Durante uma pausa na manifestação, que fazia a favor do Pontal do Estaleiro, na audiência pública, do dia 05.mar.2009, Câmara Municipal de Porto Alegre, a “Morte de Plástico” conversou comigo. Numa conversa franca e aberta revelou-me coisas interessantes sobre seu passado e a importância que atribui ao trabalho dos nossos vereadores que andam fascinados pela ESPECULAÇÃO.
“Morte de Plástico”, fale um pouco do seu passado.
_Veja bem, meu caro Quem (?), O que vou dizer não é nenhuma revelação bombástica. Também, não se trata de nenhuma bravata. Já que sou a coisa mais certa nesta vida. Está tudo registrado nos livros de história, nas antigas mitologias, nos ritos tribais. Venho trabalhando há milênios, sendo muito conhecida na antiguidade, principalmente na Grécia antiga. Quando o apóstolo João me redescobriu em sua terceira visão, eu já fazia muito sucesso.
Por sinal, sou bem mais antiga que o barbudo de Nazaré. Sou um cavaleiro do apocalipse, tenho um cavalo baio e minha missão é extirpar a vida do homem. Para ele (João) trabalhamos para “Deus” (risos discretos...). Minha missão é a morte, coisa que me satisfaz a qual faço muito bem. Na maioria das vezes trabalho sozinho, mas quando me junto com meus irmãos o resultado é bem mais legal.
Tenho três irmãos, todos cavaleiros do apocalipse, como eu. Um é o da Conquista, às vezes o chamam de anti-Cristo, ele tem um cavalo branco. Em sua representação mais freqüente segura o arco, terror do mundo romano no século I. Outro tem por missão a Guerra (sangue, assassinato) é sempre visto num cavalo vermelho. Tenho ainda outro irmão, o do cavalo negro, este luta pela peste (também conhecido como: cavaleiro da obscuridade; da maldição). Segura uma balança, representando o colapso econômico, que levaria a uma alta do preço dos alimentos, por conseguinte a fome. Por isso, “Quem (?)”, tu deves entender, que não são meras coincidências os fatos estão acontecendo nos últimos anos. Eu meus irmãos somos muito competentes no trabalho e estamos dispostos a por um fim neste mundo. Afinal trabalhamos pro cara lá de cima.
Não estou me gabando ao exaltar nossa competência. Se você perceber, cheguei na terra brasilis, com meu irmão, o cavaleiro da “Conquista”, na companhia dos colonizadores europeus. Na época a população indígena era de aproximadamente de 5 milhões de índios. Fizemos um excelente trabalho se você comparar com os números atuais da população indígena. Em 500 anos de história exterminamos cerca de 50.000 índios por ano. É ou não é, ma prova de serviço eficiente de qualidade, meu caro “Quem(?)”? (sorriso de cantinho...)
Hummmm... Lembrei, agora... Na idade média, século XIV, eu e o cavaleiro da peste fizemos um alvoroço tremendo. Matamos, no mínimo, uns 25 milhões de pessoas, tem até gente que acredita que somando com Ásia este número tenha chegado à casa dos 75 milhões de viventes. Todos flagelados pela “Peste Negra”. Que tempo bom!
Diante desta rápida explanação, “Morte”, vejo que você é determinada e incansável no trabalho. Mas, conte-nos agora, porque se auto- intitular: “Especulação”?
_Olha “Quem(?)”, eu até ia te corrigir. Especulação não é uma nova face da Morte. Já usei este artifício no começo do século passado. Eu explico melhor. No final do século XIX, a revolução sanitária, fez com que eu tivesse uma curva decrescente na minha demanda de trabalho. No popular, morreu menos gente. Meu irmão, o da peste, andou relaxando no trabalho. Como a única coisa que não mata é serviço. Convoquei o Cavaleiro da Guerra. Ele armou uma escaramuça internacional no começo do século XX. Que culminou, em 1914, com o assassinato do arquiduque austríaco Francisco Ferdinando. Num atentado terrorista de um grupo sérvio chamado de “mão negra”. O estopim da primeira guerra mundial. Que belezura! Morreram 10 milhões de pessoas no conflito. Um belo resultado, mas não fiquei satisfeito.
Por isso, contratei Stalin, para dar uma força na Rússia. Ele, sob o comando do cavaleiro da guerra, me surpreendeu me trazendo a quantia inimaginável de 17 milhões de mortes. Isto é que é um “camarada de reponsa”.
Hummm... Eu estava falando de especulação... Após a primeira guerra mundial a humanidade sofreu grandes e rápidas mudanças em todos os campos do saber. Sabia que a sofisticação acabaria por fazer com que o cavaleiro da guerra perdesse um pouco sua importância. Então chamei o cavaleiro da peste, que também serve ao obscurantismo, e lhe disse: - “Vá para o mercado financeiro e compre tudo que puder pelo dobro de preço”. Foi batata. Todos passaram a pensar que o lucro alto e fácil era possível se você tivesse ações nas bolsas de valores. E os investidores passaram a se engalfinhar para adquirir ações sem se importar se as empresas de quem compravam títulos poderiam restituir as importâncias investidas. Pagava-se por um valor alto ditado pela o espírito da Especulação. O resultado foi uma super valorização dos papéis, que ficaram com valores fora da realidade. Então, em 29 de outubro de 1929, caiu o pano e bolsa de Nova York teve uma perda de 90% nos negócios realizados. Este dia para mim foi inesquecível e ficou conhecido com ”Black Tuesday”. Milhões de pessoas no mundo perderam seus empregos e foram morar nas ruas. Houve uma agradável epidemia de suicídios entre empresários. Mas o mais importante, a fome e a inflação que se seguiram, fez reabrir as feridas deixadas pela primeira guerra mundial, escancarando as portas para um novo e mais sangrento conflito mundial: a segunda grande guerra.
29 de outubro de 1929
Muito bem, “Morte de Plástico”. Poderia nos falar por que veio a Porto Alegre e qual sua relação com os vereadores da capital?
- Primeiro, devo dizer que vim pessoalmente ao sul em 1845, buscar os lanceiros negros do General Neto, mortos na emboscada do “Serro dos Porongos”. Adoro a traição. Esta falta de caráter todos os dias me manda alguns fregueses e você sabe, “Quem (?)”, que eu não sou capaz de rejeitar ninguém. Atualmente no oriente médio eu apenas supervisiono a matança. Eles possuem tanto ódio um pelo outro que às vezes tenho até ciúme por não precisar dar aquela empurradinha. O mercado financeiro, no momento está a cargo do cavaleiro negro, “a peste”. Parece que ele está fazendo muitos progressos. Não demora, estou colhendo as primeiras almas das vítimas do colapso mundial.
Escolhi Porto Alegre, porque é capital dos gaúchos. Sei da fama da retidão de caráter deste povo. Não iria à Brasília, por exemplo. Lá, Collor, Sarney, Calheiros já fazem muito por mim a “Morte de plástico”. No norte do Brasil, que é terra sem lei, os comandantes do desmatamento estão abrindo caminho para o cavaleiro da Peste, o cavaleiro da guerra às vezes aparece por lá. Mas, é claro que o cavaleiro do sangue derramado dá mais atenção aos judeus, palestinos, iraquianos, americanos e talibãs. Uma vitória minha, “Morte”, em Porto Alegre, um dos poucos redutos de sanidade do Brasil, significa desmoralizar os gaúchos. Por isso, vim aqui mostrar minha cara, ajudar na destruição do Guaíba. Desejo, que a maioria das pessoas moradores da cidade sintam que as suas vontades não valem de nada frente à força do dinheiro e interesses espúrios. Para concluir: se o meio ambiente estiver destruído, descaracterizado, impróprio para o convívio do homem, melhor, mais acelerado será fim do povo gaúcho. (risos neuróticos...)
E, quanto aos vereadores?
- Sei que muitos deles são discípulos do capeta. Arrivistas de primeira linha, a idéia do lucro fácil os transformam em meus grandes aliados. Sabe como é “Quem (?)”, com tantos anos de profissão, não costumo me enganar, conheço um canastra assim que coloco a foice sobre ele.
Quem são seus amigos na Câmara?
- Não posso dizer, por questões de sigilo profissional, também acho que a divulgação desta informação seria prejudicial aos negócios. Apesar de alguns deles serem conhecidos e portadores de trajetória notoriamente suspeita. Se você olhar fixamente para alguns deles verá em seus olhos as chamas da ganância cintilando como brasas ardentes.
Quanto tempo pretende ficar na cidade?
- Olha meu caro “Quem (?)”, pretendendo ficar instalado aqui por pouco tempo. Estou sentindo que a maioria dos vereadores de Porto Alegre estão capacitados para levar minha bandeira adiante. Pois, percebe-se que eles são pós-graduados em especulação e demagogia. Por quê? Você gostou da minha companhia? (riso amarelo...) Calma, amigo “Quem (?), você é pessoa do bem... Seu encontro comigo, quem escolhe hora e dia é cara lá de cima. (risos debochados...)