Não desistimos deste blog. Ocorre que nos últimos meses nos sobrecarregamos com atividades ligadas à Orla do Guaíba e que nos impossibilitaram de realizar novas postagens. Como resultado significativo de toda esta movimentação, citamos a Mostra de Vídeo em Prol do Museu das Águas de Porto Alegre, que Willis e Eu produzimos, realizada em 26 de setembro no Santander Cultural. O documentário "Guaíba Rio ou Lago". O blog do Museu das Águas (museudasaguasdeportoalegre.wordpress.com), que criamos para divulgar a proposta e conteúdos sobre o assunto.
Também, escrevemos um roteiro de uma performance para abrir as palestras de apresentação da proposta do Museu das Águas. Sem contar os seminários e reuniões que freqüentamos para buscar informações a fim de melhor qualificar o nosso trabalho.
ensaio fotográfico da performance
Mas... Sem dúvida nenhuma, o trabalho que mais nos deixou ansioso foi a intervenção na abertura da 56ª Feira do Livro. Desde a primeira intervenção em 2008, percebemos que as fronteiras daquele território das letras ultrapassavam qualquer expectativa que a nossa vã filosofia poderia alcançar. Que na feira não era possível somente adquirir poesia, ali naquele espaço mágico também se podia viver “momentos poesia”.
Quem assistiu a assunção de Carlos Urbim como patrono Feira do Livro 2009, conduzida por Charles Kiefer, ou a cerimônia do seu encerramento, sabe do que eu estou falando. Quanto à abertura da feira de 2010, a qual elegeu como patrono o “Folclorista Paixão Côrtes”, o encantamento não foi diferente.
Os festejos começaram com folcloristas que desfilaram pela feira apresentando a cultura gaúcha. Figuras do Maçambique, das danças gauchescas, mascarados e um declamador, dirigidos pelo novo Patrono da Feira, coloriram a abertura das bancas de livros.
Por sinal, a cultura folclórica gaúcha muito deve ao Paixão e seus amigos, que em 1947 fizeram os primeiros registros de costumes vividos no campo. Iniciando aquilo que ficou conhecido como MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO.
Após, ao desfile a cerimônia se transferiu para o teatro “Sancho Pança”, onde um público formado por amantes das letras, convidados e autoridades, emocionadamente ouviram as declarações de amor à literatura e a cultura do patrono que despedia e as do novo patrono.
Urbim começou seu pronunciamento usando como base o livro de batismo de Paixão Côrtes; trazendo ao público detalhes sobre o nascimento de Paixão, um bebê pra lá de robusto. Em seguida falou um pouco da obra de Paixão e sua importância para o cenário cultural gaúcho. Também, ficamos sabendo dos laços familiares dos dois, ambos oriundos de Santana do Livramento. Urbim, fez uma elegia tão bela ao Paixão ao entregar o posto de patrono, que algumas pessoas foram às lágrimas. Principalmente uma senhora que se sentou ao nosso lado. Ela relatou que havia sido professora de português de Urbim, lá em Santana do Livramento. Orgulhosa, contou detalhes de seu antigo aluno e de como sentia orgulho daquele discípulo que havia se transformado em mestre das letras.
Paixão, disse que não se considerava um escritor... Mas, sim um escrivinhador. Agradeceu a saudação e a cortesia de Urbim. Disse que ambos haviam bebido leite do teto da mesma vaca. Também disse das suas andanças e do amor pela terra, a cultura do Rio Grande e do orgulho de ser patrono da feira. Demonstrou fortes os traços da humildade que possuem todos os grandes homens da história. Inovou ao unir à sineta (que anuncia a abertura da feira) tocada pelo xerife da Feira, Júlio La Porta, a matraca do folclore gaúcho. Ao lado do prefeito e do xerife eles fizeram o cortejo de abertura que culminou com a apresentação da Banda Municipal.
O trabalho de Paixão Côrtes tem importância fundamental para estabelecimento e firmação da nossa cultura regional. O Manual de Danças Tradicionais Gaúchas, obra dele e de Barbosa Lessa, por exemplo, mostra passo-a-passo, as coreografias das 25 danças tradicionais gaúchas. Consistindo num trabalho de resgate e pesquisa iniciados em 1948, quando da fundação do CTG 35.
Falando em CTGS, Centros de Tradição Gaúcha, atualmente eles se espraiam pelo Brasil e por todo mundo. É um movimento cultural em constante expansão, que divulga pelos quatro cantos do mundo os costumes e os hábitos da gente do Rio Grande do Sul. Isto não teria sido possível sem a inestimável colaboração à cultura regional do Patrono da 56ª Feira do Livro Paixão Cortes.
São cerca de 4.000 entidades cadastradas dedicadas ao culto das tradições gaúchas, movimentando 5 milhões de pessoas em todo mundo.
São cerca de 4.000 entidades cadastradas dedicadas ao culto das tradições gaúchas, movimentando 5 milhões de pessoas em todo mundo.
Aos 85 anos Paixão Côrtes continua muito ativo. Avesso às polêmicas que por vezes o assunto tradicionalismo desperta, segue firme e forte. Desenvolve no momento o resgate de uma dança inédita coletada em foto, filme e gravação de áudio de material coletado há muito tempo e que agora será ressuscitada pelo mestre. A dança se chama "Americana". Consciente da importância do seu trabalho, mantém a suas expensas todo seu material de pesquisa, que está em estágio de digitalização.
Levamos o Justino Chaplin para participar do evento e ele fez o maior sucesso com sua gaita. Na saída do cortejo fez sua saudação ao patrono. Também foi cumprimentado pelo Sr. Prefeito José Fortunati. Urbim se aproximou e lhe apertou a mão. Um jornalista ZH, disse que havia fotos do Justino no Slide Show da Zero Hora. Procuramos, mas ainda não conseguimos localizar.
Mais uma vez saímos encantados com a cerimônia de abertura. Fizemos o registro destes momentos com o nosso parco instrumento de filmagem. Aliás, se alguém se interessar em patrocinar um equipamento de filmagem de melhor gabarito, será muito bem vindo! A arte agradece. Aceitamos inclusive doação de equipamentos usados.
Nossas passagens anteriores pela Feira do Livro de Porto Alegre encontram-se registradas neste blog e nos vídeos do youtube.
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