sábado, 5 de maio de 2012

Museu Aberto da Tartaruga Marinha Projeto TAMAR em Florianópolis


As reportagens e documentários sobre o Projeto TAMAR sempre causam nas pessoas sensíveis às questões ambientais uma empatia instantânea e um grande desejo de querer conhecer pessoalmente o importante trabalho da instituição. Dedicado ao estudo e preservação da fauna de tartarugas marinhas da costa brasileira, o projeto iniciado no norte do país atualmente possuiu várias ramificações ao longo do litoral brasileiro.
Para população do Rio Grande do Sul um contato direto com as atividades desta fundação era bastante difícil em razão da distância. Porém, esta distância se encurtou com a criação do “Museu Aberto da Tartaruga Marinha”, uma base do projeto TAMAR, na Praia Barra da lagoa, Florianópolis, Santa Catarina.

O Projeto TAMAR em Florianópolis desenvolve suas atividades em dois eixos definidos: o primeiro diz respeito à preservação com a proteção, estudo, monitoramento e o tratamento de quelônios para a posterior devolução ao meio natural; o segundo relaciona-se com um museu interativo de ciências naturais que leva o visitante a conhecer o ciclo de vida, os hábitos, habitats e riscos enfrentados pelas tartarugas e outras espécies de animais marinhos viventes na costa brasileira.

O museu está assentado sob uma área de preservação permanente e as construções são todas em madeira para diminuir o impacto ambiental, facilitar a remoção e a recuperação do ambiente se assim for necessário. Não se trata de um megaprojeto, por sinal a simplicidade dá o tom nas instalações imprimindo um clima típico praieiro, que envolvem e encantam os visitantes.

O Projeto TAMAR de Florianópolis, guardadas as devidas proporções, possui no seu layout todos os elementos constantes nas grandes instituições museológicas. Além, do cuidado o com o acervo criteriosamente escolhido e distribuído; existe a preocupação para com o bem estar os visitantes.

Já na praia onde é captada água para os tanques encontramos placa sobre a captação de água para os mesmos. Na entrada um estacionamento para veículos, reserva espaço para a recepção de ônibus de escolas, que se constitui na principal clientela.

Chegando à recepção os visitantes adquirem os tickets de entrada, recebem folders da instituição e são informados pela recepcionista sobre a programação do dia (Pode-se agendar a visita guiada, além dos horários diários).  O horário de alimentação das tartarugas constitui-se numa atração especial do museu.

 A partir daí decks de madeira sob um gramado conduzem os visitantes até quiosques onde a historia das tartarugase de outras espécies marinhas são reveladas aos visitantes.

Existem tanques onde ficam as tartarugas que estão passando por tratamento para devolução posterior ao ambiente natural; ou que não apresentam condições de retornar ao oceano. O contato direto com animais emociona a todos, são animais de grande porte, que surpreendem pela beleza e docilidade.


 Placas indicativas descrevem o nome das espécies, aspectos fisiológicos, localização do habitat natural, hábitos alimentares e reprodução.  Também há quadros comparativos e réplicas de animais em tamanho natural .

Sala de vídeo e anfiteatro… 

A distribuição dos espaços é harmônica e muitas vezes surpreendem os visitantes.






Com relação a questões referentes à defesa e preservação da espécie o Museu TAMAR de Florianópolis cumpre plenamente com sua missão. Pois, além do trato dos animais feridos ou doentes, do trabalho de conscientização junto aos pescadores locais, leva de forma competente aos visitantes, informações vitais para a sobrevivência da espécie.  
Num dos quiosques, por exemplo, o visitante é alertado sobre os problemas da poluição causada pelo plástico que vai parar no fundo dos mares e acaba sendo ingerido pelas tartarugas, que confundem estes os objetos com alimentos. Tal fato é apontado como uma das principais causas que podem levar as tartarugas marinhas à extinção.


Assim como, o perigo que representado pela pesca predatória com redes e anzóis de toda espécie. Até bem pouco tempo as tartarugas marinhas capturadas por estes métodos de pesca eram impiedosamente sacrificadas por que eram consideradas inimigas dos pescadores. Os guias afirmam que apesar dos esforços para conscientização sobre a importância das espécies, feitos junto aos pescadores, esta prática ainda acontece em alto mar onde não há qualquer tipo de fiscalização.

Conhecer o Projeto TAMAR nos leva concluir que é possível desenvolver ações preservacionistas eficientes com sustentabilidade. A unidade de Florianópolis além de cumprir com sua importante missão na defesa dos quelônios marinhos fornece emprego para técnicos como: biólogos, veterinários e guias comunitários.

Colaboram para a manutenção do trabalho desenvolvido pelo projeto TAMAR, em Florianópolis, as doações feitas através das leis de incentivo à cultura. Assim como, a renda advinda da cobrança de ingressos, taxa de estacionamento e de uma encantadora lojinha…

…na qual o visitante pode escolher entre variados e criativos souvenires uma pequena grande lembrança dos emocionantes e inesquecíveis momentos vividos naquele museu.
 Sobre as Tartarugas Marinhas (Texto Projeto Tamar)

As tartarugas marinhas são répteis, existem a mais de 150 milhões de anos e conseguiram sobreviver a todas as mudanças do planeta. Há sete espécies no mundo, cinco delas ocorrem no Brasil: Cabeçuda (Caretta caretta), de Pente (Erethmochelys imbricata), Verde (Chelony midas), Oliva (Lepydochelys Olivacea), e de Couro (Dermochelys Coriacea). Todas estão na lista de espécies ameaçadas do IBAMA (Portaria Nº  1.522 de 19/2/89 e da IUCN – União Mundial para a Conservação da Natureza, apresentando graus de ameaça segundo critérios de avaliação da situação das populações.

São animais de ciclo de vida longos e altamente migratórios. Levam até 30 anos para se tornarem adultos. Pesam de 65 quilos (a média para a menor das espécies, a Lepydochelys Olivacea, até 700 quilos (a média para a maior das espécies,  Dermochelys Coriacea). O período de desova se estende de setembro a março, no litoral brasileiro, e de dezembro ajunho, nas ilhas oceânicas.

O acasalamento ocorre no mar, nas aguas profundas ou costeiras. Cada fêm ea pode desovar de três a cinco vezes, em média, com intervalo de 10 a 15 dias.  Os ovos são incubados pelo calor da areia da praia – onde são enterrados a cerca de 50 centímetros da superfície e demoram aproximadamente 45 a 60 dias até as tartaruguinhas nascerem. Logo sempre que nascem à noite, correm para o mar, orientados pela luminosidade do horizonte.

Estima-se que de cada mil tartarugas nascidas apenas 1 ou 2  chegam à vida adulta. Na sua primeira luta pela sobrevivência são capazes de nadar freneticamente por até sete dias sem sequer se alimentar. Passada a primeira etapa de vida, alimentam-se de camarões, moluscos, caranguejos, esponjas e algas. Voltam a mesma praia de origem para desovar, muitas vezes fazendo viagens transcontinentais, já que podem ter seu sítios de alimentação e reprodução em diferentes continentes.

* Edição e fotos Leonel Braz

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Revitalização da Orla do Guaíba e "Contiúdo"

Segundo Leonel Brizola, faltava para alguns políticos brasileiros “contiúdo” (neologismo para a palavra conteúdo), referindo-se à carência de fundamentação destes nas suas tomadas de decisões. Com este raciocínio simples Brizola era capaz de estabelecer uma série de causas que explicavam a eterna crise social e de valores reinantes na terra brasilis.

Neste sentido, podemos afirmar que ao “Projeto de Revitalização da Orla” no seu trecho inicial existe a tal falta de “contiúdo”. O trabalho é incompleto, passível de críticas; deixa de lado à opinião da população; apresenta um conceito vago, artificialista e que não respeita questões ambientais.

O Termo Revitalização

Revitalizar é um termo bastante usado na política urbanista brasileira contemporânea. Tem o sentido de trazer de volta a vida a um local que deixou de ser utilizado pela população ou que apresenta sinais visíveis de degradação ambiental.

Todo porto-alegrense sabe que orla do Gasômetro é largamente utilizada pela população, sendo que em pesquisa recente foi apontada como local mais lembrado pelo turista que visita nossa cidade. Também, apresenta sinais visíveis de recuperação ambiental como veremos a mais adiante.

Existe vida pulsante na orla do Gasômetro


 Logo, o conceito arquitetônico apresentado como o nome projeto é inadequado, não há o que revitalizar. Na verdade o trabalho do arquiteto Jaime Lerner é uma proposta para qualificação do ambiente sob o ponto de vista urbanístico. Sob o ponto de vista ambiental o conceito do arquiteto anda em sentido contrário, pois os esboços digitais criados pelo escritório do famoso arquiteto apresentam paisagem diversa da atual com áreas de concretagem explícitas.


Vegetais também  são seres vivos e revitalização na proposta começa pelo extermínio de parte vida local


Avaliação da Paisagem na Ponta do Gasômetro
- "Contiúdo" Ambiental

Promovida pela própria prefeitura, o Seminário Porto Alegre de Frente para o Guaíba, realizado na PUCRS, em outubro de 2010, foi uma oportunidade para a aquisição de importantes subsídios para o estudo dos problemas e soluções junto a orla do Guaíba. O encontro reuniu especialistas em diversas áreas do saber ligados à orla de cursos d’água. Destacamos a palestra da bióloga, Dra. Maria de Lourdes Abruzzi de Oliveira, da Fundação Zoobotânica Rio Grande do Sul que fez uma avaliação da Paisagem de um segmento da orla do Guaíba de aproximadamente 3 kilômetros de vegetação, do trecho que vai da Usina do Gasômetro em direção ao sul até o estádio Beira Rio.

A descrição que segue se refere apenas ao trecho inicial no qual se debruça o projeto Lerner. Segundo a professora, existe uma heterogeneidade ambiental, cuja configuração atual se deve às intervenções que começaram com o aterramento da orla no ano de 1956. Por conta do aterro a área sofreu uma drástica alteração. Porém, nos últimos tempos a orla ela vem apresentando um impressionante processo de recuperação sob o ponto de vista ambiental (Com exceção da área vizinha à Usina conhecida como “Prainha do Gasômetro” - onde o vai-e-vem de pessoas impede a total recolonização vegetal).

A movimentação na prainha é diária

 A partir da Prainha se inicia um processo recuperação das margens pela colonização de espécies vegetais de porte variado como: os juncos, árvores, arbustos e capim canivão. Ambos identificados como espécies características de mata ciliar.

Podemos citar os Ingazeiros, ingá edúlius, árvores comuns às margens de lagos e rios, cujas sementes envolvidas por uma polpa comestível adocicada podem ser consumidas pela fauna e pelo homem. Alcançam em média 25 metros de altura. Sob a sombra destas frondosas árvores os porto-alegrenses buscam refúgio para enfrentar as altas temperaturas. Elas também servem como barreiras naturais contra os fortes ventos do inverno. Existe no local o ingá de vagem e o feijão.

Por do sol sob os ingazeiros 

O ingá edúlius não se faz presente na proposta do Lerner. Salienta-se que o corte destas espécies sem estudos e sem licença ambiental é considerado crime ambiental inclusive no novo Código Florestal em vias de aprovação.

Outra espécie importante de mata ciliar encontrado neste trecho é o Sarandi, pouteria salicifolia. O Sarandi é uma espécie que evita os processos erosivos, sendo que seu uso antrópico é recomendado para reconstituição de margens degradadas; como o ingazeiro ela resiste às cheias. No inverno as folhas adquirem coloração avermelhada que dão ao ambiente uma beleza ímpar.

Os sarandis fazem a contenção natural das margens

Os Sarandis também gozam de proteção legal da lei florestal brasileira e, não estão contemplados na proposta do Lerner. Seu corte indiscriminado também é considerado crime ambiental.

Ao longo deste o trecho, entre as margens e o dique, encontramos um tapete de espécies gramináceas e herbáceas, que protegem o solo contra processos erosivos durante as cheias e agem como verdadeiros reguladores de temperatura diminuindo o calor excessivo. Diferentemente do concreto flutuante, que além de caro pode aumentar a temperatura na microregião.

(Segundo a arquiteta Adriana Schönhofen Garcia, nos Estados Unidos e Europa tem-se abandonado o uso de variedades de gramináceas ornamentais no urbanismo de parques, optando-se por variedades nativas, que são geneticamente adaptadas às condições locais. Elas são mais resistentes, consomem menos água na estiagem e recuperam-se com extrema facilidade.)

Neste pequeno segmento a colonização de juncos (rio à dentro),  ingazeiros e arbustos formam pequenas baías, que retêm matéria orgânica que serve de alimentos para aves e peixes. Nas águas destas baías se desenvolvem macrófitos (plantas aquáticas que vivem em brejos).

Macrófitos oferecem abrigo e alimento para peixes, anfíbios e aves

Também, observam-se neste espaço as presenças de outras espécies arbóreas nativas de mata ciliar de grande importância como: os jerivás (Syagrus romanzoffiana), as timbaúvas (Enterolobium contortisiliquum) e os Salseiros (Salix Humboldtiana).

salseiros na orla

O salseiro é uma espécie de pioneiro na colonização e recuperação das matas ciliares, pois oportuniza a ocupação por outras espécies de vegetais.

Este riquíssimo conjunto ambiental não deve ser meramente desperdiçado

Para interessados no assunto revitalização de corpos d’água sugerimos a leitura de artigo neste link:


A Dispensa de Licitação - “Contiúdo” Legal

A Arquiteta Adriana Schönhofen Garcia, mestre em Arquitetura pelo School of Architecture da Florida International University, em18 de novembro de 2010, em palestra ministrada na sede o Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Porto Alegre, afirmou que o edital de licitação para Revitalização do Cais Mauá causou estranheza aos grandes escritórios de arquitetura mundiais pela pífia divulgação e por ter sido redigido apenas em português. Aponta estas causas como os principais motivos para ter havido um único conglomerado interessado na execução da obra; formado por empresas estrangeiras sob a liderança de uma empresa nacional, o qual contratou os arquitetos Jaime Lerner  e Fermin Vázques para tratar da concepção arquitetônica (alteração em concordância com o comentário de Jorge Piqué).  Lerner é ex-presidente da UIA – União Internacional de Arquitetos, entidade que tradicionalmente promove e incentiva concursos de arquitetura no mundo todo.

O “contiúdo” da palestra relativa ao Cais Mauá de Adriana S. Garcia  pode ser conhecida na postagem de 21 de julho de 2011 deste blog.

(Ainda acreditamos, que um shopping próximo ao gasômetro e as torres no cais com certeza colaborarão para enfartar a Avenida Mauá, uma via saturada durante boa parte do dia. Mas, enfim... A proposta de revitalização do cais de Lerner vingou. Apesar dos constantes adiamentos para o início das obras ainda existem chances para que ela se adapte às condições reais da mobilidade urbana de Porto Alegre.)

Com relação à contratação de Jaime Lerner para executar o trabalho de revitalização (?) da orla sob o ponto de vista da legislação licitatória apresentamos as seguintes considerações:

Realmente o agente público pode contratar sem licitação em casos estabelecidos pela Lei 8.666/1993. Analisemos “contiúdo” dos artigos 13 e 25:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:


I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;

III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;

§ 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

O artigo 13 é explícito quanto à definição de serviço técnico. No caso em tela o trabalho de Lerner se enquadra no âmbito dos incisos II e III. Porém, o §1º assinala que se não for caso de inexigibilidade de licitação, deverá preferencialmente ser realizado concurso com estipulação prévia de premio ou remuneração para que seja contratada a prestação de serviços técnicos.

Pois muito bem, resta-nos saber se para a contratação do Lerner havia as tais condições para a inexigibilidade de processo licitatório.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.


§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

A regra é clara, para seu fácil entendimento basta invertermos um pouco a ordem: Se for inviável a competição; é inexigível a licitação.”

Se em curto lapso tem foi possível realizar um concurso para escolha da grade de proteção para a ciclovia da Av. Ipiranga, vencida pelo arquiteto Rodrigo Troyano; nos parece que não haveria motivos plausíveis para que não  houvesse uma nova competição de arquitetura, desta vez num projeto dedicado a orla.

Troyano e o projeto vencedor - foto site uniritter

Portanto, sob o ponto de vista legal, a contratação do arquiteto Jaime Lerner se deu maneira arredia à lei e pode ser tranquilamente anulada mediante provocação do sistema judiciário ou requerimento junto ao Ministério Público para o exame da matéria e providências de estilo. Quanto à notoriedade do arquiteto esta é inquestionável.

A análise do §2º, que fala em superfaturamento fica prejudica pela falta de informações reais sobre os valores da contratação e prêmios para concursos de arquitetura. Fiquemos por hora com a declaração de Lerner de 20/12/2012, dada ao Jornalista Deivison Ávila, jornal do comércio:

“Primeiramente, cada etapa será detalhada e só a partir daí teremos noção do valor da obra.”

(Você daria um cheque em branco assinado a um político?)

Sobre o tema concursos de arquitetura, projeto de revitalização da orla do Guaíba e Jaime Lerner, indicamos o texto do Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – RS no seguinte link:



"Contiúdo" Final

Salientamos que a prefeitura possui Grupo de Trabalho de gabarito dedicado exclusivamente ao estudo da  orla, motivo pelo qual nos causou estranheza a imposição da contratação do Lerner. Assim como, a concepção artificialista do projeto (?) desacompanhado de qualquer tipo de estudo ou informação relacionada diretamente ao meio ambiente.

A revitalização nos moldes propostos começa pela extirpação de uma mata ciliar em plena recuperação na área central de uma grande cidade (Na Europa o processo é inverso, cientistas tentam reintroduzir estes biomas nos grandes centros...).

As pessoas não se aproximam da margem por que ela está constantemente poluída com

LIXO



DESPACHOS



 E OS POUCOS EQUIPAMENTOS ESTÃO SUCATEADOS.


 Apesar deste quadro dramático causado pelo abandono por parte da prefeitura e  falta de educação ambiental de grande parcela da população, que joga lixo indiscriminadamente na orla e afluentes; o entorno da área tem altíssima frequência nos nas tardes e fins de semana.

Estes aí estão bem vivinhos!


Livre acesso + segurança + limpeza + equipamentos urbanos + fiscalização + comércio ambulante organizado + sanitários + respeito à natureza =  a melhor e mais econômica receita para revitalizar todos os 72 kilômetros da orla poto-algrense do nosso amado Guaíba.

Guardemos os milhões dos contribuintes para a saúde e atendimento aos nossos moradores de rua.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lusco-Fusco/Twiligth

Lusco-fusco é o momento de transição entre o dia e a noite, ou seja o crepúsculo vespertino e o crepúsculo matutino. Também, é o momento do dia proprício à meditação através da simples contemplação do horizonte . Nosso lusco-fusco no caso é no ocaso (pôr do sol) às margens plácidas (tranquilas) das águas do Guaíba.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

POAemMovimento e Moacyr Scliar



Conheci os romances de Moacyr Scliar na minha adolescência. Na época não sabia muito bem o significado da palavra “surrealismo”. Mas, aquele jeito de contar histórias misturando imagens reais com acontecimentos fantásticos tinha muito a ver comigo, de forma que não foi preciso muito para virar um leitor daquele escritor.

O primeiro livro que li foi “Os Deuses de Raquel”, cujo narrador era o “olho que tudo sabe, que tudo vê”. Perdia o sono pensando naquele misterioso contador da história. O segundo, O Exército de um homem Só, me cativou por ser uma história aparentemente simples na sua essência. No entanto, o personagem principal, Mayer Guinzburg, trazia uma carga dramática muito densa e o desejo dele por um mundo justo me contagiava. Era impossível não torcer por aquele louco revolucionário.


Outra obra de Moacyr marcante para mim foi o “Carnaval dos Animais”. Lembro do conto em que o personagem ia até a BR 290, a nossa Free Way, e lá entrava num estranho nevoeiro, uma espécie de portal que ia dar em Nova York. Passava a noite na Big Aple, retornando a Porto Alegre na madrugada pelo mesmo nevoeiro. O personagem achava aquilo tudo muito estranho, mas não contava à ninguém com medo que o encanto acabasse.

Moacyr era um escritor polivalente, no mesmo instante que nos envolvia com uma inventiva narratória; nas suas histórias descrevia os costumes, hábitos e personagens do Bairro Bom Fim, bairro que concentrou os imigrantes judeus em Porto Alegre, onde morou a vida toda. Também, professoralmente levava o leitor a mergulhar no universo da cultura Judaica de forma absolutamente natural. Assim, palavras como “goy”, “torah”, “bar mitzvá”, “shabat” passaram a fazer parte do meu vocabulário.

Não o conheci pessoalmente, apenas através da sua obra literária. Alguns amigos privaram da sua amizade. O companheiro Sylvio Nogueira, por exemplo, foi colega dele no Colégio do Rosário, Zoravia Bettiol o tinha como um caríssimo amigo. Meu irmão, de quem tomava os livros de Scliar emprestados para ler, durante anos o encontrou no elevador, quando Scliar trabalhava na Secretaria da Saúde.



Palavras de Moacyr Scliar sobre seu método literário:

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".

Quando emprestamos o personagem “Morte de Plástico”, criado por mim e Willis Carmo para o vídeo, que circula no youtube, “Não ao Pontal” de Carlos Gerbase, ficamos orgulhosos que o trabalho iniciava com uma citação de Luis Fernando Veríssimo e terminava com outra dele, Moacyr Scliar. Embora, não haja referência nossa nos créditos do vídeo de Gerbase, os 40 segundos que “Morte de Plástico” aparece no citado vídeo fizeram com que nos tornássemos parceiros dos escritores, cineasta e de todos os participantes daquela obra coletiva.

Transcrição in verbis da frase de Moacyr Scliar para o vídeo “Não ao Pontal”:

“Nossa cidade sempre foi um reduto da consciência ecológica no Brasil, e é importante mantermos a fidelidade a uma luta da qual depende o futuro de nossa população”.

Levar Capitão Birobdjan, personagem central da obra “Exército de Um Homem Só”, até a 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, foi um exercício poético cujo resultado nos causou uma imensa satisfação. Trouxemos o personagem do mundo fantástico para a realidade e ele saiu-se melhor do que poderia supor a nossa a nossa vã filosofia.



Os mais de 67 livros publicados por Moacy Scliar dividem-se em vários gêneros literários tais como: o conto, romance, ficção infanto-juvenil, crônica e ensaio.

ROMANCES DO AUTOR

A guerra no Bom Fim. Rio, Expressão e Cultura, 1972. Porto Alegre, L&PM.

O exército de um homem só. Rio, Expressão e Cultura, 1973. Porto Alegre, L&PM.
Os deuses de Raquel. Rio, Expressão e Cultura, 1975. Porto Alegre, L&PM.

O ciclo das águas. Porto Alegre, Globo, 1975; Porto Alegre, L&PM, 1996.

Mês de cães danados. Porto Alegre, L&PM, 1977.

Doutor Miragem. Porto Alegre, L&PM, 1979.
Os voluntários. Porto Alegre, L&PM, 1979.

O centauro no jardim. Rio, Nova Fronteira, 1980. Porto Alegre, L&PM. (Prêmio APCA).

Max e os felinos. Porto Alegre, L&PM, 1981.
A estranha nação de Rafael Mendes. Porto Alegre, L&PM, 1983.

Cenas da vida minúscula. Porto Alegre, L&PM, 1991.

Sonhos tropicais. São Paulo, Companhia das Letras, 1992. (Prêmio Jabuti).

A majestade do Xingu. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.

A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.

Os leopardos de Kafka. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

Mistérios de Porto Alegre. Artes e Ofícios, 2004.

Na Noite do Ventre, o Diamante. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005.

Os vendilhões do templo. 2006.

Manual da paixão solitária. Cia. das Letras. 2008. (Prêmio Jabuti).

Eu vos abraço, milhões. 2010

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Porto Alegre Para Turistas (?)

Se a Copa Mundial de Futebol – FIFA 2014 fosse hoje, que recordações levariam os turistas que tocassem o solo porto-alegrense? Com certeza não seriam as obras estruturais. No Brasil as obras públicas superam as do primeiro mundo apenas no quesito orçamento. Também, ninguém sai de casa para ver um puxadinho no aeroporto mal planejado ou uma obra viária que não saiu do papel.

(Muito menos, O Parque Marinha do Brasil, por exemplo, que foi retalhado para favorecer um empreendimento imobiliário particular na outra margem do dilúvio sob pretexto de duplicação da Edvaldo Pereira Paiva para a copa.)

Turistas gostam de se misturar com o povo das cidades que visitam e de conhecer os lugares pitorescos que dão identidade ao povo local. Lógico, registrando estes momentos impreterivelmente em suas câmeras e filmadoras digitais.

Pensando nisso, visitei alguns pontos da cidade que seriam interessantes aos cobiçados turistas da Copa 2014. O desencanto foi total e o que se viu foi vergonhoso para todo e qualquer cidadão porto-alegrense verdadeiramente responsável.

MERCADO PÚBLICO

O Mercado Público de Porto Alegre é um prédio histórico de estilo neoclássico construído em 1869. No seu interior as coisas vão bem, o comércio diversificado e o de produtos típicos, contam um pouco dos hábitos e costumes dos gaúchos.

1877- Luigi Terragno
(Por sorte o mercado escapou do PrefeitoTelmo Tompson Flores, que desejava por a abaixo o mercado para construir uma nova via e do prefeito careca que queria transformá-lo num estacionamento.)

Se o turista quiser levar uma imagem atual da fachada do prédio terá dificuldades. Ao longo do tempo, a parte externa deste precioso patrimônio arquitetônico e histórico da cidade foi sendo agredida e vitimada pela poluição visual.

 No lado da Avenida Borges de Medeiros um estacionamento perpendicular prejudica a visão.


.Em frente à estação Mercado do Trensurb dois pórticos de cimento enfeiam a fachada. São estruturas pesadas, grosseiras, de valor estético duvidoso e que não se integram à imponente arquitetura do velho mercado.


 No lado da praça XV terminais de ônibus ocultam o prédio.


No entanto, o que mais salta aos olhos fica em frente ao Largo Peres. Ali, quiosques feitos com dinheiro público poluem visualmente a fachada no único lado em que seria possível de se contemplar o esplendor da edificação.


(Dinheiro público por que uma famosa empresa de refrigerantes recebeu isenção fiscal votada na câmara de vereadores para patrocinar esta bosta.)


CAMELÓDROMO

Idealizado para retirar os vendedores ambulantes das calçadas do centro, orgulho para alguns políticos de mau gosto, a obra tornou-se inepta para a finalidade desejada. Vendedores de DVDs, tênis clonados, cigarros paraguaios e óculos, ainda realizam seus negócios pelas calçadas do centro, numa espécie de guerrilha de vendas ou comércio ambulante relâmpago.


(Destaque-se que o tal centro de comércio popular é notoriamente conhecido pelo comércio de produtos contrabandeados do oriente, Paraguai, Uruguai e pela venda de produtos conhecidos como genéricos, uma espécie de eufemismo para a “pirataria de marcas famosas”.)

Resultado de uma PPP – Parceria Pública Privada, a melhor descrição para o prédio que encontrei foi a de um conhecido historiador e arqueólogo da cidade: “É um estafermo!” (estafermo no sentido de coisa sem préstimo, estorvo)

O prédio é um horror desprovido de qualquer senso estético ou desenho arquitetônico e as divisões são como currais de venda.

Outro mal de grande proporção encontra-se no espaço térreo do estafermo. Sob este gigantesco caixão de concreto foi instalado um terminal para várias linhas de transporte coletivo. No local sombrio o teto é baixo e trabalhadores são expostos a impiedosas cargas de substâncias tóxicas como o Pb(C2H5)4 (chumbo tetraetila) e CO2 ( monóxido de carbono) expelidos pelos escapamentos dos coletivos, enquanto aguardam transporte para retornar para casa. Com tempo úmido ou calor excessivo o térreo do camelódromo se transforma numa câmara de gás extremamente nociva à saúde dos usuários do terminal. Ou seja, estamos gerando legiões de cidadãos porto-alegrenses que muito provavelmente serão no futuro portadores de graves moléstias respiratórias crônicas.



(Não há monitoramento da qualidade do ar no térreo do camelódromo.)


USINA DO GASÔMETRO


Uma recente pesquisa de opinião pública apontou a Usina do Gasômetro como o local mais lembrado pelos turistas que visitam Porto Alegre. Tal fato não me causou surpresa, pois minha primeira exposição de arte, realizada em 2008 foi na Usina. Durante 20 dias convivi com cidadãos locais e um extraordinário número de visitantes de todos os cantos do país e do mundo.

(A exposição Pá-Pírus está registrada neste Blog.)

Relativo à Usina só posso tecer os melhores elogios à Direção da casa que consegue manter um bom nível nas suas oficinas, programações e manutenção das instalações. Já da área próxima a usina conhecida como prainha, não posso fornecer a mesma opinião.

Devido ao grande movimento dos fins de semana a estreita escadaria que dá acesso a praia é insuficiente para suportar o fluxo de transeuntes. Por conta disto, um caminho forçado paralelo à escada foi se formando. É uma ladeira de areão escorregadio, que prejudica o acesso de idosos, crianças e portadores de necessidades especiais. Logo se faz necessário neste local uma pequena intervenção arquitetônica, para dar segurança e valorizar o local, tirando o aspecto atual de desleixo.


Também, não posso deixar de mencionar a poluição proporcionada pelas carcaças de animais e alimentos podres deixados pelos praticantes de religiões tribais afro-brasileiras, estas quizumbas lançam no ar um odor de putrefação e bactérias perigosíssimas para a saúde. Há casos em que esta nojeira permanece exposta céu aberto por dias.

Na prainha ainda existe um ponto onde o desleixo pode causar danos irreparáveis. É o atracadouro da prainha. Após a reforma não foram instaladas barras de proteção. A situação pode facilitar uma eventual queda de pessoas ou veículos nas águas profundas do cais. Não existe se quer sinalização alertando sobre o perigo. Uma falha de segurança como esta seria suficiente para interditar a tradicional festa de réveillon que se realiza bem naquele local e que reúne milhares de pessoas.


LARGO DOS AÇORIANOS

O Largo dos açorianos é um dos pontos da cidade que enchem os olhos e orgulho do porto-alegrense. Um dos seus atrativos, a ponte de Pedra  foi construída em 1848, no governo de Duque de Caxias. A ponte é uma relíquia da arquitetura imperial que resistiu à fúria de nossos atrapalhados governantes.



Quanto a este ponto turístico, pensei que as crítica repousariam na falta de manutenção da ponte, nas águas sujas do lago (de coloração verde devido às algas cianofíceas) e do lixo flutuante. Assim como, o mau cheiro e o conseqüente criatório de mosquitos e outros insetos, vetores capazes disseminar uma de série de doenças infecto contagiosas em pleno centro da cidade.

(Não existe controle sanitário das águas do lago.)



Apesar do quadro caótico do lago e de avarias na ponte, isto representou muito pouco na medida em que resolvi fotografar a outra atração do largo. O belíssimo monumento à chegada dos 60 casais açorianos que fundaram a cidade em 1752.


Ao me aproximar da belíssima escultura de autoria de Carlos Tenius, que desencanto... A base da escultura se transformou numa LATRINA de moradores de rua. Há fezes e uma urina entranhada no solo que já corroeu grande parte da base estrutura, abrindo grandes buracos cheios de urina que exalam um fedor inimaginável.



Em volta da estrutura caixas de concreto da antiga iluminação servem para estocar restos roupas e lixo. Existe uma população sem teto que simplesmente vai até a o monumento para fazer suas necessidades. Ou seja, o monumento está se deteriorando rapidamente e se não forem tomadas providências urgentíssimas. Em breve o monumento se transformará num monte de ferro retorcido literalmente afundado na merda.

Estes exemplos pretendem demonstrar que não se pode desenvolver o turismo em uma cidade apenas com publicidade, discursos fantasiosos, mega projetos ou através de um único evento. Primeiro deve-se necessariamente fazer as lições de casa. Neste aspecto estamos mais de 08 (oito) anos em atraso.

Porto Alegre enfrenta queda na qualidade de vida constante. Não podemos culpar exclusivamente o desleixo, despreparo e soberba dos nossos vereadores e prefeito. Aqueles que os conduziram ao poder e lhes dão sustentação, também tem sua parcela de culpa. Assim como, todos a os detentores de conhecimento que são omissos frente à inquestionável degradação pela qual passa a nossa cidade.

Que fique bem claro: "Não se pode governar uma cidade apenas com placas bonitas!"











Outros pontos turísticos (?) da cidade serão visitados na esperança de se encontrar locais recomendáveis à visitação do turista durante a Copa 2014.

(Já adianto que os centros culturais espalhados pelo centro histórico da cidade estão entre os pontos positivos que qualquer porto-alegrense pode indicar à visitação do turista, sem passar por constrangimentos.)


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural


No início dos anos 1970 a ditadura militar estava a pleno vapor. Sob o pretexto da manutenção da ordem e do progresso o poder autoritário limitava os direitos políticos, amordaçava a opinião pública e reprimia a liberdade de expressão. Campanhas nacionalistas ufanistas varriam o território nacional exaltando uma política desenvolvimentista (milagre econômico).

O Brasil deixava de ser um país de economia preponderantemente ruralista para ingressar irreversivelmente numa economia  de cunho industrial. Para sustentar o acelerado crescimento havia um preço a pagar: a degradação do ambiente natural.

Neste sentido a política desenvolvimentista foi impiedosa como o meio ambiente. Em poucos anos os rios foram envenenados por agrotóxicos, resíduos domésticos e industriais. A poluição do ar se tornou constante nos grandes centros urbanos. O desatino era tanto, que a poluição era vista como um mal necessário, sem o qual não era possível o desenvolvimento.

Diante deste quadro caótico, os problemas ambientais ficaram cada vez mais visíveis, a ponto de um grupo de naturistas de Porto Alegre unir forças para sair em defesa da natureza ameaçada. Nascia assim, no dia 27 de abril de 1971, a AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. Entre os fundadores da entidade estavam Augusto Carneiro, Hilda Zimermann, Flávio Lewgoi e José Lutzenberger.
poavive.wordpress.com
Apesar das nobres intenções o grupo foi taxado pelos militares como subversivo. Uma denominação perigosa naqueles anos de chumbo. Mas, isso não esmoreceu os pioneiros da AGAPAN. Nos anos seguintes eles enfrentaram o poder constituído empreendendo importantes lutas na defesa do meio ambiente.

Devido ao combate ao corte de árvores nas zonas urbanas, políticas públicas ambientais foram adotadas e, Porto Alegre se tornou numa das capitais mais arborizadas no país. O parque/reserva de Itapuã não seria uma realidade sem os esforços do bravo José Lutzemberger, que lutou contra as pedreiras clandestinas, que transfiguravam aquele belíssimo cenário natural. Sem falar nas ações contra a devastação das florestas, queimadas, uso indiscriminado do solo, poluição do ar e cursos d’água.

Parque de Itapuã - portoimagem.com

Outra luta importante para a cidade, nos primeiros tempos, foi àquela desenvolvida contra a fábrica de celulose Borregard, que empesteava a cidade com um fétido odor, pois havia sido instalada sem filtros.

poavive.wordpress.com

Em 1973, um membro da entidade, o estudante Carlos Dayrell, conseguiria barrar o corte de árvores na Avenida João Pessoa, subindo num tipuana e impedindo o corte de uma série de árvores.
Dayrell em ação - Correio do Povo

Em 17 de agosto de 1988, os membros da associação, Guilherme Dornelles, Gert Schinke, Gerson Buss e Sydnai Sommer, escalaram os124 metros da chaminé da Usina do Gasômetro, para colocar uma faixa de 25 metros de comprimento em protesto contra a execução de um projeto que colocaria a Usina do Gasômetro no chão. Hoje em dia é impossível pensar em Porto Alegre sem a Usina do Gasômetro. A cidade deve isto à AGAPAN, que soube mobilizar a sociedade.
´
ultimosegundo.ig.com.br
Este blogueiro é amigo pessoal de dois dos quatro que subiram na chaminé da Usina. Guilherme Dornelles foi meu vizinho e companheiro de atividades sociais etílicas; Gert Schinke, trabalhou com Vitor, meu irmão, na tesouraria do PT  em 1989 e deu de presente para Vitor o capacete usado naquele momento épico. Guardamos com carinho este objeto, que hoje faz parte da história da nossa cidade.

No alto com um braço estendido Gert
Guilherme agachado ao centro com capacete usado na escalada
portoimagem.com
capacete preservado - Leonel Braz

Sede AGAPAN antes - agapan.blogspot.com

Em razão da sua trajetória, a sorrateira demolição da sede da AGAPAN, no dia 06 de junho de 2011, em circunstâncias ainda não esclarecidas, foi um ato deplorável que atingiu não só a entidade, como também toda a comunidade porto-alegrense e história do movimento ambientalista brasileiro, que teve seu início ligado aos primórdios da entidade. Diante destes fatos a sociedade não pode ficar omissa!
Sede AGAPAN depois - agapan.blogspot.com

No ano em que completou 40 anos de existência, a AGAPAN, sofreu um duro e violento golpe. Porém, seus integrantes prometem reerguer a sede destruída. Faça parte dessa história, associando-se à entidade, através do e-mail: comunicação@agapan.org.br.

A AGAPAN precisa de você!


“Nossas maiores homenagens aos fundadores da AGAPAN, que corajosamente enfrentaram a ditadura militar para defender a natureza e boa qualidade de vida.”


 

POAemMovimento

POAemMovimento é coletivo de arte, dedicado a exercer a voz da cidadania, com o uso sem restrição, de toda e qualquer forma de expressão artística.

Advogado e Artista Plástico

Acesse minhas redes sociais: Facebook Youtube Instagram Twitter Breve novidades!

Seguidores

Visitantes