Nos anos mil novecentos e oitenta, o rock invadiu as rádios
e o surf se espraiou pela costa brasileira. Naquele tempo, as praias de Santa
Catarina eram desfrutadas por gaúchos tidos como aventureiros, praticamente isoladas,
tinham pouco valor para os locais.
Foi nesta época que conheci o Farol de Santa Marta. Tempos em que era possível passar dias gastando
nada, graças à generosidade dos pescadores. Agente se abrigava nos barracos de
pesca e a dieta consistia em café, peixe e cachaça.
Com pouca grana, enfrentávamos a BR 101 de carona, ouvindo invariavelmente
todos os tipos de histórias e confissões dos caminhoneiros. A coisa funcionava
para minha turma assim: Tamos sem grana... Então, vamos para um lugar mais bonito.
Dedão na estrada e pronto, chegávamos ao paraíso. Com trocados, algum rango de
casa, feriadões se tornaram temporadas. Às vezes, o retorno era dramático com
fome e cansaço. Que nem na música do Nei Lisboa, tínhamos que vender história para
o jantar.
Algumas coisas pareciam exóticas. Por exemplo, um simples pedido
de informação era respondido com um “segue toda vida, né... Com quebras pra lá
ou pra cá. Os nativos ainda mediam a distância em palheiros (cigarro de palha
de milho). Cada palheiro levava cerca de vinte minutos. Tempo pra fechar o
cigarro e fumar. Isso nos divertia a ponto de pararmos para pedir informação
sem necessidade, apenas para ouvir isso. De quando em vez, adicionávamos a
pergunta, se era um palheiro à pé ou de carro. Isto embaralhava a cabeça dos
nativos, tamanha a ingenuidade.
Vídeo de Verão 2015 no Farol de Santa Marta
https://www.youtube.com/watch?v=anOrl9QgnkI
Dias atuais...
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