Blumenau, Porto Alegre, Brasília, Pernambuco. Foi neste dia que veio a inspiração de colocar na instalação um violão sem cordas.


Nos outros dois domingos, além do frio, o sol apareceu e a Usina se encheu de luz e gente. Eram pessoas de cidades do interior do estado, de ouros estados e até de outros países, que desaguaram nas margens do Guaíba, vindo atracar na Usina.



Famílias com suas crianças, namorados, sedentos por arte, solitários, curiosos, malucos de toda ordem mergulharam na viagem “Pá-Piresca”. Então, a sala interativa do poeta funcionava a todo vapor e uma overdose de vida preenchia todos os espaços.

Grupos de pessoas paravam para usar a máquina de escrever do poeta, como se fosse uma oportunidade única. (ficamos com pequenos textos e testes de visitantes da sala). Algumas crianças nunca tinham visto, usado ou se aproximado de uma máquina daquelas. Se tornando para elas, quem diria, objeto estranho e curioso. (Ouvi um pai falar: - Filho, já imprime na hora!)

Além do mais, o gosto musical eclético do poeta sempre atraia a atenção de visitantes ou passantes. Inúmeras vezes, eu vi pessoas não só escutando a Caixa Musical da Salamandra Mística, como também contemplado-a. Isto, nos dava muito orgulho.


Também, havia na sala do poeta um livro com a obra poética do Carbon Kid para os mais interessados nas poesias. Alguns sentavam na cadeira do poeta e após a leitura discutiam sobre o trabalho com o autor. Quadros do Kid e meus, também, magnetizaram olhares, bons comentários e muitas fotos.



Nestes dois domingos só faltou dar engarrafamento na trilha do poeta. Houve um deles em que duas pessoas vinham sentido contrário se baterem, tão grande era a concentração no trabalho do Carbon. Risos, leves constrangimentos e desculpas ... seguiram na leitura...


Não posso esquecer da TV protesto de Carbon Kid. Nela havia frases e alertas contra alienação . Era preta, com inscrições brancas, dentro dela coloquei uma lâmpada vermelha e piscante. Um objeto simples, mas que às vezes hipnotizava os visitantes da sala do poeta. Fanáticos da Tv, acharam de bom humor. Apesar dela ser um obra de crítica de costumes. Houve muita gente disposta a ler todas as inscrições.



Eu e o Carbon nos revezávamos na recepção dos visitantes da sala do poeta. De forma, que sempre dava pra conferir o que tava rolando, no entorno da Usina. Fizemos vários registros destes momentos. Isto até rendeu mais dois vídeos. Neles captamos imagens do domingo no entorno da Usina.

Todas estas coisas aconteceram praticamente em todos os dias de nossa temporada na Usina. Mas, nestes dois domingos elas se processaram numa quantidade e velocidade que jamais cogitamos. Quando se fazia um balanço do dia, Carbon e Eu, sempre tínhamos a sensação de que havia se passado vários dias. Exaustos e com a sensação do dever cumprido, só nos restava passar no bar e comemorar com aquela cervejinha.

Na próxima história falar-se-á sobre o Maravilhoso Livro de Mensagens dos Visitantes aos Artistas da Instalação Poética Pá-Pírus.


ASSISTA OS VIDEOS DOMINGO NA USINA DO GASÔMETRO CLIC NOs LINKs A SEGUIREEEEEEE:

"Domingo No Gasômetro 01"
http://br.youtube.com/watch?v=ZlxYYzqL_JQ

"Domingo No Gasõmetro 02"



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

PÁ-PÍRUS E O AMARRA BARATA




Dia 21, segundo dia da instalação, Carbon e eu estávamos dando os últimos toques na exposição, quando de súbito em vez, percebi um zumbido humano. Era um barulho chato feito por um hippie de boutique, sentado no forno da usina (patrimônio cultural, e arquitetônico etc...). Roupinha peruana surrada, óculos redondo e coisa e tal... Além disso, budista ou coisa parecida. Acho até que mais pra coisa parecida.


Junto com uns colegas, o riponga, aguardava sei lá o quê próximo a nós. O Carbon arrumando coisas e eu Fazendo a instalação elétrica. Quando de repente, ai que medo, chegou a bruxa do norte. Morena de beleza alternativa ou no mínimo polêmica, ela nos olhou e disse: - Não é que a gente não goste de vocês, mas até quando vocês vão ficar aí? Nossa Resposta foi 20 dias, inconformada arrematou: - É mais eu tenho uma cena que vai até ali... mais coisas do tipo, já contratei iluminação.



Ficamos sabendo ao longo dos dias que se tratava da encenação do Mahabarata, para nóis, um saravá indiano: o “Amarra a Barata”. O grupo em questão era o “Om”.



Carbon indignou-se com a possibilidade termos que mudar a exposição. Seu papiro de 65 metros, por ser contínuo e imenso sofre sempre quando temos que deslocá-lo. Além do mais, a bruxa se quer nos cumprimentou, saiu atirando pedras, sem qualquer consideração com relação ao nosso trabalho. Eu estava em campo desconhecido, pensava estar em desvantagem, mesmo tendo uma autorização para a exposição, conseguida um mês antes. Fiquei muito irritado, que até pensei brindar o grupo de teatro com um protesto na estréia deles utilizando a velha tradição medieval do tomate. Não seria original, mas seria bem legal!!! Pois, cacos de vidro caíram sob a mesa do poeta.


Passado stress, saí para o combate. Falei com a bruxa sobre nossa autorização. Ela nem ligou e disse que tinha uma mais antiga, mas não a mostrou. A direção me chamou. Pediu que mudássemos um pouco a instalação. Para ganhar tempo pedi para fazer na segunda seguinte, dia que a Usina abre apenas para serviços internos. Acho que bruxa não gostou. Porque dois dias depois a secretária veio pedir para liberarmos 40 metros para os teatreiros. Fato bizarro, já que a distância entre elevadores é essa. Estavam nos jogando para dentro do elevador. E, elavador...não pooode...

Voltei à direção protestei. Mas, sairia. De forma que tinha que pensar na mudança, acalmar Carbon Kid, que queria chutar as canelas da tribo da bruxa e dela também. Ela nos olhava feio sempre que passava. Sendo tribo, aquele grupo teatral, ela era a morubixaba. Foi então que decidi que iríamos para o local indicado, mas ocuparíamos o espaço que pudéssemos, antes dos ensaios, com mais uma nova ala na exposição.

Primeiro Carbon kid, pintou 4 lâminas de plástico inspiradas naquele momento desagradável. E, eu, o “Quem (?)”, sugeri que fizéssemos desenho de cabeças e as dependurássemos, durante o dia, no local onde seria apresentada a peça dos teatreiros, intitulando a ala com o nome sugestivo de "Sala dos Cabeças". A primeira lâmina dizia o seguinte:



"Faltaram órgãos para agüentar este desaforo, tão pútrida esta apresentação... Oh, meu Golly! Extremo nojo repulsivo e vendido!!!"






As ilustrações eram fortes e o texto, à moda de Carbon Kid, era ainda mais corrosivo do que o costumeiro. No mais, deu trabalho. Mas, nos adaptamos ao novo local e coisa fluiuiuiuiuiuiu, e nós acrescentamos novas alas em nosso trabalho.
Inclusive, tive a oportunidade de vê-los fazendo a divulgação do “amarra a barata”, na TV, no programa do “Bibo”. A música era boa, mas o figurino era de bailinho carnavalesco de subúrbio.

Houve um dia em que recebemos a visita, do Zé da Terreira, que faria parte a na encenação do Amarra. Ele habilmente datilografou um texto, dobrou o papel e se foi. Também, recebemos um cenografista da peça, que usou a sala do poeta para escutar música e trabalhar em máscaras para o a Amarra Barata.



A estréia do Amarra foi dia 08 de agosto, sexta, tínhamos agendado para sairmos da Usina 09 sábado, ainda poderíamos pleitear o domingo, um dia extra. Mas, não só estávamos exauridos de forças, e ainda chegou comunicado da direção pedindo que saíssemos impreterivelmente na data marcada.

Tudo bem, mas chegamos no sábado e havia uma parede branca dividindo o grande salão térreo. Quase que ela passa por sob o nosso trabalho. Mais uma vez o Carbon enlouqueceu. Eu percebi que era hora de sair mesmo. Aproveitamos a oportunidade e fizemos umas fotos empurrando o muro e com a luz da peça aproveitamos para fazermos vídeos de inexpressão corporal intulados: “Peripécias Extrambóticas " e "Peripécias Extrambóticas 01”, no qual interpreto um anti-bailarino.

Para nóis a cortina estava se fechando, mas antes do gran finale, escrevemos um manifesto e num envelope roxo feito por nóis mesmos, entregamos um recadinho para o Zé. Ele disse : - Bah, que bacana! Carbon e eu esperamos que ele tenha lido. O recadinhoo era o seguinte:

Prezados Colegas artistas,

Nós DA “Pá-Pirus” apresentamos nossos sinceros votos de sucesso em sua performance teatral.

Ficamos orgulhosos da Visita do Zé à sala do poeta. Tendo em vista a importância que seu teatro tem para a cidade, desde muito tempo.

Bem como sabemos ser difícil o ofício do artista independente, desde sempre.
Porém, mesmo entre artistas deve haver espírito ético e solidário.
E ética foi o que faltou quando tivemos que adaptar nosso trabalho a exigências de outrem. Estivemos sempre abertos ao exercício da dialética entre colegas amantes da arte.


MAS POR CERTO ENTRE COLEGAS NÃO HOUVE!! APENAS COMUNICADOS FRIOS DA DIREÇÃO.


Por fim, os muros brancos, erguido ao final de nosso trabalho, soaram como uma alegoria do Muro de Berlim, o muro da intolerância e nos fizeram crer que mesmo entre os independentes existe um resquício da negra maldição do espírito da sensura.
Porto Alegre, nove de agosto de dois mil e oito.

VIVA A CULTURA POPULAR BRASILEIRA!!! VIVA ARIANO SUASSUNA!!!
ABAIXO O ESTANGERISMO .

Ca-K & Famoso Quem(?)

Escrevemos censura com “S” para demonstrar maquicima irreverência e assinamos com nossas digitais, impressas com tinta oriunda da fita da máquina de escrever que havia à disposição dos visitantes da sala do poeta.

Os vídeos “ peripécias das extrambóticas” já estão no Youtube . Clique nos links a seguir e boa viagem!

"Peripécias Extrambóticas" http://br.youtube.com/watch?v=dXB7-1ylCVg

"Peripécias Extrambóticas 01" http://br.youtube.com/watch?v=pvqM0D_oc6g



POAemMovimento

POAemMovimento é coletivo de arte, dedicado a exercer a voz da cidadania, com o uso sem restrição, de toda e qualquer forma de expressão artística.

Advogado e Artista Plástico

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