As
reportagens e documentários sobre o Projeto TAMAR sempre causam nas pessoas
sensíveis às questões ambientais uma empatia instantânea e um grande desejo de
querer conhecer pessoalmente o importante trabalho da instituição. Dedicado ao
estudo e preservação da fauna de tartarugas marinhas da costa brasileira, o
projeto iniciado no norte do país atualmente possuiu várias ramificações ao
longo do litoral brasileiro.
Para
população do Rio Grande do Sul um contato direto com as atividades desta
fundação era bastante difícil em razão da distância. Porém, esta distância se
encurtou com a criação do “Museu Aberto da Tartaruga Marinha”, uma base do
projeto TAMAR, na Praia Barra da lagoa, Florianópolis, Santa Catarina.
O
Projeto TAMAR em Florianópolis desenvolve suas atividades em dois eixos
definidos: o primeiro diz respeito à preservação com a proteção, estudo,
monitoramento e o tratamento de quelônios para a posterior devolução ao meio
natural; o segundo relaciona-se com um museu interativo de ciências
naturais que leva o visitante a conhecer o ciclo de vida, os hábitos, habitats
e riscos enfrentados pelas tartarugas e outras espécies de animais marinhos
viventes na costa brasileira.
O
museu está assentado sob uma área de preservação permanente e as construções
são todas em madeira para diminuir o impacto ambiental, facilitar a remoção e a
recuperação do ambiente se assim for necessário. Não se trata de um
megaprojeto, por sinal a simplicidade dá o tom nas instalações imprimindo um
clima típico praieiro, que envolvem e encantam os visitantes.
O
Projeto TAMAR de Florianópolis, guardadas as devidas proporções, possui no seu
layout todos os elementos constantes nas grandes instituições museológicas. Além,
do cuidado o com o acervo criteriosamente escolhido e distribuído; existe a
preocupação para com o bem estar os visitantes.
Já
na praia onde é captada água para os tanques encontramos placa sobre a captação
de água para os mesmos. Na entrada um estacionamento para veículos, reserva
espaço para a recepção de ônibus de escolas, que se constitui na principal
clientela.
Chegando
à recepção os visitantes adquirem os tickets de entrada, recebem folders da
instituição e são informados pela recepcionista sobre a programação do dia
(Pode-se agendar a visita guiada, além dos horários diários). O horário
de alimentação das tartarugas constitui-se numa atração especial do museu.
A
partir daí decks de madeira sob um gramado conduzem os visitantes até quiosques
onde a historia das tartarugase de outras espécies marinhas são reveladas aos
visitantes.
Existem
tanques onde ficam as tartarugas que estão passando por tratamento para
devolução posterior ao ambiente natural; ou que não apresentam condições de
retornar ao oceano. O contato direto com animais emociona a todos, são animais
de grande porte, que surpreendem pela beleza e docilidade.
Placas
indicativas descrevem o nome das espécies, aspectos fisiológicos, localização
do habitat natural, hábitos alimentares e reprodução. Também há quadros
comparativos e réplicas de animais em tamanho natural .
Sala
de vídeo e anfiteatro…
A
distribuição dos espaços é harmônica e muitas vezes surpreendem os visitantes.
Com
relação a questões referentes à defesa e preservação da espécie o Museu TAMAR
de Florianópolis cumpre plenamente com sua missão. Pois, além do trato dos
animais feridos ou doentes, do trabalho de conscientização junto aos pescadores
locais, leva de forma competente aos visitantes, informações vitais para a
sobrevivência da espécie.
Num
dos quiosques, por exemplo, o visitante é alertado sobre os problemas da
poluição causada pelo plástico que vai parar no fundo dos mares e acaba sendo
ingerido pelas tartarugas, que confundem estes os objetos com alimentos. Tal
fato é apontado como uma das principais causas que podem levar as tartarugas
marinhas à extinção.
Assim
como, o perigo que representado pela pesca predatória com redes e anzóis de
toda espécie. Até bem pouco tempo as tartarugas marinhas capturadas por estes
métodos de pesca eram impiedosamente sacrificadas por que eram consideradas
inimigas dos pescadores. Os guias afirmam que apesar dos esforços para
conscientização sobre a importância das espécies, feitos junto aos pescadores,
esta prática ainda acontece em alto mar onde não há qualquer tipo de
fiscalização.
Conhecer
o Projeto TAMAR nos leva concluir que é possível desenvolver ações
preservacionistas eficientes com sustentabilidade. A unidade de Florianópolis
além de cumprir com sua importante missão na defesa dos quelônios marinhos
fornece emprego para técnicos como: biólogos, veterinários e guias
comunitários.
Colaboram
para a manutenção do trabalho desenvolvido pelo projeto TAMAR, em
Florianópolis, as doações feitas através das leis de incentivo à cultura. Assim
como, a renda advinda da cobrança de ingressos, taxa de estacionamento e de uma
encantadora lojinha…
…na
qual o visitante pode escolher entre variados e criativos souvenires uma
pequena grande lembrança dos emocionantes e inesquecíveis momentos vividos
naquele museu.
Sobre as Tartarugas Marinhas (Texto Projeto
Tamar)
As
tartarugas marinhas são répteis, existem a mais de 150 milhões de anos e
conseguiram sobreviver a todas as mudanças do planeta. Há sete espécies no
mundo, cinco delas ocorrem no Brasil: Cabeçuda (Caretta caretta), de
Pente (Erethmochelys imbricata), Verde (Chelony midas), Oliva (Lepydochelys
Olivacea), e de Couro (Dermochelys Coriacea). Todas estão na lista de
espécies ameaçadas do IBAMA (Portaria Nº 1.522 de 19/2/89 e da IUCN –
União Mundial para a Conservação da Natureza, apresentando graus de ameaça
segundo critérios de avaliação da situação das populações.
São
animais de ciclo de vida longos e altamente migratórios. Levam até 30 anos para
se tornarem adultos. Pesam de 65 quilos (a média para a menor das espécies,
a Lepydochelys Olivacea, até 700 quilos (a média para a
maior das espécies, Dermochelys Coriacea). O período de
desova se estende de setembro a março, no litoral brasileiro, e de dezembro
ajunho, nas ilhas oceânicas.
O
acasalamento ocorre no mar, nas aguas profundas ou costeiras. Cada fêm ea pode
desovar de três a cinco vezes, em média, com intervalo de 10 a 15 dias.
Os ovos são incubados pelo calor da areia da praia – onde são enterrados a
cerca de 50 centímetros da superfície e demoram aproximadamente 45 a 60 dias
até as tartaruguinhas nascerem. Logo sempre que nascem à noite, correm para o
mar, orientados pela luminosidade do horizonte.
Estima-se
que de cada mil tartarugas nascidas apenas 1 ou 2 chegam à vida adulta.
Na sua primeira luta pela sobrevivência são capazes de nadar freneticamente por
até sete dias sem sequer se alimentar. Passada a primeira etapa de vida,
alimentam-se de camarões, moluscos, caranguejos, esponjas e algas. Voltam a
mesma praia de origem para desovar, muitas vezes fazendo viagens
transcontinentais, já que podem ter seu sítios de alimentação e reprodução em
diferentes continentes.
* Edição e fotos Leonel Braz